Mistura de sensações
O psiquiatra disse que ficou três dias digerindo o diagnóstico. De acordo com ele, ao mesmo tempo que foi revelador, veio como uma "avalanche" por causa de todo o preconceito e estigma que carrega.
A partir da "aceitação" do diagnóstico, o médico afirmou que passou a elaborar como a descoberta dele, a experiência pessoal, poderia ser útil a outras pessoas. Foi aí que passou a criar conteúdos científicos, mas compreensíveis para explicar o autismo.
Alexandre disse que um dos piores incômodos vêm do desconhecimento. "Uma paciente disse ter ouvido "você é muito bonita para ser autista'", contou ele. "Isso é um absurdo. É a inviabilização da condição como se uma pessoa inteligente, limpa e organizada não tivesse dificuldades."
O psiquiatra obteve o diagnóstico formal que apontou que ele está no grau 1 do autismo e confirmou sua condição de altas habilidades, que também era só uma suspeita.
O autismo e suas muitas nuances
Alexandre foi diagnosticado como autista nível 1. Aquele que consegue ter atividades sociais e manter um padrão dentro do que a sociedade espera com plena autonomia. O psiquiatra disse que aí também está uma sutileza: não é porque a pessoa tem um comportamento dentro do que espera dela que não sofra com uma condição diferenciada.
"Muitos dos que conviviam comigo duvidavam do diagnóstico de autismo. "Mas como? Você é tão inteligente'", reagiu o médico. "Mas dentro de mim, eu sabia que havia uma espécie de "tecido esgarçado". Com o diagnóstico, foi esclarecido."
O psiquiatra destacou que o autismo atualmente é observado a partir das dificuldades de interações sociais:
- Nível 1 – convivem em sociedade sem necessidade de suporte externo
- Nível 2 – convivem em sociedade, mas precisam de algum suporte
- Nível 3 – para o convívio social necessitam de apoio total
Alexandre rechaça as expressões "leve, moderado e severo" para autismo. "Não se trabalha mais com estes termos", afirmou.
Recomendações para quem desconfia do diagnóstico, mas não tem certeza
Nos vídeos do psiquiatra e nas conversas com ele, a sensação é de tranquilidade após um diagnóstico de autismo. Porém, ele ressaltou que é preciso tomar providências, uma vez confirmado o diagnóstico, a seguir o médico faz algumas sugestões:
- Faça um autodiagnóstico, mas não se prenda a ele nem sofra, apenas se examine e reflita sobre o comportamento que tem;
- Procure compreender exatamente o que é a Condição do Espectro Autista (CEA);
- Busque conversar e entender por meio de diálogos com outras pessoas que convivem com a condição em grupos na web, por exemplo;
- Realize o teste de rastreamento, o Autism Spectrum Quotient (AQ): não é definidor, mas é uma referência;
- Localize um psiquiatra e um neuropsicólogo para obter o diagnóstico.
Assista alguns vídeos do psiquiatra Dr. Alexandre Valverde sobre autismo:
O médico alerta sobre a condição do autista: