Economia uma queda significativa

Exportações brasileiras de café têm queda de 10% em abril; Entenda os motivos

Por Regional ES

16/05/2023 às 06:38:17 - Atualizado há

De acordo com o relatório do Cecafé, as exportações brasileiras de café tiveram uma queda significativa em abril. O volume de embarques foi de 2,722 milhões de sacas de 60 kg, representando uma redução de 10,3% em comparação com o mesmo mês do ano anterior, quando foram registradas 3,034 milhões de sacas. O preço médio por saca foi de US$ 222,08, resultando em uma receita cambial de US$ 604,5 milhões, o que representa uma diminuição de 16,9% em relação ao período comparativo.

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Diante desses números, o presidente do Cecafé, Márcio Cândido Ferreira, foi entrevistado para falar sobre os impactos dessa queda nas exportações no Brasil, além de abordar a produção e colheita de café no Espírito Santo, segundo maior produtor do país e com uma expressiva produção de conilon e arábica.

Exportação de café soma 2,7 milhões de sacas em abril

No acumulado dos primeiros dez meses da safra 2022/23, as exportações de café brasileiras tiveram um declínio de 9,1% em volume, totalizando 30,495 milhões de sacas, porém, houve um aumento de 4,6% em receita, gerando US$ 6,993 bilhões para o país, em comparação com o período de julho de 2021 a abril do ano anterior.

No período de janeiro a abril de 2023, as exportações brasileiras de café registraram uma queda mais acentuada, de 19,9%, com um total de 11,097 milhões de sacas em comparação com as 13,857 milhões de sacas no mesmo período do ano passado. Em termos de receita, houve uma redução de 25%, com os embarques atuais gerando US$ 2,405 bilhões, em comparação com os US$ 3,206 bilhões no mesmo período anterior.

O presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, aponta que, apesar do desempenho negativo até o momento, no geral, as perspectivas futuras são boas. Confira a entrevista completa.

Agro Business: O relatório do Cecafé apontou uma queda de 10,3% nas exportações de café em abril deste ano em comparação com o mesmo período de 2022. Quais foram os principais motivos para esse movimento, presidente?

Márcio Ferreira: Os embarques do mês de abril no Brasil totalizaram 2,722 milhões de sacas de 60 kg entre verdes, industrializados e, principalmente, o solúvel. Isso representa uma redução da ordem de 10,3% comparado ao mesmo período do ano passado.

Quando olhamos as exportações de janeiro até abril, ou seja, no quadrimestre, o Brasil exportou o total de 11,097 milhões de sacas, apresentando uma redução mais impactante da ordem de 19,9% em relação ao mesmo período do ano passado.

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AB: Quais foram os principais fatores que contribuíram para essa redução nas exportações de café?

MF: Existem alguns fatores que contribuíram para essa redução. Primeiro, estamos no final da safra e entrando no período de entressafra. Além disso, nos últimos dois anos, a produção de café arábica no Brasil foi significativamente impactada pela estiagem e, posteriormente, pela geada, considerada a mais importante desde 1994. Esses eventos climáticos afetaram especialmente as regiões sul de Minas Gerais e Alta Mogiana em São Paulo, que são importantes áreas produtoras de café arábica.

Esses impactos climáticos são mais evidentes agora no final da safra porque nos anos anteriores ainda havia remanescentes da safra recorde de 2020. Nos anos seguintes, mesmo com os acidentes climáticos, ainda havia uma quantidade significativa desses remanescentes, o que permitiu ao Brasil manter volumes elevados de exportação.

No entanto, agora, no primeiro semestre de 2023, esses remanescentes já não existem mais, e a disponibilidade de café arábica é menor. Isso contribui para a queda nas exportações.

AB: Existe a expectativa de uma recuperação nas exportações nos próximos meses?

MF: Sim, há uma expectativa de recuperação, embora não seja esperado que as exportações superem os números do ano anterior. No entanto, espera-se que a queda não seja tão considerável como no período anterior.

Isso ocorre porque os produtores estão mais incentivados a vender parte do estoque remanescente, uma vez que há uma safra nova chegando e eles precisam de recursos. Além disso, os países importadores que têm postergado as compras estão mais ativos nesse período de final de safra, o que pode impulsionar as exportações.


AB: Como estão as perspectivas para a safra nova de café arábica?

