Seja nas gôndolas de supermercados ou nas prateleiras de feiras, a hortaliça se tornou bem escasso nas sacolas dos capixabas
Uma figura no mínimo controversa, há quem ame e quem não suporte sequer ouvir o nome, o brócolis tem chamado atenção pelos altos preços. Seja nas gôndolas de supermercados ou nas prateleiras de feiras, a hortaliça se tornou bem escasso nas sacolas dos capixabas.
O preço do vegetal subiu tanto, que em alguns mercados o quilo do brócolis chega superar até mesmo alguns cortes de carnes. Em um supermercado em Coqueiral de Itaparica, Vila Velha, por exemplo, é possível achar a hortaliça a até R$ 48 o quilo, ultrapassando o quilo do acém, que chega a R$ 28,90.
Mas o que tem levado a este aumento tão repentino e tão significativo no preço da verdura? De acordo com a economista Flavia Rapozo, a resposta está na sazonalidade.
Como há um período de entressafra, é comum que o preço do brócolis enfrente um período franco de aumento, o que é percebido pelos consumidores.
"Um dos fatores é a sazonalidade. Dessa forma nos períodos de entressafra ocorre a escassez do produto, e com isso os preços tendem a aumentar. Além disso, são produtos que tem um cultivo muito sensível, nesse sentido as variações climáticas influenciam na produção e geram perdas para os produtores e para os demais elos da cadeia", explica.
Por se tratar de um país com dimensões continentais, o Brasil, por vezes, acaba tendo climas completamente diferentes de região para região, o que acaba afetando o cultivo destas culturas.
Quanto ao preço da carne, que faz com que muitos consumidores se perguntem se não vale mais a pena levar para casa algumas bandejas de carnes ao invés de molhos de hortaliças, a especialista relata que esta diferença de valores não é muito comum.
Apesar disso, a economista relata que existe explicação, uma vez que os preços das carnes tiveram queda considerável nos últimos anos.
"Não é muito comum, no entanto vale ressaltar que os cortes de carnes tiveram uma queda de preço no período de 2023 e 2024. Alguns tipos reduziram cerca de 13%. Ao contrário dos itens de Hortifrutigranjeiros que tem sido influenciados, sobretudo, pelos desafios climáticos", relatou
Além disso, a especialista explica que a tragédia das chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul também tem papel fundamental no aumento dos preços das hortaliças.
"A catástrofe do Rio Grande do Sul influenciou nesse aumento, porque a produção que estava quase pronta para colheita e ficou encharcada, acarretando em perdas elevadas para o produtor", disse.
Apesar de os preços ainda estarem bastante salgados, a economista afirma que a chegada do inverno é uma notícia para os consumidores, pois o clima influencia na durabilidade dos produtos, o que faz com que os preços se estabilizem.
Mesmo com a boa notícia, ela alerta que para isso acontecer, o frio deve se manter nos limites aceitáveis e que não haja um inverno rigoroso.
A estabilização das safras em estados como Minas Gerais também deve ajudar com aumento na oferta de brócolis.
"Além disso, vale ressaltar, que na segunda quinzena de julho é previsto um aumento na oferta do brócolis, por conta do início da safra em Minas Gerais, assim, com maior oferta, os preços tendem a reduzir", informou.
Alta do dólar
Apesar das questões sazonais, o head de finanças do O Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo (IBEF-ES), Marcel Lima, explica que muitos dos problemas são causados bem longe daqui.
Segundo ele, a alta do dólar tem impactado os preços de diversos produtos importados, em especial, os eletrônicos. Mas no campo este aumento também é sentido.
Este aumento impacta principalmente os fertilizantes usados na agricultura, o que pode afetar diretamente nos preços dos alimentos.
"Apesar de ser um grande exportador agrícola, o Brasil importa muitos fertilizantes utilizados na agricultura. Consequentemente, o preço dos alimentos produzidos internamente sofre influência direta da cotação da moeda americana", informa.
Lima também relata que a sazonalidade teve papel importante no aumento dos preços dos produtos, assim como as fortes chuvas que atingiram os estados produtores no fim de 2023.
"Em resumo, alta demanda, aumento dos custos de produção e baixa oferta são os principais motivos para a elevada inflação dos alimentos em todo o país", disse.