"Sacrifício dos meus pais valeu a pena", diz estudante premiado

Não existem limites quando o assunto é sonho. O estudante Wallace de Oliveira Pereira, 17 anos, morador de Vitória, cursa o 3º ano do ensino médio e realizou um sonho ao conquistar a medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA) deste ano.

O jovem é natural de Conceição do Castelo, município da região Serrana do Estado e estudou em escola pública durante toda a vida. Isso só mudou no ano passado, quando ele saiu da casa da mãe, que trabalha como diarista, e se mudou para a casa do pai, em Vitória, para participar do Instituto Ponte, que auxilia estudantes.

Em ano de vestibular, Wallace já tem certeza da área que quer seguir: Engenharia Mecânica. Porém, está indeciso quanto ao destino.

Ele irá concorrer a uma vaga no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), um dos mais concorridos do País, onde o curso de Engenharia Mecânica é ofertado na modalidade Aeronáutica, além da Ufes e USP.

Segundo o comerciante Walley Pereira, 39, pai de Wallace, o filho proporciona alegria pelos objetivos conquistados. "Cada prêmio a gente derrama um balde de lágrimas, mas sempre fico preocupado porque o objetivo final ainda não veio. A gente comemora e já pensa no dia seguinte", disse.

Já para Wallace, é só o começo. "Ainda quero ganhar mais prêmios".

ENTREVISTA

A Tribuna: De onde surgiu o interesse pela área de Engenharia Mecânica?

Wallace Pereira: Sempre li muito sobre o assunto. Durante o estudo, percebi que entre os temas do vestibular esse era um dos meus preferidos. Por isso quero muito entrar no ITA.

Onde você costuma ler sobre esses assuntos? E qual é a área que mais tem interessa dentro da Engenharia?

Leio principalmente nos livros didáticos e nos de iniciação ao curso. Atualmente, acredito que o estudo de sistemas binários seja meu principal interesse.

Quais os prêmios você já conquistou?

A primeira medalha que ganhei foi de bronze, na Olimpíada Brasileira de Matemática, em 2016. Repeti o feito em 2017 e 2019, quando ganhei a mesma medalha. Já em 2018 eu ganhei meu primeiro ouro na Olimpíada Brasileira de Astronomia. Consegui novamente neste ano, dentre outros prêmios.

Qual é sua maior conquista?

Minha primeira de bronze, em 2016. Foi a medalha que abriu as portas para mim. Graças a ela eu entrei no Instituto Ponte e minha vida mudou. Cheguei à Vitória nesse ano e tenho aprendido mais do que eu poderia imaginar.

Como é sua rotina de estudos?

Estudo todos os dias. Se eu somar escola (Crescer PHD), cursinho (Madan) e o Instituto Ponte, são 12 horas diárias. No final de semana também estudo, inclusive refazendo provas antigas.

Como é o apoio dos seus pais? Sua mãe continua morando no interior?

Ela ficou em Conceição do Castelo. Sempre me apoiou muito para que eu conseguisse mudar de vida. Assim que foi necessário, me mudei para Vitória e comecei a morar com meu pai, que tem me ajudado com tudo. Ele faz com que minha única preocupação seja estudar. O sacrifício deles valeu e vale a pena, mas ainda preciso ajudá-los. Meu objetivo é devolver tudo aquilo que recebi deles.

Você veio da escola pública. Qual dica você dá para os alunos que se inspiram em você?

O principal é ter objetivos e não desistir. Muitas vezes a gente tenta e não consegue o resultado esperado. É preciso buscar as oportunidades, elas estão por aí e a gente não percebe, pois ficamos focados em outras coisas.

Como você se vê no futuro?

É difícil falar. Como muita coisa mudou quando vim para Vitória, sei que muita coisa deve mudar caso eu consiga me mudar para São Paulo. O que eu sei é que pretendo seguir carreira no ITA. Quero muito ser engenheiro.