Uma idosa de 61 anos, moradora de Fundão, cidade da região Metropolitana da Grande Vitória, está entre as três pessoas no mundo que morreram em decorrência da Febre do Oropouche, uma doença transmitida pelo mosquito Maruim. A vítima morreu 24h depois dos primeiros sintomas. Outros dois casos de adultos foram registrados na Bahia e uma morte de feto aconteceu em Pernambuco.
De acordo com o Diretor Geral do Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen-ES), Rodrigo Rodrigues, a paciente tinha hipertensão arterial e iniciou os sintomas durante a noite.
"Ela iniciou os sintomas na noite que antecedeu a internação dela no PA de Fundão, pelo que foi relatado pela família. Ela chegou com febre e dificuldade de respirar. A evolução do quadro se desenrolou em 11h depois que ela deu entrada na unidade", contou.
Rodrigo Rodrigues relatou ainda que nos dois outros casos, ocorridos na Bahia, foi informado de dois a três dias de sintomas até a internação. "A evolução depois da internação também foi entre 11h a 13h. Isso é algo que chama atenção da gente, evoluções rápidas, o que mostra que é uma doença mais agressiva do que a dengue e chikungunya."
O diretor informa que, historicamente, o vírus Oropouche circula pelo Brasil desde 1960. Além disso, o mais comum eram casos na Amazônia. "Nós não tínhamos ferramentas para diagnóstico eficaz pelo menos na região extra-amazônica a partir de 2024. Muitos casos podem ter sido subnotificados como dengue hemorrágica grave ou qualquer outra manifestação viral."
Outras mortes por Oropouche
Segundo o diretor geral da Lacen-ES, outras mortes estão sendo apuradas para saber se a causa pode ter sido o vírus. "Nós tínhamos suspeitas de dois óbitos no estado, um já foi descartado e o outro está em investigação. Leva tempo porque precisamos fazer todo o processo. É muito detalhado e toda vez que testa positivo repetimos duas ou três vezes para ter certeza", explicou.
"É muito recente, e atribuir um óbito a um patógeno que não tem esse histórico é de grande responsabilidade. E também precisamos dar segurança e transparência à população", completou Rodrigues.
Bebê com microcefalia causado por Oropouche
Segundo o Subsecretário de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, na Grande Vitória há um bebê que foi identificado com microcefalia causado pela Febre Oropouche. Outras 34 gestantes estão sendo monitoradas após terem testado positivo para infecção do vírus.
"O Oropouche tem características diferentes das outras arboviroses que nós conhecemos e, principalmente, a proteção à gestante que é um público importante devido ao fato de ter a transmissão vertical", destacou.
Testes no Espírito Santo tiveram início em 2024
No Espírito Santo, o primeiro teste positivo para a Oropouche foi registrado em abril. Até o dia 5 de dezembro, o estado registrou 2.147 casos confirmados, dos quais 744 foram em Alfredo Chaves, 320 em Iconha e 198, em Laranja da Terra.
"Esse número de casos no estado não quer dizer que só acontece ou está concentrado aqui, mas, sim, porque estamos realizando vários teste", declarou Rodrigo Rodrigues.
Transmissão sexual
O diretor da Lacen-ES alerta que o vírus tem várias mutações e que pode ser transmitido sexualmente. Pontuou ainda que, fora do Brasil, um caso foi confirmado. "Um italiano adquiriu a infecção em Cuba. Cuba agora tem Oropouche sendo transmitido, mais um país. Esse paciente foi para lá e, quando voltou para Itália, manifestou sintomas identificados como sendo Oropouche. Foram colhidas várias amostras e detectaram presença do Oropouche no sêmen. Isso foi feito em intervalos. Nos primeiros 16 dias foram identificados, nesta amostra, vírus competente capaz de infectar células, ou seja, é possível (transmissão sexual)", disse Rodrigues.
Ajuda da população
Como o mosquito vive em áreas orgânicas como matas, enchentes e em casca de alimentos como bananas, o diretor do Lacen-ES pede ajuda da população para se prevenir, já que ainda não existe uma vacina para o vírus.
"O que menos queremos fazer é reportar casos positivos. Pedimos ajuda da população para manter o controle de limpeza como nos terrenos, eliminação de focos como cascas de frutas e evitar locais que tenham probabilidades como zona rural, local de enchentes entre outros", ressaltou Rodrigo Rodrigues.
Mais casos no verão
Orlei Cardoso alertou também que, no verão, mais casos da febre podem surgir. "Isso se dá devido à umidade e calor. Então, pedimos às grávidas que usem o repelente apropriado, usem roupas de mangas compridas em áreas de mata e úmidas, limpem os terrenos para minimizar o mosquito Maruim. Em caso de sintomas como dor de cabeça e febre, procure logo um posto de saúde", finalizou Cardoso.
ES Hoje