Edmar Silva Rodrigues Júnior foi preso há 13 anos e, na época, confessou os crimes. Ele seria julgado nesta terça-feira, mas sua defesa não compareceu ao júri
Quase 13 anos após ser preso, acusado de cometer pelo menos seis assassinatos e uma tentativa de homicídio, o agente penitenciário Edmar Silva Rodrigues Júnior, de 50 anos, também conhecido como Maníaco da Tesoura, em razão da forma como cometia seus crimes, ainda não foi a júri popular.
De acordo com a acusação, Edmar tinha como alvo prostitutas e usuárias de drogas. Os crimes foram cometidos na Serra e, na época de sua prisão, o réu confessou a autoria.
Na última terça-feira (17), estava marcada a realização do júri popular de um dos processos pelo qual Edmar responde, referente ao assassinato de uma mulher e à tentativa de homicídio contra outra, ambos ocorridos em 2010.
De acordo com informações da ata da sessão, que seria presidida pela juíza substituta Elaine Cristine de Carvalho Miranda, da 3ª Vara Criminal da Serra, o acusado esteve presente, mas, como não havia advogado para apresentar sua defesa, o júri precisou ser novamente adiado.
O júri desta terça estava marcado para as 9 horas. Passados 30 minutos do horário marcado, a juíza pediu para que fosse feito contato telefônico com o advogado Luciano Azevedo Silva, informado a ele que todos estavam no plenário aguardando sua chegada.
No entanto, segundo o documento, o advogado afirmou que estava passando mal e que apresentaria atestado médico.
No entanto, a magistrada recebeu do servidor que fez a ligação a informação de que o advogado aparentava não saber da data do julgamento. O responsável pela defesa do réu teria se espantado com a ligação e, em seguida, informado que estava passando mal.
"Por tais razões, esta magistrada conclui que de fato o advogado, provavelmente, não estava doente e sim, por qualquer motivo, não quis comparecer ao plenário, ocasionado transtorno a este julgamento e principalmente ao réu, que aqui estava presente aguardando o início da sessão plenária", diz um trecho da ata.
A juíza, então, decidiu suspender a sessão, devido à ausência da defesa do réu. A magistrada também remeteu os autos para a juíza titular, para que ela avalie uma possível aplicação de multa ao advogado, em razão de sua ausência na sessão.
A reportagem do jornal online Folha Vitória entrou em contato com Luciano Azevedo, que reiterou estar passando por problemas de saúde. Ele alegou que está com a glicemia muito alta e que, por isso, não possui condições físicas de comparece ao júri.
Azevedo disse ainda que o Edmar possui outros dois advogados, que poderiam ter comparecido à sessão. Ele garantiu que sabia da data da realização do julgamento, mas "ficou tranquilo" quanto à sua ausência, pela existência de outros advogados no caso.
A reportagem também tentou, mas não conseguiu fazer contato telefônico com os advogados Nelson Moreira Júnior e Sheila Cristina de Souza Oliveira Albergaria, que também fazem a defesa de Edmar. O espaço está aberto para manifestação dos advogados.
Edmar Silva Rodrigues Júnior foi preso em dezembro de 2010. Na época, de acordo com a polícia, o agente penitenciário confessou ter cometido seis assassinatos e uma tentativa de homicídio, alegando que cometia os crimes para combater o tráfico de drogas e a prostituição.
Em sua confissão, o acusado disse à Polícia Civil que, para executar as vítimas, usava faca, tesoura e camisas da Swat, boné e boina da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus). Ele contou que abordava as mulheres, se passando por policial.
Suas vítimas eram, principalmente, usuárias de drogas, conforme a polícia descobriu mais tarde, por meio de exames.
Ao ser preso, Edmar disse que matava para ajudar as mulheres a saírem do mundo das drogas. Da sua última vítima, o Maníaco da Tesoura teria guardado suas peças íntimas.
A polícia conseguiu chegar até o acusado por meio de um carro encontrado no bairro Jardim Limoeiro, na Serra. Moradores do bairro e uma das vítimas, que conseguiu sobreviver ao ataque de Edmar, ajudaram a identificar a placa do veículo.