Padre João Tozzi Sobrinho tinha o sonho de ser sacerdote desde criança. Mesmo se casando, o desejo persistiu e foi realizado após se tornar viúvo
O Dia do Padre é celebrado nesta quinta-feira (04), data em que a Igreja Católica celebra a memória de São João Maria Vianney, padroeiro dos sacerdotes. Inúmeros são os presbíteros que exercem a missão em todo o Espírito Santo. No entanto, um deles chama a atenção pela história até chegar ao sacerdócio. Padre João Tozzi Sobrinho tem 78 anos e é vigário na paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na Praia da Costa, em Vila Velha. Seria apenas mais um sacerdorte da Arquidiocese de Vitória, se não fosse o caso de que ele é viúvo, tem três filhos e cinco netos.
No último domingo (31), o padre celebrou um ano de ordenação sacerdotal. Antes disso, ele era diácono permanente, cargo restaurado pelo Concílio Vaticano II, que é um grau da ordem que pode ser dado a homens solteiros, casados ou viúvos. O fato de João Tozzi ser ordenado padre foi uma situação incomum e histórica, pois pela primeira vez a Arquidiocese de Vitória ordenou um viúvo como sacerdote.
A relação do padre João Tozzi com a Igreja começou desde muito cedo. Segundo informações da Arquidiocese, desde os 4 anos de idade ele frequentava a Igreja de São Sebastião, em Jucutuquara, e com cerca de 8 anos começou a sentir o desejo pela vocação. Com a catequese, a vontade de seguir o sacerdócio cresceu ainda mais.
"A gente era muito pobre, eu era o caçula de 9 filhos. A gente sabe que o caçula não tem voz e nem vez em casa. Um dia o padre disse que ia conversar com minha mãe sobre a possibilidade de eu ir para o seminário e eu tinha uns 10 anos, mas eu fiquei sabendo depois que minha mãe não aceitou. Porém, eu fiquei com o desejo de ser padre a vida toda", contou o então padre ao site da Arquidiocese de Vitória, dias antes da ordenação sacerdotal
"Sempre fui muito acolhido, nunca fui discriminado pela minha idade e me sinto muito amado por essa paróquia. Com a criação da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e a chegada do padre Renato Criste, eu participava do Conselho e o ajudava muito nos trabalhos da construção da Paróquia. Um dia padre Renato me fez um convite: "Seu João, o senhor não gostaria de ser diácono?" E quando ele falou aquilo para mim eu pensei que a escola diaconal seria o caminho para eu ser padre".
"Eu tenho um apreço e um carinho muito grande pelo padre Renato, pois ele me deu todo apoio quando minha esposa estava no hospital e foi um pai.
Nossa paróquia também nos deu todo apoio, minha esposa foi muito atuante na paróquia Santo Antônio e foi ministra da Eucaristia seis meses antes de morrer. Ela levava comunhão para os doentes e eu falei que era hora dela parar e se cuidar, pois estava com as pernas muito inchadas".
Viúvo, o então diácono João enxergou uma nova oportunidade para realizar o seu sonho e procurou Dom Dario Campos, Arcebispo Metropolitano de Vitória, para externar seu desejo.
João Tozzi estudou durante cinco anos e meio na escola diaconal, cursou três anos de Teologia Pastoral e não perdeu uma formação de comunidade, da paróquia, além de sempre ir aos retiros.
"Trabalhei por três anos na Pastoral Carcerária e nessa pastoral eu aprendi muito a ouvir. Aqueles presos, muitas vezes, choravam sem dignidade nenhuma. Um sofrimento medonho, naquelas celas fedorentas. Mas a gente dava todo carinho e amor a eles, e eu aprendi a ouvir e sentir a dor também do coração daqueles homens".
Atualmente, padre João Tozzi Sobrinho segue em sua missão na paróquia da Praia da Costa, ao lado do pároco, padre Anderson Gomes.
No último final de semana, as comunidades paroquiais celebraram o primeiro ano de sacerdócio do padre.
*Com informações do site da Arquidiocese de Vitória