Quatro homens foram presos em flagrante, suspeitos de exploração sexual infantil em vários municípios do Espírito Santo. As prisões aconteceram em Vila Velha e Fundão, na Grande Vitória, Linhares, na região Norte, e Ponto Belo, no extremo Norte capixaba. As prisões não têm conexão e começaram em abril deste ano. Mais de quatro mil fotos de abuso infantil foram encontradas pela polícia.
De acordo com a Polícia Civil (PCES) a operação Teseu tem como objetivo o combate ao abuso e exploração sexual infantil. As prisões ocorreram por meio da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC). Todos os investigados foram presos em flagrante por armazenar material relacionado à exploração sexual de menores.
O superintendente de Polícia Especializada (SPE), delegado Agis Macedo, destacou que a primeira prisão aconteceu em maio deste ano, quando um homem de 42 anos foi detido no bairro de Santa Mônica, Vila Velha.
"A investigação se iniciou a partir do momento que a gente recebeu uma denúncia de vídeos que ele compartilhava, e ou armazenava de abuso, exploração sexual infantil, e chamou a atenção que poderia ser relacionado à produção de conteúdo. Não só ao armazenamento de compartilhamento, ele produzia esse conteúdo", disse o delegado.
O suspeito era vizinho de uma das vítimas, um menino de 12 anos. A criança frequentava a casa do preso para jogar vídeogame.
O delegado Agis Macedo disse ainda que o suspeito conquistou a confiança da vítima até começar a cometer um crime. "A vítima, inclusive, considerava esse criminoso como uma figura paterna, porque o pai não vivia junto com ele. A criança disse para a mãe que nunca denunciou o homem porque ele ficou com medo e, além disso, queria jogar videogame", explicou.
O chefe da Divisão Patrimonial (DRCCP) e titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), delegado Brenno Andrade, ressalta que a prisão de Linhares ocorreu um mês depois, em maio.
"A gente enfatiza o mandado de busca e apreensão em prisões que tenham ocorrido, não só aqui na Grande Vitória, mas também no interior do estado. Fica o alerta para os pedófilos que a gente continua investigando esse tipo de crime", pontuou.
Em Fundão, a prisão de um suspeito, de 27 anos, aconteceu em agosto. O rapaz tem três filhos, o que não o impediu de cometer o crime contra outras crianças.
O delegado Agis Macedo relata que uma das vítimas era ex-cunhada do suspeito. Na época, a menina tinha apenas 12 anos. As fotos eram tiradas enquanto a criança dormia.
"Localizamos no telefone fotos dessa menina. Essa vítima dormia e ele aproveitava do momento para tirar as fotos. Dependendo da posição que a criança dormia, ele aproximava o telefone celular e fazia as imagens", disse o delegado.
O suspeito chegou a falar para a polícia que a ex-namorada, irmã da criança, tinha conhecimento. O homem disse ainda que fazia as fotos, pois estavam sendo coagidos.
"Nós ainda não conseguimos localizar a irmã dessa menor de idade, mas ele alegou que a ex-namorada dele sabia. Ele justificou contando que terceiros teriam entrado em contato com essa mulher, irmã da menor idade, e teriam dito para ela que estavam em posse de fotos íntimas dela, e que eles deveriam produzir fotos, ou encaminhar fotos de menor de idade, ou as imagens dela seriam divulgadas", destacou Agis Macedo.
O delegado reforçou que não acredita na versão do suspeito. "A gente não acredita nisso porque ele não menciona nada nos altos relacionados a isso. O celular que a gente periciou não tinha nada nesse sentido de ameaça ou cobrança, então a gente entende que as fotos foram feitas de livre e espontânea vontade".
A quarta prisão da operação Teseu aconteceu no município de Ponto Belo, na microrregião do extremo Norte estado. O suspeito é um homem, de 19 anos, e foi preso em uma colheita de café.
De acordo com o delegado, a equipe teve conhecimento por meio do disque-denúncia 100, Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e pelo disque-denúncia 180.
O delegado ressaltou que o suspeito vendia um pacote de arquivo de fotos de exploração sexual infantil, que custavam entre R$ 20 e R$ 40. "Era um pacote de fotos baixados em aplicativos de mensagem, os quais não contribuem com a polícia e fornecimento de dados das pessoas".
Aos policiais, o homem contou que não imaginou que seria preso na região onde mora. "A fala dele foi que ele não achou que a polícia fosse, literalmente, encontrá-lo no "fim do mundo". Realmente foi difícil localizá-lo naquele momento. Eles acabam não tendo endereço fixo. Ele usava o celular, mas não tinha endereço fixo", relatou o delegado.
Macedo esclarece que as investigações vão continuar para identificar pessoas que compraram esses pacotes.
A polícia pontua que os suspeitos foram conduzidos aos presídios.
O superintendente de Polícia Especializada, delegado Agis Macedo, contou ainda que, no mundo, a exploração sexual infantil gera cerca de 20 bilhões de dólares por ano.
"O Brasil está em décimo lugar nesse ranking de consumo desse tipo de produto. As equipes não vão parar de trabalhar e identificar esses suspeitos", finalizou.
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