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Médico é indiciado e vai responder na Justiça por morte de adolescente no ES

Médico Ethevaldo Rogério de Almeida foi indiciado pela Polícia Civil pelo crime de homicídio culposo por negligência médica. Adolescente tinha 12 anos e era de Boa Esperança, Norte do Espírito Santo.

Por Regional ES em 20/04/2024 às 12:41:29

Yasmin Nass, de 12 anos, morreu e o médico Ethevaldo Rogério de Almeida foi indiciado por homicídio culposo por negligência médica - Foto: Divulgação

O médico Ethevaldo Rogério de Almeida foi indiciado pela Polícia Civil pelo crime de homicídio culposo por negligência médica por conta da morte de Yasmin Nass, de 12 anos. A adolescente foi a óbito no dia 26 de abril de 2023, após dar entrada no Hospital e Maternidade Cristo Rei, de Boa Esperança, no Noroeste do Espírito Santo, com sintomas gripais.

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A família de Yasmin alegou que o médico não deu a atenção necessária no atendimento prestado, visto os sinais graves apresentados pela adolescente. Além disso, os familiares entenderam que a avaliação feita, seguida das liberações da garota, resultaram no agravamento do quadro clínico e na necessidade de uma transferência para um hospital com mais suporte.

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"Lá, ela consultou com o doutor Ethevaldo, que solicitou uma raio-x do tórax da minha filha. Depois, ele a liberou para ir para casa", disse Maria Cristina.

Yasmin Nass, de 12 anos, morreu e o médico Ethevaldo Rogério de Almeida foi indiciado por homicídio culposo por negligência médica — Foto: Divulgação

Yasmin Nass, de 12 anos, morreu e o médico Ethevaldo Rogério de Almeida foi indiciado por homicídio culposo por negligência médica — Foto: Divulgação

Ao longo daquele dia, Yasmin não teve piora. No entanto, no dia seguinte, a mãe contou à reportagem que a filha teve um desmaio. Por isso, ela levou novamente a adolescente ao mesmo hospital.

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"Ele olhou ela e disse que minha filha estava bem, que o caso dela era de neurologista, pois era 'coisa da cabeça dela'", disse Maria Cristina.

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No decorrer do dia, Yasmin teve uma piora no quadro clínico. Segundo a mãe, a filha sofreu outro desmaio no final da tarde, sendo levada às pressas para o mesmo hospital da cidade.

"Chegamos e era ele [o dr.Ethevaldo] de novo. Ele aplicou alguns remédios nela [...], a pressão dela abaixou e ela desmaiou novamente. Minha filha relatava que estava com muita dor na região do peito, e ele [o médico] disse novamente que o problema dela era neural", contou Maria Cristina.

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Enquanto a filha era examinada, a mãe conta que percebeu que Yasmin estava ficando roxa. "Nessa hora, pedi para que ela fosse encaminhada ao Roberto Silvares", acrescentou.

Hospital Estadual Roberto Silvares, em São Mateus — Foto: Divulgação

Hospital Estadual Roberto Silvares, em São Mateus — Foto: Divulgação

Por volta das 21h do dia 25 de abril, Yasmin foi levada, em emergência, ao Hospital Estadual Roberto Silvares, em São Mateus. Segundo Maria Cristina, a filha foi transportada em uma ambulância simples, sem oxigênio, dopada de remédios, e sem a assistência necessária da enfermeira que a acompanhava.

Ao chegar em São Mateus, a equipe médica do Roberto Silvares percebeu que Yasmin já estava em coma. A adolescente foi intubada e foram feitas tentativas de reanimação. Contudo, na madrugada do dia 26 de abril, Yasmin não resistiu e foi a óbito.

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No laudo de exame necroscópico da adolescente, consta que Yasmin foi diagnosticada com edema cerebral e pulmonar, além de distúrbios metabólico, ácido básico e hidroeletrolítico. A causa da morte da adolescente, porém, não foi determinada.

Caso na Justiça

Devido às atitudes adotadas pelo médico, a família de Yasmin resolveu levar o caso à Justiça. A situação foi investigada pela Delegacia de Polícia de Boa Esperança, que concluiu o inquérito policial e indiciou o dr. Ethevaldo pelo crime de homicídio culposo por negligência médica. O caso foi reportado ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES), que informou que ofereceu denúncia em face do referido médico.

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Além de levar o caso às autoridades, há quase um ano Maria Cristina mantém um perfil em uma rede social para pedir Justiça pela filha. Desde a morte de Yasmin, a família espalha cartazes pela cidade para que o caso da adolescente nunca seja esquecido.

O que dizem as autoridades

A Polícia Civil informou, em nota, que o inquérito policial, presidido pela Delegacia de Polícia de Boa Esperança, foi concluído, representando pelo indiciamento do investigado pelo crime de homicídio culposo por negligência médica e relatado ao Ministério Público (MPES).

O Ministério Público, por sua vez, comunicou, em nota, que ofereceu denúncia em face do referido médico pelo crime de homicídio culposo por negligência médica. "A denúncia tramita na Justiça e o MPES atua para obter a condenação do réu com base nas provas descritas nos autos", informou o órgão.

A reportagem também procurou o Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES), que comunicou que o Tribunal de Ética do CRM-ES só pode atuar se for provocado, assim como todo órgão judicante. "Se a denúncia foi ou for feita ao CRM-ES, ele vai apurar, abrindo sindicância e, caso se avelie que há indícios de falta ética, pode ser aberto um processo", acrescentou o órgão.


O CRM-ES informou, ainda, que as punições, quando o médico é condenado, variam de uma advertência confidencial em aviso reservado à cassação do exercício profissional.

A Secretaria de Estado da Saúde informou, em nota, que não divulga informações (prontuário) relacionadas a cidadãos ou pacientes atendidos pelas equipes da rede estadual em observância à Lei Geral de Proteção de Dados, bem como ao princípio da liberdade e da privacidade. "As informações são repassadas exclusivamente para a família", finalizou.

A Prefeitura de Boa Esperança, por meio da Secretaria de Saúde do município, comunicou que o hospital tem uma empresa responsável pela contratação dos profissionais, onde os mesmos são médicos plantonistas não fixos. A reportagem procurou o Hospital e Maternidade Cristo Rei para mais informações. Assim que houver retorno, o texto será atualizado.

Procurada pela reportagem, a defesa de Ethevaldo Rogério de Almeida, representada pelo advogado Anderson Gutemberg Costa, informou que está confiante no Poder Judiciário, onde será possível a produção de provas que atestem o correto procedimento adotado pelo profissional.

"O inquérito policial é um procedimento unilateral, inquisitivo e que, portanto, não teve mínima participação da defesa. O indiciamento pela Polícia Civil do médico não gera nenhuma surpresa, principalmente pelas circunstâncias do fato apurado", disse.

Fonte: G1

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