MF: No curto prazo, prevemos uma recuperação gradual da safra nos meses de maio e junto, após uma queda não substancial. Olhando para a safra nova de café arábica no Brasil, as lavouras estão em excelentes condições, o que indica uma recuperação gradual da produção. Sem dúvida, a safra que será colhida será maior do que a safra que está sendo encerrada, resultando em um maior volume e maior liquidez na oferta.

É importante lembrar que, a partir de julho, entramos no período de frio e inverno no Brasil, o que torna os produtores e compradores mais cautelosos devido aos riscos de eventos climáticos que podem ter um impacto substancial no mercado. No entanto, até o momento, as expectativas são de condições climáticas favoráveis, e esperamos que não ocorram acidentes importantes, como geadas. Além disso, há previsões de chuvas que, uma vez encerrada a colheita, se ocorrerem em quantidade suficiente, ratificarão uma possível melhoria na produção, inclusive para 2024. No geral, o cenário é favorável para a liquidez do café arábica.

"ES: safra de café conilon está prevista para ser muito próxima da anterior", diz Márcio

AB: Qual é o cenário da produção de café no Espírito Santo?

MF: No Espírito Santo, a safra de café conilon está prevista para ser muito próxima da safra anterior. O que beneficia os produtores de conilon é o fato de que a Bolsa de Londres, que reflete nos preços dos cafés robusta, recentemente atingiu o nível mais alto dos últimos 11 anos. Isso significa que os preços para o conilon continuam satisfatórios, embora atualmente estejam em níveis mais baixos, especialmente considerando a queda do dólar.

O interessante é que o Brasil começa a ter uma relação custo-benefício do café para o produtor muito favorável. Com o aumento dos preços em Londres, o café conilon brasileiro torna-se competitivo em comparação com o principal concorrente, que é o Vietnã. Portanto, a safra de conilon é boa, e o mercado interno continuará absorvendo um volume substancial desse café, como tem ocorrido nos últimos dois anos.


Vale lembrar que a participação do conilon no blend do café brasileiro aumentou consideravelmente, atualmente temos o café arábica sendo blendado com o conilon, ao invés do contrário. Assim, temos a garantia de demanda tanto no mercado interno, onde o café solúvel consome cerca de 24 milhões de sacas por ano, quanto na exportação. Além disso, há a possibilidade de o Brasil voltar a ser competitivo no mercado internacional de café em grão conilon, o que é positivo para os produtores do estado do Espírito Santo, podendo melhorar as exportações pelo Porto de Vitória.

Apesar das limitações logísticas portuárias no estado, que ainda demandam alguns anos para serem resolvidas, as perspectivas para a produção de conilon, tanto no curto quanto no médio e longo prazo, são boas.

No Espírito Santo, o período de colheita do café conilon já começou, assim como em alguns lugares para o café arábica. Atualmente, a maior preocupação do mercado local está relacionada à capacidade de armazenagem do café conilon. Isso ocorre devido à existência de armazéns que ainda possuem estoques relativamente importantes da safra anterior e à chegada de uma safra muito relevante. No entanto, de acordo com nossa compreensão, a estrutura de capacidade de armazenagem é suficiente para atender tanto aos estoques remanescentes quanto à nova colheita da nova safra.

AB: Para concluir, o Cecafé está promovendo nos próximos dias 25 e 26 de maio a 9ª edição do Coffee Dinner & Summit, reunindo cerca de mil participantes do Brasil e do mundo. Quais são os principais objetivos do evento e quais lideranças confirmaram presença até o momento?


MF: O evento Coffee Dinner Summit é considerado o maior evento da cafeicultura brasileira e até mesmo mundial. Ele reunirá os principais players do mercado nacional e internacional, com foco na sustentabilidade.

O Cecafé convidou autoridades dos mercados americano e europeu, que têm influência sobre a legislação e estão estabelecendo regras relacionadas ao comércio de café e outras commodities. Essas regras abrangem questões como proteção ambiental, reflorestamento, neutralização de carbono, qualidade de vida e retorno financeiro adequado para os produtores.

Além disso, representantes dos governos dos três principais estados produtores de café – Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo – estarão presentes no evento. Será uma oportunidade para o Brasil mostrar as ações que tem tomado em relação à cafeicultura e o Espírito Santo terá a chance de apresentar as suas iniciativas e conquistas como produtor de café. A cafeicultura é uma atividade de extrema importância para o estado, sendo uma das principais na economia capixaba.




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