A pesquisa foi encomendada pela Internacional de Serviços Públicos (PSI). Uma federação sindical global que representa mais de 700 sindicatos em 154 países. Para o levantamento foi levado em conta o cruzamento de dados da Previdência, do Ministério do Trabalho e do Ministério da Saúde.
A enfermeira Hevellyn Andrade, de 24 anos, era recém-formada quando tudo começou. Concluiu o curso de enfermagem no início de 2020, pouco antes da pandemia atingir o Brasil e o Estado. A primeira experiência profissional foi dentro de uma UTI. Na linha de frente de combate à doença.
"Foi um período muito complicado. Um período muito difícil, um período de medo de entrar e enfrentar uma coisa completamente desconhecida", lembra.
É o caso do médico obstetra Manoel de Oliveira Barcelos, de 63 anos, que não teve a mesma sorte de Hevellyn. A esposa, Jéssica Aguiar Barcelos, disse que o marido manteve a rotina profissional e que adotava todos os cuidados, porém, não foi o suficiente.
"Nunca parou de trabalhar, praticava exercícios físicos, estava com as duas doses da coronavac. Ele faleceu no 16º dia da doença", conta.
Cenário nacional
A pesquisa apontou um cenário nacional diferente do constatado no Espírito Santo. No Brasil, 80% das vítimas, que morreram entre março de 2020 e o fim de 2021, eram mulheres. Cerca de 4.500 profissionais perderam a vida para a covid no em todo o território nacional. Desse total, 70% eram técnicos e auxiliares de enfermagem, 25% enfermeiros e 5% médicos.
Para quem conviveu lado a lado com a pandemia, em seus piores momentos dentro de um hospital, sobram memórias doloridas e repletas de perdas. Mas, Hevellyn afirma que também ficaram muitos ensinamentos.
"Acho que viver essa pandemia me tornou uma pessoa completamente diferente. A Hevellyn antes não é a Hevellyn de agora. A gente se torna mais humano, a gente começa a ver as pessoas de forma diferente", conclui.
*Com informações da repórter Luana Damasco, TV Vitória/Record TV
Folha Vitória