Um conflito de terras entre Minas Gerais e o Espírito Santo virou tema de filme e será exibido nesta sexta-feira (1º), no Cine Metrópolis, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), às 19h. O documentário "Contestado - A guerra sem tiros" é do diretor Cloves Mendes conta através de depoimentos a história de uma das guerras armadas mais longas ocorridas na divisão entre os estados.
A guerra do Contestado durou cerca de 100 anos e apenas em 1963, as 18 cidades da região de Serra do Aimorés, foram formalmente definidas como pertencentes ao território mineiro ou capixaba. "Foi um guerra longa, uma disputa de terra que teve muitas mortes. E tudo era duplo, as delegacias, os cartórios, eram duas administrações em um só território", explica Mendes.
De acordo com o diretor, as disputas simbólicas, e quase sempre armadas, se concentraram em dois municípios, Mantena, no estado mineiro e Barra de São Francisco, em território capixaba. "Em 1956, por exemplo, houveram 62 mortes em Mantena e 68 em Barra de São Francisco. Minas teve cerca de 1.300 homens nestas disputas, e o Espírito Santo cerca de 800 homens, ambos os lados armados. Era um território sem lei", acrescentou.
12 anos de produção
O documentário, que traz a tona o conflito centenário é composto por pessoas que participaram ativamente da guerra e também de filhos e netos de envolvidos na disputa. O longa tem 80 minutos e demorou 12 anos para ser produzido.
Segundo Cloves, o interesse pelo contestado sempre foi algo muito vivo em sua vida, em razão de seu tio avô, que participou diretamente desta guerra. "Eu sou natural de Mantena, então meu tio avô sempre me contava histórias sobre o contestado, sempre foi algo muito presente para mim. Mas é uma história esquecida nas escolas, tanto as mineiras quanto as capixabas, então por falta de material, quis fazer esse resgate", ressalta.
"Contestado - A guerra sem tiros" será exibido também em Belo Horizonte, a partir de setembro. De acordo com o diretor, o filme também será lançado em todas as cidades da antiga zona de conflito. "Eu fiz questão, não abri mão disso e em algumas cidades ele já foi exibido, em praça pública, tem sido uma experiência muito legal", finaliza.
Tribuna Online