Produtores rurais e especialistas dizem que produção cresceu e preço já entrou em tendência de queda, que vai durar meses
A carne de boi começou a ter uma queda de preço, ainda que tímida, nos supermercados e açougues ao consumidor. E produtores rurais e economistas garantem que essa queda tende a se acentuar nos próximos meses.
Um dos motivos é o aumento da oferta nos frigoríficos. O preço ao consumidor vai seguir a mesma linha, segundo as fontes ouvidas pela reportagem. A situação tende a animar os consumidores, que tiveram de substituir a carne bovina, devido à inflação, que reduziu o poder de consumo da população, assim como a cadeia produtiva.
Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes), Júlio da Silva Rocha Júnior, o preço irá se estabilizar com a baixa para os pecuaristas: "Na última semana as pastagens sofreram com as baixas temperaturas e aumentou muito a oferta. O pecuarista vai fazer de tudo para não manter o gado no pasto."
Ele destacou que os preços médios do boi gordo passaram de R$ 330 para R$ 285 a arroba; e do bezerro, de R$ 415 para R$ 350 nos últimos dias. O economista Ricardo Paixão analisa que a redução do consumo e a substituição por outros tipos de carnes é um dos fatores que leva à queda do preço.
"Devido a diversos fatores, como a guerra na Ucrânia, o preço da carne subiu muito, e ela foi substituída por outras proteínas com valor mais em conta, como o peixe, frango e a carne suína. Pessoas com renda menor também deixaram de consumir carne bovina. Com a redução drástica da demanda, há uma leve redução no preço final do produto", explica.
Já o economista Heldo Siqueira, membro do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES), disse que a queda no valor do dólar no mercado externo também está influenciando no crescimento da oferta da carne bovina no mercado interno.
"O câmbio estava bastante elevado, e a carne estava sendo mais exportada. Acredito que, com o câmbio num nível mais baixo, os produtores voltem a vender internamente, e assim deve acontecer com outras mercadorias", destaca.
O superintendente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), Hélio Schneider, confirmou que nos próximos meses haverá uma queda de preço para os consumidores. "O mercado é flutuante, mas para o momento já deu um pequena baixa nos preços das carnes de primeira e pode ser que baixe ainda mais", destaca.
Frigoríficos veem estabilidade
O Brasil é um dos mais importantes produtores de carne bovina no mundo e chega ao mercado de mais de 150 países.
A produção nacional visa, de forma prioritária, o mercado internacional, a exemplo da China, que, entre 2018 e 2019, enfrentou a peste suína africana e comprou muita carne bovina do Brasil.
Segundo os maiores frigoríficos do País, haverá maior estabilidade do valor do boi gordo nos próximos meses, com o aumento da oferta.
No estado, os preços médios do boi gordo variaram, a arroba, de R$ 330 para R$ 285, e o do bezerro, de R$ 415 para R$ 350, nos últimos dias.
A carne bovina tem diferentes cortes para o consumo, que se diferem entre carnes de primeira e segunda. As carnes de primeira são as mais macias, pois ficam nas regiões de pouco movimento do animal. São as mais indicadas para churrasco.
Já as carnes de segunda costumam ser mais duras, já que são retiradas de regiões de grandes movimentos.