Relatório preliminar indica impacto ambiental superior ao inicialmente informado e ausência de responsável técnico pela contenção
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) finalizou nesta sexta-feira (25) um relatório preliminar sobre o incidente no campo de extração de petróleo de Inhambu, em São Mateus, no Norte do Espírito Santo.
A inspeção técnica revelou que a área afetada pelo vazamento de emulsão de água e óleo é significativamente maior do que o informado inicialmente, assim como o volume de derramamento.
Segundo o Crea-ES, a área contaminada ultrapassa 58 mil metros quadrados, enquanto a estimativa anterior apontava 1.500 metros quadrados.
O volume de emulsão derramado foi atualizado para 28 mil litros, contrastando com os 9 mil litros anunciados anteriormente.
O presidente do Crea-ES, Jorge Silva, que coordenou a vistoria, apontou que "não há responsável técnico para a retirada da vegetação nativa contaminada, nem documento que autorize a supressão da vegetação."
O relatório também destaca a falta de coleta de dados para avaliar os danos ambientais e observa que a empresa responsável pela perfuração do poço opera sem regularização junto ao Crea-ES.
Segundo Silva, "a comunicação com a sociedade sobre o incidente tem sido deficitária."
A fiscalização, realizada por engenheiros e técnicos de várias áreas, iniciou-se na segunda-feira (21) e incluiu o uso de drones para análise da vegetação, coleta de amostras e levantamento de resíduos nos cursos d"água.
Amostras foram enviadas para análise na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). O documento preliminar detalha que o vazamento foi agravado pelas chuvas recentes, favorecendo a dispersão de material contaminado para áreas vizinhas e para o curso hídrico próximo.
A equipe do Crea-ES identificou o Córrego Santa Rita, afluente do Córrego do Macaco, como área sensível adjacente ao local do vazamento.
Este sistema hídrico se conecta ao Rio Mariricu, importante para a agricultura, pecuária, pesca e turismo em São Mateus. Segundo o Conselho, a contaminação pode comprometer a economia e o ecossistema da região.
Para avançar nas investigações, o Crea-ES encaminhou ofício à empresa Seacrest, solicitando documentos técnicos e estudos complementares, com prazo de quinze dias para resposta.
Um documento similar foi enviado ao Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e ao Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf).
O relatório conclusivo será elaborado após o recebimento das informações adicionais.
Procurada pela reportagem do Folha Vitória, a Seacrest não se pronunciou.