Acusada de ter matado o próprio filho recém-nascido com uma tesourada, a auxiliar contábil Michelle Ribeiro Passos irá a julgamento na próxima segunda-feira (15). O júri foi formado após sete anos. O crime foi cometido na madrugada de 2 de junho de 2015, na residência da vítima, no bairro Itararé, em Vitória.
De acordo com denúncia do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), Michelle estava sozinha quando deu à luz o bebê no banheiro de casa. Logo após o nascimento, cometeu o crime.
As investigações apontaram que ela matou a criança porque o companheiro dela não desejava ter mais filhos. O golpe de tesoura atingiu o coração do recém-nascido, que morreu na hora.
A acusada alegou que cometeu o crime por medo de perder o marido, que não queria que ela tivesse a criança. Além disso, ela justificou que, como estava acima do peso, não desconfiou da gravidez e só soube da criança quando ela nasceu. No entanto, para esconder a gravidez do marido, falsificou dois exames, que tiveram resultado positivo.
Delegada diz que crime foi premeditado
A mãe da criança disse que entrou em trabalho de parto em casa e teve a criança no banheiro. Também afirmou que, ao cortar o cordão umbilical com uma criança, por acidente, acabou atingindo o peito do bebê. Na época, a Polícia Civil não acreditou nesta versão.
"Desde o início a gente sabia que ela estava mentindo, por causa da lesão no coração que o bebê apresentava. Só que a gente ainda não tinha os indícios concretos para confrontá-la com essa versão que ela tinha apresentado. Então nós fomos reunindo todas as provas, todos os indícios de que o nenê estava vivo e que ela tinha fraudado um exame de gravidez negativo, que ela tinha nos apresentado. Quando ela não tinha mais como negar o caso, assumiu que de fato deu à luz seu filho na madrugada de ontem no banheiro de sua casa e, logo em seguida, pegou uma tesoura e enfiou no coração de seu filho", contou a delegada Nicolle Perúsia, da Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) de Vitória.
Michelle foi levada para a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde confessou o crime.
A acusada foi autuada por homicídio qualificado, por motivo torpe, além de falsificação de documento. A pena pode variar de 12 a 35 anos de prisão. Michelle foi levada para o Centro de Triagem de Viana.
Outro lado
A reportagem não tem conhecimento se a acusada constituiu defesa. O espaço está aberto para manifestação.
Folha Vitória