O estudante Douglas Ambrósio Santo, da ECORM – Escola Comunitária Rural Municipal de São João Bosco, em Jaguaré, vivenciou, nesta quinta-feira, 28, uma aula especial e diferente, da disciplina de Plano de Estudo. Ele e seus colegas de classe participaram de uma oficina de produção de farinha, na comunidade do Dezoito.
"Bacana, porque é um reaproveitamento da mandioca que se tem em casa, que planta no quintal, na roça. Eu já fiz várias vezes, mas pra consumo. É bacana pra pessoa não precisar comprar e fazer, vender e ganhar um dinheiro", reflete o jovem que viveu o aprendizado diferenciado.
A oficina, orientada pelo professor de Agropecuária, Jailson Bonna e ministrada pela proprietária da farinheira, Rosalina Moura e seu irmão Hélio Moura, foi realizada contemplando todas as etapas de produção da farinha: arranquio, raspagem, moagem, prensagem e secagem.
Noções da cadeia produtiva
Os alunos receberam orientação sobre o período de plantio e colheita da mandioca e puderam conhecer, na prática, a correta forma de colher o tubérculo e o preparo da farinha. Eles também produzirão beiju com coco e já produziram um rótulo chamado "Nós da Roça" para as embalagens dos produtos em uma fase posterior.
"É muito bom, uma experiência diferente, fora da sala de aula e que traz coisas novas pra gente aprender. E esse é um trabalho que é feito tradicionalmente na região. Então nós temos a possibilidade de aprender e podemos entender todas as fases até a hora de comercializar e manter essa tradição", destaca a estudante Maria Clara Cândido.
Aprendizado coletivo
Os alunos que participaram da oficina na farinheira da Dona Rosalina estão estudando sob o Tema Gerador Indústrias Rurais. Segundo o professor Jailson Bonna, as atividades extraclasse em que os alunos têm que "botar a mão na massa" confere a eles uma noção de agroecologia e empreendedorismo.
"Eles fizeram uma pesquisa da realidade (Plano de Estudo) nas comunidades em que eles residem, no primeiro trimestre. Depois trouxeram o resultado e fizemos uma síntese. A partir da síntese surgiram vários questionamentos para serem respondidos. Um deles foi o passo a passo da transformação de alguns produtos agrícolas. Semana passada eles participaram de um curso de produção de geleia artesanal. Hoje e amanhã de um curso de produção de farinha e ainda teremos um curso de produção de corante culinário com a transformação do urucum. Eles vão embalar e colocar o rótulo criado por eles, o "Nós da Roça", ressaltou o professor lembrando que a iniciativa serve, inclusive, para divulgar a escola.
"Procuramos focar os estudos do tema Indústrias Rurais, em práticas agroecológicas e empreendedorismo. A prática é multidisciplinar, eles vão estudar o tema em Português, Agropecuária, Matemática, enfim, em todas as disciplinas", afirmou Jailson.
A estudante Kauana Stephany do Nascimento Melo destaca o caráter interativo envolvido na aprendizagem com a experiência na farinheira. "Uma experiência bem diferenciada que envolve agroecologia, empreendedorismo e trata de uma cultura que sustentou muitas famílias por muito tempo aqui na região". Já seu colega, Miguel Ciro da Silva, lembra que, além da manutenção da tradição, a prática de produção de farinha pode garantir o sustento das famílias. "Uma nova aprendizagem pra mim, eu nunca tinha feito e também é uma forma de ganhar dinheiro. Quem tiver mandioca em casa, já dá pra fazer a farinha".
Temas geradores
A Escola Comunitária Rural São João Bosco atua na modalidade de Pedagogia da Alternância, as turmas estudam na escola, a chamada "Sessão Escolar" e, em outro período, os alunos estudam em casa no que se conhece como "Estadia". A unidade atende as séries finais do Ensino Fundamental, que compreende do 6° ao 9° ano.
Os alunos estudam atendendo os temas geradores. No 6º ano, o tema é Família, Alimentação e Saúde. No 7º ano, Meios de Comunicação e Transporte, Clima e Energia, No 8º ano, Reprodução e Diversidade Agropecuária. No 9º ano, Indústrias Rurais, Comercialização e Organizações Sociais.
No próximo trimestre o tema gerador será Comercialização. A proposta será ir com os estudantes às comunidades para organizar um evento em formato de feirinha para comercializar o que eles produziram e, também, para incentivar os agricultores a fazerem o mesmo.