A médica Lana Almeida está sendo investigada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará (CRM-PA) por afirmar em uma rede social que câncer de mama não existe. No vídeo, postado no Instagram, a médica também reprova o uso do exame de mamografia.
"Esqueça Outubro Rosa. Câncer de mama não existe. Sou a doutora Lana Almeida, médica integrativa, especialista em mastologia e ultrassonografia das mamas. Por isso, venho falar para vocês que câncer de mama não existe. Então esqueçam Outubro Rosa. Esqueçam mamografia. Mamografia vai causar inflamação nas mamas. Por que eu falo que câncer de mama não existe? Porque simplesmente o que existe é uma inflamação crônica nas mamas, que pode ser inflamação da tireóide, do rim, do fígado, em qualquer lugar. É cálcio nas mamas. Por que o cálcio vai para as mamas? Porque ele sai dos ossos pela desmineralização óssea, pela baixa de testosterona, baixa de hormônio. " Ao final do vídeo, a médica afirma que oferece um tratamento.
Após a repercussão, a página da médica no Instagram foi limitada apenas para seguidores, mas o vídeo foi repostado pelo jornalista Sérgio Pavarini. O CRM-PA informou, por meio de nota, que já tomou conhecimento da postagem da médica. "O fato já está sendo apurado por este Regional. Ressaltamos que os procedimentos no CRM-PA tramitam sob sigilo, de acordo com o art. 1° do Código de Processo Ético-profissional", diz o texto. Apesar de afirmar ser especialista em mastologia e ultrassonografia nas mamas, no CRM-PA a médica não tem especialidade registrada.
A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) informou que observa com grande preocupação o crescente número de notícias falsas a respeito do tratamento e da prevenção do câncer de mama. "As redes sociais possuem inúmeros perfis de pessoas que se dizem médicas ou profissionais de saúde que fazem afirmações sensacionalistas e mentirosas sobre o assunto", diz a nota.
A entidade pontua, ainda, que o câncer de mama é a principal neoplasia maligna entre as mulheres brasileiras, sendo responsável por mais de 70 mil novos casos ao ano no país. "Menosprezar esta doença é um desrespeito às milhares de vítimas e suas famílias, além de poder causar tratamentos inadequados em mulheres que acabaram de descobrir a doença", diz a nota.
O comunicado da SBM ressalta, ainda, que a mamografia é a principal forma de prevenção de mortes pela doença. O diagnóstico precoce, segundo o alerta, permite a descoberta do câncer em estágios menores, onde as chances de cura são maiores e os tratamentos menos agressivos. "Estudos comparativos realizados em países europeus e norte-americanos demonstraram que a realização de mamografia anual em mulheres entre os 40 e 75 anos reduz em 20% a 30% a mortalidade do câncer de mama em comparação com mulheres que não realizaram o exame".
A entidade encerra o comunicado pedindo que os órgãos responsáveis que tomem atitudes.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) também se pronunciou sobre o assunto e classificou as declarações como fake news. "O Instituto Nacional de Câncer (Inca) se posiciona terminantemente contra as desinformações divulgadas em rede social acerca de câncer de mama. Classifica tais conteúdos como fake news. O câncer de mama é uma doença real e comprovada cientificamente, sendo um dos tipos de câncer mais comuns entre mulheres no Brasil e no mundo. Diagnósticos e tratamentos precoces são fundamentais para reduzir a mortalidade pela doença, assim como são de suma importância os exames de rastreamento, como a mamografia, e campanhas de conscientização como o Outubro Rosa. A desinformação sobre a inexistência do câncer de mama não tem respaldo científico e prejudica a saúde pública, colocando vidas em risco ao desencorajar exames preventivos e tratamentos essenciais", diz a nota.
A reportagem do ES 360 entrou em contato com o consultório da médica Lana Almeida. Um atendente informou que a médica não está se posicionando no momento, mas deve fazê-lo futuramente.
ES 360