Dados apresentados pela Sesp à Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa apontam que doenças mentais afastam dois policiais por dia no Estado
De janeiro a maio deste ano, 295 policiais militares do Espírito Santo foram afastados de suas funções para tratar problemas relacionados à saúde mental. Os dados são da Secretaria de Estado da Segurança (Sesp) e foram apresentados nesta terça-feira (21), durante reunião da Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa do Estado (Ales).
A reunião do colegiado contou com a presença de representantes da Divisão de Promoção Social (DPS) da Polícia Civil. A DPS informou à Comissão que, por mês, cerca de 400 policiais buscam por atendimento psicológico.
Ainda conforme a DPS, 95% dos policiais atendidos procuraram apoio psicológico de maneira espontânea. A DPS desenvolveu um projeto que identifica e localiza os agentes de segurança que se afastaram por mais de 60 dias de seus postos, para verificar os motivos.do afastamento.
"São dois policiais por dia que pedem afastamento e as causas mais comuns são ansiedade, episódio depressivo, transtorno neurótico, entre outros. Verificamos, por exemplo, que o pronto-socorro do Hospital da Polícia Militar não tem médico psiquiatra, levando este servidor a ser atendido no Hospital Estadual de Atenção Clínica. É necessário um cuidado especial", disse o deputado.
O parlamentar também relatou o levantamento recebido pela Comissão que detalha as condições em que os policiais chegam quando vão em busca de apoio psicológico.
"Os gestores nos apresentaram que os quadros em que os nossos trabalhadores chegam ao limite de sua capacidade mental estão relacionados a: dependência química, síndrome de Burnout, ansiedade, ideação suicida, depressão, conflitos familiares e assédio moral", contou Bahiense.
Responsável pelo Comissão Permanente de Atenção à Saúde dos Profissionais de Segurança Pública, Defesa Social e Justiça do Espírito Santo (Copas-ES), Pedro Ferro pontuou o que tem sido feito para auxiliar o servidor da segurança.
"Em 2019, nós criamos uma comissão permanente. Depois, foi criada a gerência de atenção ao servidor. Iniciamos pesquisa. Identificamos muitos e muitos policiais com quadro de estresse. Oferecemos aos policiais militares e civis e bombeiros atendimento dentro da Ufes. Sobre os casos em que houve morte, fizemos autópsia psicossocial. Conversamos com familiares para verificar as causas. Proporcionamos capacitação para evitar suicídios. Daremos maior amplitude ao programa. Nós queremos atender todos os policiais, todas as forças que atendem o Espírito Santo", detalhou.
O presidente do Sindicato dos Investigadores da Polícia Civil (Sinpol-ES), Antônio Fialho Garcia Júnior, também esteve presente na reunião da Comissão.
Durante sua participação no colegiado, ele alegou que "quando a policial fica doente, a família também fica". Ele aproveitou o momento para cobrar mais investimentos do Executivo estadual no cuidado com saúde mental dos policiais.
"Pedimos para que o governo coloque recursos específicos para o setor. Precisamos de uma legislação que garanta o tratamento do policial. É um tratamento prolongado e o policial tem medo de pedir o afastamento por temor de perder a promoção", disse.