Após exatos dois anos, familiares ainda convivem com as marcas do ataque que matou três crianças e duas professoras em uma creche de Saudades, no Oeste de Santa Catarina. O julgamento do réu está marcado para agosto. "A gente está aprendendo a viver", relatou Risolete Fernandes de Barros, avó da vítima Anna Bela Fernandes de Barros, de 1 ano e 8 meses.
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Armado com facão, na manhã de 4 de maio de 2021, um homem de 18 anos entrou na escola infantil Pró-Infância Aquarela, no bairro Industrial, onde cometeu os crimes.
Em 24 meses, muita coisa mudou na família de Risolete. O filho e a nora, pais da menina, saíram do município onde ocorreu a tragédia e passaram a viver em Florianópolis, perto da mãe, onde têm acesso a uma rede de apoio. "Consegui trazê-los em junho do ano passado", contou.
"É bem difícil para eles retomarem a vida. Está bem difícil até para trabalhar, porque o meu filho desenvolveu síndrome do pânico, e tem dias que a minha nora não consegue levantar da cama ainda", comenta.
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O casal está esperando uma bebê, que deve nascer próximo à data de julgamento do réu, marcada para 9 de agosto, conforme a avó. Risolete segue atenta a todas as movimentações do processo.
"Nada muda, mas pelo menos a gente tem um motivo [para continuar]. Um dia eu dobrei meu joelho e pedi para que Deus desse motivo para o meu filho querer continuar. Então, veio agora esse neném e eu acredito que ele vai se agarrar nisso e vai se levantar", comentou Risolete.
Revivendo emoções
Em 5 de abril de 2023, um ataque a uma creche em Blumenau, no Vale do Itajaí, também em Santa Catarina, fez familiares reviveram a tragédia em Saudades. Quatro crianças foram mortas e outras cinco feridas na ocasião.
"Quando eu liguei a televisão, e vi a primeira notícia, entrei em pânico. Tive hemorragia, fui parar no hospital, tive que ser socorrida. Senti a mesma coisa. Eu lembrei do meu filho gritando muito", contou ao g1 SC.
Quem trabalhou na ocorrência no Oeste catarinense, como o agente de Polícia Civil Jonas Alexandre Kaiser, também voltou a sentir emoções parecidas.
"O caso de Blumenau, que aconteceu agora, fez voltar um filme. Claro que não dá para comparar com a dor dos pais, das famílias que perderam. Mas, como a cidade é pequena, a gente acaba fazendo parte de toda a sociedade".
"Quando a gente tomou conhecimento da dimensão, da gravidade, a gente começou a acionar outros policiais, porque sabia que teria muito trabalho", relatou ao g1 SC.
O homem, após o crime, foi contido inicialmente por vizinhos até a chegada da polícia, que o prendeu. Ferido, ele foi encaminhado pelos bombeiros, com escolta da PM, ao Hospital de Pinhalzinho.
Júri popular
Acusado de cinco homicídios, além de 14 tentativas de homicídio, o homem vai a júri popular em 9 de agosto deste ano.
Escola Aquarela — Foto: Tiago Ghizoni/NSC
Quem são as vítimas?
- Keli Adriane Aniecevski, de 30 anos, era professora e dava aulas na unidade há cerca de 10 anos
- Mirla Renner, de 20 anos, era agente educacional na escola
- Sarah Luiza Mahle Sehn, de 1 ano e 7 meses
- Murilo Massing, de 1 ano e 9 meses
- Anna Bela Fernandes de Barros, de 1 ano e 8 meses.
G1