O professor redigia cartas que eram enviadas aos familiares dos internos, contendo pedidos e ordens de traficantes
O professor de informática Leonardo Ribeiro Lira, de 46 anos, foi preso após ser acusado de transcrever cartas para detentos e realizar favores dentro de um presídio no Espírito Santo. Ele foi detido enquanto ministrava aulas de informática há três meses para presos na região da Grande Vitória.
O diretor de operações da Polícia Penal, Welson Vieira, detalhou como as investigações começaram.
Ele iniciou uma tarefa de transcrever umas cartas em um computador, e ao lado dele ele colocava os presos e fazia uma fotografia pela webcam. Nessas cartas, os presos mandavam ordens e pedidos para seus familiares, e diante disso ele salvava essas cartas no pendrive, saía com esse pendrive que era o material que ele utilizava para ministrar a aula, explicou.
Segundo a Polícia Penal, os presos começaram a fazer pedidos mais complexos a Lira, que alegou que havia entrado com canetas e isqueiros no presídio, mas negou ter trazido drogas.
"Os presos começaram a demandar ele, pedindo de entrada com droga, com isqueiro, com caneta, isso tudo tem valor dentro do presídio. Ele alega que ele não entrou com droga, apenas com isqueiro e caneta. A partir daí, os presos pediam várias coisas, mas ele tinha receio de fazer algumas coisas".
O professor não negou as acusações e ainda confessou que realmente entrou com objetos proibidos no presídio.
Ele também alegou que as drogas encontradas eram para consumo próprio, justificando que servidores não passam por raio-X, apenas por detectores de metais, o que facilitava o transporte de itens ilícitos.
A Polícia Penal informou que as cartas transcritas pelo professor eram variadas em seu conteúdo, com solicitações diversas, como pedidos de dinheiro para pagar dívidas de tráfico e até ordens sobre o tráfico de drogas. Welson Vieira acrescentou:
"Desde ordens de recebimento de droga, pedido de dinheiro para a família, para pagar dívidas de droga, para pagar ele pelo trabalho prestado de levar e trazer informações dos presos, eram diversos os assuntos", completou Welson Vieira.
O professor foi flagrado por agentes de inteligência da Polícia Penal que monitoravam as atividades dentro do sistema prisional.
Segundo o diretor-geral da Polícia Penal, José Franco Morais Junior, a inteligência monitora todas as atividades no sistema, incluindo o uso de dispositivos eletrônicos pelos presos.
"Nossa divisão de inteligência monitora todas as atividades dentro do sistema prisional e esse tipo de material, de equipamento a gente sabe que pode oferecer um risco por conta das comunicações indevidas. Em um desses monitoramentos verificou a situação, e conseguimos dar cabo desse sujeito", disse.
A Polícia Civil informou que o professor, conduzido pela Polícia Penal à Delegacia Regional de Cariacica, foi autuado em flagrante por corrupção passiva e posse de entorpecentes para consumo próprio.
Após os procedimentos de praxe, ele foi encaminhado ao sistema prisional. Os demais conduzidos foram ouvidos e liberados.