Os eleitores colombianos vão às urnas neste domingo (19) para escolher se o próximo presidente do país será Gustavo Petro, um economista e líder de esquerda, ou Rodolfo Hernández, um empresário que já foi prefeito da cidade de Bucaramanga.O país nunca teve um presidente de esquerda, e Petro, que liderou a votação no primeiro turno, é o político desse espectro ideológico com a maior chance de ser eleito.Rodolfo Hernández, o oponente, é um engenheiro de 77 anos.Leia tambémQuem é Gustavo Petro? Ex-guerrilheiro é favorito nas eleições presidenciais da ColômbiaQuem é Rodolfo Hernández, candidato da direita na Colômbia que surpreendeu na reta finalEleição na Colômbia: pesquisas mostram esquerdista Petro e milionário Hernández empatadosNo primeiro turno, as votações dos candidatos foram as seguintes:Gustavo Petro: 40,34%Rodolfo Hernández: 28,1As pesquisas indicam que os dois candidatos têm intenções de votos próximas. Veja abaixo algumas projeções:Pesquisa Guarumo e EcoAnalítica publicada em 11 de junho:Rodolfo Hernández: 48,2%Gustavo Petro: 46,5%Pesquisa Invamer publicada em 10 de junho:Rodolfo Hernández: 48,2%Gustavo Petro: 47,2%Tracking da empresa de pesquisas GAD3 publicado em 10 de junho:Rodolfo Hernández: 47,9%Gustavo Petro 47,1%A votação começa às 8h e termina às 16h deste domingo (19).Quem são os candidatos Petro é ex-prefeito de Bogotá e atualmente é um senador. Ele é ex-membro do movimento guerrilheiro M-19, que renunciou à luta armada no fim dos anos 1980.Ele propôs uma ambiciosa reforma tributária de US$ 13,5 bilhões --equivalente a 5,5% do produto interno bruto da Colômbia-- financiada por impostos mais altos sobre os mais ricos.Ele prometeu melhorar as condições sociais e econômicas de um país onde metade da população vive em alguma forma de pobreza.Hernández, um candidato surpresa no segundo turno, foi impulsionado por promessas anticorrupção, planos para encolher o governo e moradia para os pobres.No entanto, ele enfrenta uma investigação da Procuradoria-Geral por supostamente intervir em uma licitação de coleta de lixo enquanto prefeito de Bucaramanga, para beneficiar uma empresa para a qual seu filho fazia lobby.Hernández nega as acusações e apoiadores gostam de sua imagem anti-establishment.É a economiaQuem é Gustavo Petro? Ex-guerrilheiro é favorito à presidência da ColômbiaA economia é um dos principais temas das eleições deste ano, e os dois tentam se diferenciar nesse tema, segundo Fabio Sanchez, professor da Escola de Política e Relações Internacionais da Universidade Sergio Arboleda, em Bogotá.Hernández usa sua imagem de empresário que poderia empregar seus conhecimentos de gerência para o país. "Em seu programa, ele fala de créditos e subsídios para que o país possa ser competitivo em mercados internacionais", diz Arboleda.Já Petro propõe uma mudança no modelo extrativista para uma economia produtiva (além de produtora agrícola, a Colômbia também exporta petróleo e minérios). "Isso passaria por uma reforma agrária, o que pode gerar uma grande resistência em alguns setores", afirma o professor. O assunto central da discussão econômica nas eleições é como conseguir reduzir a pobreza e melhorar os níveis de desenvolvimento e industrialização, segundo ele. Esquerda versus incógnita Apesar do discurso econômico de Hernández ser mais próximo da direita, o candidato, hoje, não poderia ser classificado como extrema-direita, diz Fernanda Nanci Gonçalves, professora da UFRJ e Unilasalle-RJ."É difícil definir qual é o espectro político dele. Certamente ele não é de esquerda, mas não é correto, neste momento, afirmar que é da extrema-direita", afirma ela.A professora afirma que Hernández, apesar de semelhanças com ex-presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, ou com Jair Bolsonaro, do Brasil, trata-se de um político diferente.Quem é Rodolfo Hernández? Candidato da direita concorre à Presidência da Colômbia"Durante a campanha, Hernandez disse que se eleito, quer reestabelecer relações com a Venezuela, já falou que não seria contra o aborto, -- e isso é um escândalo em uma sociedade extremamente religiosa como a Colômbia -- e diz que é importante fazer um acordo de paz com a guerrilha Exército de Libertação Nacional (ELN), apesar de ele dizer que a filha foi sequestrada e morta pelo grupo. Não ter uma agenda clara é nitidamente uma estratégia que é utilizada por ele", diz a professora Gonçalves.As semelhanças com Trump e Bolsonaro são mais pela forma de fazer política, explica ela: o uso de redes sociais (Hernández faz muitos vídeos no TikTok), a fala direta e objetiva, sem rodeios, e a pauta da anticorrupção, que aparece de forma insistente, mas vaga (ele não diz como pretende combater a corrupção).A decadência do UribismoA candidatura de Hernández não representa a direita tradicional na Colômbia. Esse setor da política é dominado pelo ex-presidente Álvaro Uribe. Depois de deixar a presidência, Uribe conseguiu atuar para eleger dois aliados: Juan Manuel Santos (posteriormente, os dois romperam) e o atual presidente, Iván Duque."O governo de Duque teve um índice de aprovação mais baixo desde os anos 1990, e há muitas pessoas contra este governo, o que implicou uma repulsa dos "uribistas"", diz Andres Del Río, professor de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense (UFF).Dificuldade para governarAntes mesmo das eleições, já se pode dizer que o próximo presidente terá dificuldades com o Legislativo.A coalizão de esquerda tem cerca de 30% do Legislativo da Colômbia, e o partido de Hernández mal está representado no Congresso, diz Andres. "Apesar da direita ter perdido força no Congresso, ainda é mais ou menos a metade, ainda que segmentada em vários partidos. Seja qual for o presidente, terá várias negociações com esses partidos", diz ele.
G1