Com o tema "Do campo à mesa: tendências, inovações e gestão no futuro do Agro", o Encontro Agro Business aconteceu nesta quinta-feira (31), em Pedra Azul, Domingos Martins, na região Serrana do Espírito Santo, onde especialistas debateram perspectivas para o agro em 2025.
Um dos pontos abordados foi o desempenho do setor agropecuário do Estado. Um dos destaques, como já era esperado, foi a cafeicultura capixaba. O especialista econômico da Futura, Lucas Schuller, que abriu a programação, afirmou: se fosse um país, o Espírito Santo seria o segundo maior produtor de café do mundo.
Durante a exposição, o especialista apresentou análises do setor, que além do café, também teve destaques em pimenta-do-reino e da fruticultura. Segundo Schuller, os números são importantes para que empresários do campo possam tomar decisões estratégicas.
Desafios para o agro no Espírito Santo
Logo após a fala de Schuller, houve o painel de cobertura, que contou com o diretor institucional da Apex, Victor Casagrande, e Americo Buaiz Neto, vice-presidente da Rede Vitória. O painel foi mediado por Rúbia Hollunder, coordenadora de eventos da Apex.
Segundo Victor Casagrande, o Brasil é um país referência quando o assunto é agronegócio.
"Nós, às vezes, falamos muito sobre os desafios e, sim, o país ainda tem um longo caminho a percorrer. Mas, quando o assunto é agronegócio, o Brasil é um país de primeiro mundo", disse.
Americo Buaiz Neto destacou o papel da Rede Vitória na divulgação das potencialidades do agro capixaba:
"Através dessa parceria entre Apex e Rede Vitória, nós tentamos usar as nossas quase oito horas de programação regional para contar histórias do agronegócio e mostrar empresas que já têm sido um divisor de águas na economia do nosso Estado. Nós repercutimos isso através do Folha Vitória, que hoje é o maior jornal online do Espírito Santo. E também repercutimos isso em rádio. E o papel é de fato que chegue ao conhecimento do público aquilo que realmente o agro tem feito para a economia do Estado", destacou Americo Neto.
Impactos de conflitos globais na balança comercial brasileira
Após o primeiro painel, quem subiu ao púlpito foi o economista-chefe da Apex, Arilton Teixeira, que trouxe um novo panorama sobre os desafios e tendências do agronegócio brasileiro.
O especialista abordou temas como o impacto da desaceleração na China e as eleições presidenciais nos Estados Unidos. Além disso, ele comentou como conflitos geopolíticos podem afetar a balança comercial brasileira, especialmente para o setor agro.
Quem também esteve presente no evento foi o secretário de Estado da Agricultura do Espírito Santo, Enio Bergoli, que falou sobre práticas ESG, que se tornam cada vez mais uma tendência de mercado e que o Espírito Santo é a vanguarda nesse tipo de organização no Brasil.
"As práticas de ESG vieram para ficar e estão no centro da atenção. É um fenômeno global que realmente está impactando os consumidores. Quem está pronto para atender essa demanda? Eu diria que ninguém do mundo está mais pronto que o Brasil e ninguém, dentro do Brasil, está mais pronto que o Espírito Santo", afirmou.
Durante a apresentação, o secretário falou sobre o Programa de Desenvolvimento Sustentável da Cafeicultura do Espírito Santo, que conta com 27 projetos. Dentre eles, a adequação de oito mil propriedades cafeeiras no processo de sustentabilidade até o fim de 2026.
O futuro do setor cafeeiro no Espírito Santo
Dando sequências às falas do secretário, Fernando Maximiliano, da Coffee Market Intelligence e Fabricio Tristão, presidente do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), apresentaram o painel "O futuro da cafeicultura capixaba", mediado por Gabriel Murtha, assessor de investimentos da Apex.
Segundo os especialistas, o Espírito Santo se firmou como um dos maiores exportadores de café do país, principalmente de conilon.
O Estado se tornou um pilar fundamental para a cadeia cafeeira brasileira e segue batendo recordes a cada mês: em 2023, o Espírito Santo exportou quase 6 milhões de sacas, com um aumento de 94,5% em relação a 2022.
Apesar dos bons resultados, o Espírito Santo enfrenta desafios logísticos e é preciso acompanhar novas regulações internacionais que afetam o setor, como por exemplo, as exigências da União Europeia para Produtos Livre de Desmatamento.
Novas tecnologias e automação agrícola
As novas tecnologias também foram tema de discussão durante o evento, com o diretor de agronegócios da PwC, Fabio Pereira, e mediação de Janderson Matias, Analista de Distribuição B2C da Apex.
Pereira falou sobre o impacto da tecnologia e da automação agrícola na produtividade brasileira.
Durante o painel, Fabio apresentou insights do Termômetro da Inovação Aberta no Agro, estudo lançado pelo PwC Agtech Innovation, destacando as áreas-chave para o desenvolvimento de inovações no setor, e abordou temas fundamentais para o futuro do agro, como:
- A maturidade do ecossistema de inovação no agronegócio e os pontos que precisam de mais atenção.
- A contribuição das parcerias com startups e hubs, como o PwC Agtech Innovation, que conectam mais de mil startups a grandes players do setor.
- Os desafios de digitalização enfrentados pelo setor, com base no Índice de Transformação Digital Brasil, realizado pela PwC Brasil em parceria com a Fundação Dom Cabral.
Fábio encerrou o painel com uma reflexão sobre o futuro: a tecnologia e as agtechs estão revolucionando o setor agrícola, rumo a práticas mais eficientes, sustentáveis e responsáveis:
"O cenário é de otimismo para os próximos anos. Temos dois desafios para o agronegócio, as mudanças climáticas e a tecnologia. Mas enfrentar esses desafios vai gerar valor, vai trazer oportunidades para inovação e para investimentos, e teremos avanços em áreas importantes, como digitalização e bioinsumos, por exemplo".
Folha Vitória