Candidato a prefeito no ES recebeu 72 centavos de amigo para campanha: "Foi o que ele pôde"
A maior parte dos gastos das campanhas é financiado pelos partidos, por meio do fundo eleitoral, mas existe também a possibilidade de doação de pessoas físicas
Por Regional ES 27/09/2024 às 11:01:00 - Atualizado há
A maior parte dos gastos das campanhas eleitorais é financiado pelos próprios partidos, por meio do fundo eleitoral, mas existe também a possibilidade de doação de pessoas físicas. O Folha Vitória fez um levantamento das doações e encontrou algumas curiosas.
Entre as principais cidades da Grande Vitória (Cariacica, Serra, Vila Velha e Vitória), a menor doação foi de R$ 0,72 (72 centavos), feita por um amigo para o candidato Nicolas Trancho (Psol), que disputa o cargo de prefeito de Vila Velha.
Indagado se era um erro ou um teste, Nicolas Trancho disse que a doação foi real: "Foi o que ele pôde doar nesse momento para dizer que está com a gente na nossa campanha. Temos que entender as realidades das pessoas, não vejo por que negar qualquer valor na doação".
Ao todo, Nicolas recebeu R$ 12.080,72 em doações para a sua campanha eleitoral, conforme prestação de contas participal ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Já a maior doação de pessoa física foi feita pelo candidato a prefeito Eduardo Spadetto, o Du (Avante), que doou R$ 500 mil para a própria campanha. Ele concorre à Prefeitura de Vitória.
Outra doação curiosa de pessoa física foi feita na Serra, pelo atual prefeito Sérgio Vidigal (PDT) ao correligionário Weverson Meireles (PDT). O prefeito doou R$ 20 mil ao pupilo por meio de Pix.
Vices: doações expressivas
Uma curiosidade é que alguns candidatos receberam doações fartas dos partidos de seus vices. Por exemplo, em Vitória, a campanha à reeleição de Lorenzo Pazolini (Republicanos) recebeu uma doação de R$ 700 mil e o dinheiro veio do partido de sua vice, Cris Samorini, o Progressistas.
A doação representa uma parcela significativa dos R$ 3,1 milhões em doações recebidas por Pazolini, que incluem ainda o partido Republicanos e pessoas físicas.
Já o candidato Luiz Paulo (PSDB), também postulante ao cargo de prefeito de Vitória, recebeu R$ 234.720,00 do União Brasil, partido do vice Victor Ricciardi. O total de receita de sua campanha até agora é de R$ 1.293.301,50 (1,2 milhões).
Em Vila Velha, só o candidato João Batista Babá (PT) recebeu doação do partido do vice, Professor Rodrigo (PCdoB). Dos R$ 290 mil recebidos até agora, R$ 10 mil vieram do PCdoB.
Na Serra, Professor Roberto Carlos (PT), Weverson Meirelles (PDT) e Audifax Barcellos (PP) receberam doações dos partidos dos vices. O petista recebeu R$ 8 mil da sigla de sua vice Cida Alves, o PCdoB. O total das receitas da campanha do petista soma R$ 790 mil.
Já Audifax recebeu R$ 250 mil do PSDB de sua vice Nilza Cordeiro. As receitas de sua campanha estão em R$ 1.808.400,00. O MDB mandou R$ 100 mil para a campanha de Weverson, que até agora recebeu R$ 2.208.770,99.
Receitas e despesas
Em Vitória, a campanha que recebeu mais doações foi a do prefeito Lorenzo Pazolini. Ele recebeu R$ 3.110.000,00 e gastou R$ 2.191.935,00. O segundo colocado em termos de doações foi o candidato capitão Assumção (PL), que recebeu R$ 2.105.120,00 e já gastou R$ 1.943.663,20.
O candidato João Coser (PT) recebeu R$ 1.496.675,00 e gastou até agora R$ 2.256.167,58. Já Luiz Paulo recebeu R$ 1.293.301,50 e gastou R$ 2.189.098,00.
Camila Valadão (PSOL) recebeu R$ 631 mil e gastou R$ 491.997,19 até agora.
O candidato Du Kawasaki (Avante) recebeu R$ 600 mil. Desses, foram R$ 500 mil com recurso próprio e R$ 100 mil do partido Avante. Ele até agora gastou R$ 755.463,55.
Em Vila Velha, a campanha mais rica é a do prefeito Arnaldinho Borgo (Podemos) ele recebeu mais de R$ 2 milhões, o total ficou em R$ 2.066.220,00, enquanto a despesa ficou em R$ 530.703,00 até dia 20.
Coronel Ramalho (PL) recebeu pouco menos do que o prefeito: R$ 2.041.000,00 e gastou.R$ 2.314.816,89. Maurício Gorza (PSDB) recebeu R$ 316.160,00 e gastou R$ 79.349,79.
João Batista Babá (PT) recebeu R$ 290.160,00 e gastou R$ 120.740,85. Nicolas Trancho recebeu R$ 12.080,72 e gastou R$ 8.478,44. E na lanterna, ficou Gabriel Ruy (Mobiliza). Ele não tem acesso ao fundo eleitoral por causa da cláusula de barreira, que proíbe partidos que não alcançam determinado número de parlamentares federais a terem acesso aos recursos do fundo eleitoral.
A campanha do Gabriel Ruy é a mais barata de todas as campanhas da Grande Vitória. Até agora ele recebeu e gastou R$ 3.325,00, dinheiro do próprio bolso.
Na Serra, o candidato Antônio Bungestab (PRTB) não prestou contas ao TSE ainda. O candidato mais endinheirado do município até agora foi Weverson. Ele recebeu, até agora, R$ 2.208.770,99 e gastou R$ 2.551.818,74.
Audifax Barcelos (PP) ficou em segundo, mas bem próximo do terceiro colocado. Ele recebeu R$ 1.808.400,00 e gastou R$ 1.996.124,45. Pablo Muribeca (Republicanos) recebeu R$ 1.670.236 e gastou R$ 1.441.585,99.
Igor Elson (PL) recebeu R$ 1.158.439,95 e gastou R$ 883.506,92. Roberto Carlos (PT) recebeu R$ 790 mil e gastou R$ 335.461,21.Wylson Zon (PL) recebeu R$ 43.500 e gastou R$ 113.059,20.
Em Cariacica, o curioso é que o atual prefeito, Euclério Sampaio (MDB), recebeu menos do que a candidata Célia Tavares (PT), mas gastou mais do que ela. Célia recebeu R$ 1.260.000 e gastou R$ 628.743,58, enquanto o Euclério recebeu R$ 959.149,28 e gastou R$ 737.899,78.
Ivan Bastos (PL) gastou mais do que recebeu. Ele recebeu R$ 414.000,00 e já desembolsou R$ 616.777,16.
Todos os candidatos são obrigados a prestar contas
Essa prestação de contas analisada pela reportagem do Folha Vitória é referente ao dia 20 e os candidatos podem apresentar gastos maiores do que a receita porque ela é parcial.
Pela regra eleitoral, os postulantes podem fazer contratos, ter a previsão de gastos declarada e pagar depois, quando receberem mais recursos.
O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Espírito Santo explica que todo candidato e toda candidata tem a obrigação de prestar contas da campanha.