Saúde

Dengue pode causar até cegueira

Pessoas com alteração da imunidade, idosos e crianças estão entre os grupos de risco. Números da doença dobraram no País

Por Regional ES

23/04/2022 às 13:05:55 - Atualizado há
Foto: Divulgação / Julia Herrera

Os diagnósticos de dengue praticamente dobraram em todo o País, segundo o boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde. Com maior incidência em períodos de chuva e calor, médicos alertam que a doença pode causar até cegueira.

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O levantamento demonstrou que houve um aumento de 85,6% nos casos de dengue até o início deste mês no Brasil, em comparação ao mesmo período de 2021. Até o último dia 2 ocorreram 323.900 casos possíveis da doença.

O médico oftalmologista Arthur Mesquita explica que a resposta imunológica do corpo para o combate da dengue pode se depositar nos vasos sanguíneos e causar, em casos mais graves, a cegueira.

"Se a dengue afetar o nervo óptico pode causar a neurite óptica, que é uma inflamação do nervo. Nesses casos, pode ocorrer até a perda da visão. Pessoas com alteração da imunidade, idosos e crianças estão entre os grupos de risco, mas todos devem ficar atentos a sinais de embaçamento de visão".

O médico oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, esclarece que a dengue diminui o número de plaquetas do sangue e, por isso, pessoas acometidas pela doença podem ter hemorragias espontâneas nos olhos. O especialista aponta alguns indícios importantes.

"Manchas de sangue na esclera (parte branca dos olhos) e súbita diminuição da visão são sinais de alerta. Casos brandos de dengue dificilmente provocam alterações nos olhos, mas é preciso ter cuidado", diz.

Além disso, o médico explica que a hipertensão e a diabetes são doenças que agravam as complicações oculares decorrentes da dengue. E há ainda outro problema: as complicações podem passar despercebidas e, por isso, em caso de diagnóstico de dengue é indicado procurar um oftalmologista o quanto antes.

Mesquita reitera que os pacientes podem não identificar a perda gradual da visão e é aconselhável fazer um possível teste que ajuda na identificação de alterações na visão.

"Pode-se tapar um olho e olhar de longe para uma TV. Após fazer isso para cada olho, é possível comparar a perda de visão. Muitas vezes a pessoa nem percebe essa perda. No início dos sintomas é possível reduzir, ou mesmo impedir, sequelas permanentes nos olhos", conta.

Perda gradativa da visão

- Efeitos

A dengue pode ter afetar a visão. Entre as possíveis complicações, em casos mais graves, a doença pode até causar cegueira.

É preciso cuidado: Os pacientes podem nem identificar a perda gradual da visão.

Os efeitos nos olhos acontecem porque a resposta imunológica do corpo para o combate da dengue pode se depositar nos vasos sanguíneos.

Manchas de sangue na esclera (parte branca dos olhos) e súbita diminuição da visão são sinais de alerta.

- Distúrbios

Neurite óptica: É uma inflamação do nervo ótico e pode ser causada pela ação do sistema imunológico no combate à dengue. Os anticorpos se depositam nos vasos sanguíneos dos olhos e, dessa forma, causam obstrução e, até mesmo, hemorragia. Nesses casos, pode ocorrer a perda da visão.

Oclusão vascular: Ocorre quando a veia da retina é obstruída, causando a trombose. Causa sangramento e "inchaço" da retina e, por isso, há diminuição da visão.

Hemorragia subconjuntival: É um tipo de sangramento ocular, que causa uma mancha vermelha na esclera, parte branca dos olhos. O problema deve ser acompanhado por um oftalmologista.

- Tratamento

O tratamento deve acontecer o quanto antes para que seja possível evitar sequelas permanentes. É preciso buscar um oftalmologista para realizar exames, como o fundo de olho, e identificar se há um distúrbio ocular decorrente da dengue.

Os distúrbios podem ser tratados com corticóides, lasers e até cirurgia, a depender do diagnóstico de cada pessoa.

Alta de casos no Estado em 2022

O Espírito Santo registrou 4.620 casos de dengue em 2022. Se comparado ao mesmo período do ano passado, são 262 casos a mais. Especialistas apontam que o Estado pode ter precedido o surto de dengue no Brasil.

O subsecretário de Vigilância em Saúde do Estado, Luiz Carlos Reblin, aponta que o aumento de casos de dengue, neste ano, ainda não representa uma situação crítica. "Tivemos um pequeno aumento, mas ainda não é a representação de um crescimento explosivo de casos. Ele está concentrado em poucos municípios e estamos fazendo uma atuação conjunta já com essas cidades".

O professor da Ufes e doutor em Doenças Infecciosas e Parasitárias, Crispim Cerutti, explica que a dengue é uma doença que incide em larga escala em uma região e, depois, se desloca para outros lugares.Em 2021, o Espírito Santo teve incidência de 374,75 casos por 100 mil habitantes, mais do que o dobro da incidência atual, que alcança 113,75, aponta o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). "Tivemos altos números em 2021. Na medida em que muitas pessoas se infectam em um ano, várias se tornam imunes ao sorotipo que circula no momento. Muitos, então, se tornam resistentes à infecção. O Estado pode ter precedido esse movimento de surto no País", analisa Crispim Cerutti.

O chefe do Núcleo Especial de Vigilância Ambiental, Roberto Laperriere Júnior, aponta que a notificação dos casos de dengue do ano passado pode ter sido comprometida devido à pandemia. "Por isso, é muito importante que as pessoas busquem atendimento em caso de qualquer sintoma como febre, dores persistentes na cabeça e no corpo, e manchas avermelhadas. Isso é importante tanto para saúde quanto para as notificações e medidas de controle", diz.

Fonte: Tribuna Online

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