Entre as preocupações, é que a concha dos animais virem pontos de acumulo de água e proliferação do mosquito transmissor da dengue
Diversos caramujos africanos foram encontrados no calçadão da Praia de Camburi, em Vitória, desde domingo (1º). A infestação ocorreu após as fortes chuvas que atingiram a Capital nos últimos dias, trazendo umidade e favorecendo o surgimento dos caramujos na região.
O biólogo e doutor em Odontologia Preventiva e Social, Antônio Carlos Pacheco Filho, disse que é necessário ter cuidado com a concha do caracol.
"Um ponto que merece atenção e cuidado é sobre a concha do caracol, uma das características marcantes dos moluscos. A concha, sem a parte visceral presente, pode servir como reservatório de água para a reprodução de mosquitos transmissores do vírus da dengue, zika e chikungunya", disse o doutor.
Os animais não são nativos do Brasil e foram assimilados à fauna nacional a partir do início da década de 1980 por cooperativas do sul do país, mas logo se alastraram por todo o território brasileiro, segundo a Fiocruz.
Antônio Carlos indicou o que fazer se um caramujo africano for encontrado em áreas urbanas:
– Não se deve eliminar sem critérios quaisquer tipos de caracóis e caramujos, pois o impacto nas cadeias alimentares pode ser desastroso;
– Informar a Secretaria Municipal de Saúde, caso identifique a presença numerosa do caracol Achatina fulica; o manejo e catação do molusco deve ser feito com critério e técnica;
– Coletar periodicamente o lixo e entulhos dos quintais e terrenos baldios para eliminar a presença de ratos e locais de ocorrência de caracóis (pneus, latas, entulhos, plásticos, tijolos, telhas, madeiras); evitam-se, também, baratas, escorpiões, aranhas, moscas e mosquitos, animais sinantrópicos;
– Lavar e higienizar as frutas, hortaliças, verduras e legumes; os moluscos Achatina fulica se alimentam de folhagens, frutos etc., deixam o rastro do muco por onde passam;
– Evitar jogar os caracóis vivos diretamente no lixo doméstico ou em qualquer outro local e não utilizar os caracóis gigantes africanos como alimento ou isca para pescar.
Antônio pontuou ainda que é necessário ampliar a visão sobre os caramujos africanos. "É preciso enxergar a situação com um olhar mais amplo, envolvendo a saúde humana, a saúde animal e as questões e impactos nos ecossistemas", disse.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Vitória (Semus) informou que o local é monitorado constantemente. Porém, após as chuvas e as elevadas temperaturas, os caramujos voltaram a aparecer, devido aos animais enterrarem seus ovos nas areias e, após esses períodos, eles eclodem e uma nova infestação acontece.
Ainda de acordo com a nota, o Centro de Vigilância em Saúde Ambiental realiza, uma vez por semana, um monitoramento dos pontos de ocorrência de caramujo africano na Capital capixaba.
A secretaria destacou que, quando identificar caramujos, os moradores devem entrar em contato com a Prefeitura por meio do número 156, do Fala Vitória, para que uma equipe vá ao local indicado.
Em 2023, os caramujos africanos invadiram a Praça da Ciência, na Enseada do Suá, também em Vitória. Na época, também havia chovido muito na Capital, o que provocou a infestação dos animais.
Segundo o vendedor ambulante Elias da Silva, os animais estavam atrapalhando o trabalho dos vendedores ambulantes, invadindo carrinhos e equipamentos utilizados por eles.
"Tem dias que os coqueiros aqui em volta parecem até jabuticabeira, de tanto caramujo. Já cansei de contar quantas vezes tive que arrancar eles do meu carrinho, porque eles sobrem nas coisas da gente, atrapalham a trabalhar", contou na época.