Artista ficou famosa pelo bordão que a Viúva Porcina (Regina Duarte) usava para chamá-la. Ilva teve uma longa carreira no teatro, cinema e televisão.
A atriz Ilva Niño, a empregada Mina da novela "Roque Santeiro", morreu no Rio de Janeiro nesta quarta-feira (12), aos 89 anos.
Ilva estava internada no Hospital Quali, em Ipanema, desde o dia 13 de maio, quando passou por uma cirurgia cardíaca.
Ilva foi casada com Luiz Mendonça e teve um filho, Luiz Carlos Niño, ambos já falecidos.
A atriz teve uma vasta carreira na televisão, com mais de 30 novelas e várias participações em séries.
A previsão é que o corpo seja cremado nesta quinta-feira, mas o local e a hora ainda não tinham sido definidos até a última atualização desta reportagem.
A atriz Ilva Niño — Foto: Reprodução/ Memória Globo
A atriz Ilva Niño nasceu na cidade de Floresta, em Pernambuco, e faria 90 anos no dia 15 de novembro. Começou nas artes cênicas quando cursava a Escola Normal e participou de um curso de teatro grego ministrado por Ariano Suassuna. Ela acabou atuando na montagem amadora que o autor fez para "Antígona", de Sófocles.
A partir daí ela se apaixonou pelo teatro e começou a carreira no Movimento de Cultura Popular durante o governo de Miguel Arraes, no início da década de 1960.
Com o golpe de 1964, ela foi morar com o marido no Rio de Janeiro Os dois já conheciam a cidade, pois haviam se apresentado em um festival de teatro na então capital do país com "O Auto da Compadecida", em 1957, peça que deu o prêmio de melhor autor a Ariano Suassuna.
Ilva também atuou nas peças "O Berço do Herói" e em "O Pagador de Promessas", de Dias Gomes.
A atriz também participou de "A Patota", de 1972; "Gabriela", de 1975; "Sem Lenço, sem Documento", de 1977. Ilva interpretou a mãe das personagens de Betty Faria e Elizangela em "Pecado Capital", de 1975. Ela também atuou em "Feijão Maravilha", de 1979.
Ilva NIño como Mina, de Roque Santeiro, de 1985 — Foto: Geraldo Modesto/Globo
O sucesso popular veio com "Roque Santeiro", de 1985, quando intrerpretou Mina, a empregada doméstica e confidente da viúva Porcina.
"Uma pontinha de nada em Roque Santeiro, e a Mina não morreu nunca, até hoje todo mundo grita pela Mina na rua. Foi um grande sucesso, merecidamente um grande sucesso. Dias fez uma parte, depois Aguinaldo Silva pegou a outra parte e continuou o grande sucesso", disse Ilva Niño ao Memória Globo sobre o sucesso da personagem.
(Confira Ilva Niño em "Partido Alto")
Na década de 1980, Ilva Niño se consolidou como uma das artistas mais conhecidas da televisão. Além de Roque Santeiro, ela atuou em "Água Viva",1980; "Partido Alto", de 1984; "O Outro", 1987; "Bebê a Bordo", de 1988, e "Sexo dos Anjos", de 1989.
Ilva Niño também participou da primeira minissérie da Globo, "Lampião e Maria Bonita", de 1982, de Aguinaldo Silva e Doc Comparato. Ela viveu Odete, a mãe de Maria Bonita.
(Confira trecho de "Bebê a Bordo" com Ilva Niño)
A atriz seguiu atuando nos anos 1990 e 2000, com "Pedra sobre Pedra", de 1992; "Tropicaliente", de 1994; e "História de Amor", de 1995. Ela também esteve em "Suave Veneno" e "Terra Nostra", ambos de 1999; "Porto dos Milagres", de 2001; "Senhora do Destino", de 2004; "Alma Gêmea", de 2005"; e "Sete Pecados", de 2007.
Em 2009, Ilva Niño esteve em "Cama de Gato". Dois anos depois, em 2011, ela mãe do cangaceiro vivido por Domingos Montagner, em "Cordel Encantado". A artista destacou que era um trabalho diferente da mãe de Maria Bonita.
A atriz está no ar na reprise da novela "Cheia de Charme", de 2012. Ela também fez a segunda versão de "Saramandaia", de 2013, e a temporada de "Malhação" de 2015.
Sobre ter interpretado muitas empregadas domésticas, Niño destacava a importância da categoria.
"Ela não entra mais em cena apenas para servir a mesa ou mexer panela na cozinha. Ela agora está inclusa na comunidade familiar da casa. Trabalha na sua casa porque você precisa dela e ela precisa do emprego, então existe uma troca, uma necessidade", afirmou Ilva Niño ao Memória Globo.
Em 2016, a atriz promoveu a reabertura do Teatro Niño de Artes Luiz Mendonça, na Lapa, na região central do Rio. Fechado por dois anos, o local reabriu as portas com a proposta de trazer para a área um espaço para a exibição de espetáculos teatrais e musicais.
O Teatro Niño de Artes Luiz Mendonça é uma homenagem ao dramaturgo e diretor Luiz Mendonça, falecido em 1995. Ilva Niño, viúva de Luiz Mendonça, criou e manteve o espaço. Desde sua fundação, em 2003, o teatro vem apresentando peças teatrais, grupos musicais e abrindo espaço para novos artistas.