Polícia Espirito Santo

Cinco idosos são vítimas de violência todo dia no ES

Por Regional ES

13/02/2023 às 16:23:36 - Atualizado há
Maus-tratos, muitas vezes, são cometidos pelos filhos e por outros parentes. Há até casos de estupro e de crimes de abuso financeiro | Foto: Canva.

Um dos desafios da sociedade é o enfrentamento à violência contra pessoas acima dos 60 anos de idade. No Espírito Santo, entre janeiro do ano passado e o último dia 1º de fevereiro, 2.098 idosos foram agredidos, uma média de cinco vítimas idosas todos os dias.

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A Polícia Civil aponta que o número pode ser ainda maior, uma vez que os agressores são, em maioria, filhos e parentes mais próximos que têm forte vínculo emocional com as vítimas.

Outro agravante para a subnotificação é a falta de intimidade da vítima com dispositivos móveis e eletrônicos que possibilitam reconhecer o crime e fazer denúncias.

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Delegada Milena Gireli ressalta que os idosos também costumam ser vítimas de abuso financeiro.

A titular da Delegacia Especializada de Proteção ao Idoso (Depi), delegada Milena Gireli, afirma que o crime de maus-tratos é o que mais tem sido registrado pela delegacia.

"Estamos falando de idosos expostos a condições precárias. Em situações que oferecem risco para a integridade física e mental. Há casos de abandono total em que encontramos a vítima", explicou.

A Depi também já identificou aumento em casos de estupros contra idosos. Há situações que ocorrem em casas de repouso, hospitais e até na própria residência.

Em um dos casos que chegou à delegacia, inicialmente foi descrita uma lesão corporal. Mas, durante o exame de corpo de delito, constatou-se violência sexual.

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"Neste mês chegamos até uma casa em que encontramos uma idosa com unhas imensas, desidratada e passando fome. Acreditamos que se não tivéssemos chegado, algo pior poderia ter acontecido, porque a situação já estava se agravando", ressaltou a delegada.

Um outro crime muito comum é o de abuso financeiro, segundo Milena Gireli.

Há crimes diversos, como prevê o Estatuto do Idoso, como reter o cartão de conta bancária ou de pensão, bem como qualquer outro documento com objetivo de receber e ficar com o dinheiro da vítima. Uma autorização verbal ou escrita pode evitar que casos como esses parem na delegacia.

"Só conseguimos chegar até muitos casos por meio de denúncias anônimas que podem ser feitas pelo 181 ou pelo site do Disque Denúncia. Em casos flagranciais é possível ligar para o 190 para a polícia ir ao local imediatamente. O anonimato é garantido", disse a delegada.


Aposentada esconde dinheiro de filho

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"Até cartões, dinheiro e celulares ele já pegou", contou.

Uma aposentada, de 65 anos, moradora do bairro Jaburu, em Vitória, tem um filho de 30 anos, que é usuário de drogas e, por diversas vezes, chegou a pegar o dinheiro da idosa escondido para consumir entorpecentes.

"Até cartões, dinheiro e celulares ele já pegou", contou.

Atualmente, a aposentada tem tentado esconder cartões e dinheiro na casa de outros filhos que não moram com ela. "Como mãe, o coração fica apertado de denunciar, ainda mais que ele tem problemas mentais. Mas o prejuízo sempre fica para nós que somos vítimas. Já precisei comprar vários celulares e perdi muito dinheiro, mas o prejuízo maior é o emocional, de ver nossos filhos como agressores", completou.


Psicóloga pede atenção à violência silenciosa

A família é uma fonte importante de apoio e cuidado aos idosos. Mas, às vezes, devido a questões como distância geográfica, problemas financeiros ou conflitos familiares, esses indivíduos podem se sentir abandonados e solitários, aponta a mestre em Psicologia, Mariana Simas.

"O abandono acaba sendo uma forma de violência silenciosa sofrida nessa fase de vida que pode ser somada à exploração financeira desses indivíduos", ressaltou.

Segundo a especialista, a "violência silenciosa" é uma expressão usada para descrever o abuso contra idosos, que ocorre sem sinais externos evidentes, como lesões físicas ou marcas visíveis. Isso inclui formas de abuso como negligência e exploração financeira.

"Entre as agressões que podem ocorrer nessa etapa do ciclo de vida, esse tipo de violência é extremamente prejudicial, uma vez que pode continuar por muito tempo antes de ser identificada".

Para prevenir e combater é importante estar atento a sinais de abuso, como mudanças de comportamento, isolamento social, dificuldades financeiras ou físicas, e saques financeiros suspeitos.

A psicóloga também ressalta que a população idosa é particularmente vulnerável à exploração financeira, porque muitas vezes enfrentam problemas de saúde, solidão ou falta de apoio familiar, que os tornam mais suscetíveis.

Além disso, algumas condições médicas, como a demência, podem afetar a capacidade de um idoso de tomar decisões financeiras seguras.



TIPOS DE VIOLÊNCIA


Negligência

Falta de atenção às necessidades da pessoa idosa, colocando em risco a vida ou a saúde dela, por meio de condições degradantes ou privação de alimentos ou cuidados indispensáveis.

Violência psicológica

Caracterizada por insultos, ameaças e outros tipos de agressões verbais e gestos que afetam a autoimagem, a identidade e a autoestima do idoso.

Violência física

Caracteriza-se por provocar dor, golpear, lesar, causando várias consequências para a vida da pessoa idosa, como perda ou abuso dos direitos humanos, o medo e a depressão.

Violência financeira Exploração da renda e apropriação do patrimônio do idoso, às vezes obrigando a contrair empréstimos e outras dívidas ou a se desfazer de seus bens.

Abandono

Abandono de incapaz ocorre contra quem não tem capacidade de exercer a vida civil de maneira autônoma, não só idosos como crianças e deficientes mentais.

Quem são os autores?

Familiares, irmãos e filhos. E a maioria das vítimas são mulheres, têm entre 60 e 90 anos e vivem com filhos e irmãos.

Há crimes diversos no Estatuto da pessoa idosa, como: reter o cartão de conta bancária ou pensão da pessoa, bem como qualquer outro documento com objetivo de receber e ficar com o dinheiro da vítima.

A pena para quem pratica esses crimes varia muito, mas fica em torno de 3 meses a 3 anos, caso seja praticada por um familiar.

Caso seja por um desconhecido ou sem vínculo, pode chegar a 1 ano.



Fonte: Folha Vitória / Polícia Civil
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