Economia desemprego no país

Taxa de desemprego do Brasil deve ficar entre as maiores do mundo em 2022; veja ranking

Levantamento da Austin Rating, a partir das projeções do último relatório do FMI, mostra que desemprego no país deve ficar bem acima da média global, das economias emergentes e do G20.

Por Regional ES

28/04/2022 às 06:50:11 - Atualizado há
Carteira de trabalho; taxa de desemprego do Brasil deve ficar entre as maiores do mundo em 2022 ?- Foto: Divulgação/Prefeitura de Aparecida de Goiânia

A taxa de desemprego do Brasil deve ficar entre as maiores do mundo em 2022, segundo levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating, elaborado a partir das novas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a economia global.

No ranking, que inclui as projeções do FMI para um conjunto de 102 países, o Brasil aparece com a 9ª pior estimativa de desemprego no ano (13,7%), bem acima da média global prevista para o ano (7,7%), da taxa dos emergentes (8,7%) e é a 2ª maior entre os membros do G20 – atrás só da África do Sul (35,2%).

A taxa média de desemprego no Brasil em 2021 foi de 13,2%, contra 13,8% em 2020, segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento da Austin mostra que o Brasil registrou a 16ª pior taxa de desemprego do mundo em 2021. No ano anterior, tinha ficado na 22ª posição no ranking.

A agência faz uma projeção menos pessimista que a do FMI para o desemprego do Brasil em 2022. Estima uma taxa média de 13%, o que colocaria o Brasil na 11ª posição no ranking."Ainda que a estatística tenha algum ajuste, a realidade não se muda. Ainda será uma posição lamentável", afirma o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, autor do levantamento.

Outros países emergentes têm taxas previstas em patamares bem menores. A projeção para a China, por exemplo, é de uma taxa de desemprego de 3,7% em 2022. Para a Rússia, que está em guerra, a estimativa é de 9,3%. Na América do Sul, Argentina (9,2%) e Chile (7%). o desemprego também tem patamar mais baixo.

"Quando a gente pega aqueles países que são diretamente comparáveis com o Brasil, como Grécia, Peru e até a própria Argentina todos esses tem uma perspectiva melhor", destaca Agostini.

Desde 2016, o desemprego no Brasil supera os dois dígitos. A mínima da série histórica do IBGE foi registrada em 2014, quando ficou em 6,9%.

Em seu último relatório de expectativas para a economia global, o FMI passou a projetar uma alta do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil de 0,8% neste ano – desempenho mais otimista que o esperado pelo mercado financeiro brasileiro, que estima atualmente um avanço de 0,65%. Paralelamente, o FMI passou a prever uma inflação de 8,2% no Brasil em 2022.

O relatório do FMI não faz análise específica da economia brasileira, mas destacou que o Banco Central aumentou a taxa básica de juros (Selic) em quase 10 pontos percentuais no ano passado, "o que pesará sobre a demanda doméstica".

Apesar da queda do desemprego no país em 2021, a recuperação do mercado de trabalho tem desacelerado nos último meses, com o crescimento do número de ocupados mostrando interrupção.

Na visão dos analistas, o desemprego tende a permanecer em patamares elevados em 2022 em meio à inflação persistente, juros ainda em trajetória de alta, renda em queda das famílias e incertezas relacionadas à situação fiscal do país e disputa eleitoral.

O mercado, porém, faz uma previsão menos sombria que a do FMI. O Itaú, por exemplo, revisou neste mês suas projeções de taxa de desemprego de 12,7% para 12,2% ao final deste ano, e de 13% para 12,8% ao final do ano que vem.

"Iniciamos o ano com a taxa de desemprego em um patamar observado pré-pandemia. Projetamos um crescimento de 3,75 milhões de pessoas a mais ocupadas para 2022, mas isso não vai fazer com que a taxa de desemprego caia pois também esperamos que muitas pessoas voltem a procurar emprego", acrescenta o economista da LCA, lembrando que a taxa de desemprego no trimestre encerrado em fevereiro ficou em 11,2%.

"O Brasil cresce pouco e tem uma necessidade muito grande. O problema fiscal tem afastado os investimentos, tem sido uma preocupação e tem fomentado inclusive mais inflação e juros altos", afirma o economista-chefe da Austin. "Estamos tropeçando nas próprias pernas. Os problemas domésticos se sobrepõem aos problemas externos".

Vale lembrar que o IBGE considera como desempregado para o cálculo da taxa oficial do país apenas os trabalhadores que efetivamente procuraram emprego nos últimos 30 dias anteriores à realização da pesquisa. Além dos 12 milhões de desocupados, o Brasil reúne atualmente um total de 4,7 milhões de desalentados – pessoas aptos a trabalhar mas que desistiram temporariamente de procurar uma vaga, além 6,6 milhões de subocupados por insuficiência de horas trabalhadas.



Fonte: G1
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