Duas em cada dez mulheres (21%) jĂĄ foram ameaçadas de morte pelo parceiro/namorado ou ex, de acordo com pesquisa do Instituto PatrĂcia Galvão divulgada nesta segunda-feira (25), Dia Internacional pela Eliminação da ViolĂȘncia Contra a Mulher.
A pesquisa "Medo, ameaça e risco: percepções e vivĂȘncias das mulheres sobre violĂȘncia doméstica e feminicĂdio", feita em parceria com o Instituto Consulting Brasil e apoio do Ministério das Mulheres, entrevistou 1.353 mulheres com mais de 18 anos entre os dias 23 e 30 de outubro.
Dados especĂficos do EspĂrito Santo são alarmantes: 12.766 mulheres sofreram ameaças em território capixaba no ano de 2024, sendo 1979 na cidade de Serra, 1645 em Vila Velha, 1250 em Cariacica e 1071 em Vitória. HĂĄ registros em 24 cidades o estado, de acordo com os nĂșmeros oficiais da Secretaria de Segurança PĂșblica e Defesa Social (Sesp-ES). A maior parte das ameaças (6594) acontecem dentro da residĂȘncia das vĂtimas, seguido por vias pĂșblicas (1727) e ambientes virtuais (1633).
Os nĂșmeros da Sesp dão conta ainda que de janeiro até esta segunda-feira (25), 86 mulheres foram vĂtimas de homicĂdios dolosos, sendo 56,98% dos crimes foram com arma de fogo e nos meses de maio e julho foram 12 crimes em cada um deles. JĂĄ em relação às mortes tipificadas como feminicĂdio os dados apontam para 70 vĂtimas assassinadas por marido (24), companheiro (20), ex-companheiro (7), namorado (5), ex-marido (4), ex-namorado (2) e até filho (2), pai (2), conhecido, cunhado e filha (1 em cada).
VĂtimas conhecidas
E, mesmo para as mulheres que não enfrentaram o risco de serem vĂtimas de um feminicĂdio, esse tipo de violĂȘncia estĂĄ por perto: 6 em cada 10 brasileiras conhecem ao menos uma mulher que jĂĄ foi ameaçada de morte pelo atual ou ex-parceiro ou namorado.
A dependĂȘncia econômica do agressor foi apontada como o principal motivo para as mulheres que sofrem constantes agressões do marido/parceiro/namorado não conseguirem sair da relação violenta (64%), seguida pela crença de que o homem vai se arrepender e vai mudar (61%).
O medo de ser morta caso termine a relação foi apresentado como motivo por 59% das entrevistadas. Em média, o medo estĂĄ presente em 46% das razões apontadas para a manutenção das mulheres nas relações violentas – 44% mas mulheres brancas, e 49% nas mulheres negras).
CiĂșmes e sociedade machista
Cerca de 9 em cada 10 mulheres acreditam que os casos de feminicĂdio acontecem por motivo de ciĂșmes e possessividade dos parceiros/namorados que se acham donos das mulheres. A cultura machista é apontada por 44% como motivo para o feminicĂdio Ăntimo.
Medida protetiva e sensação de impunidade
Para 9 em cada 10 entrevistadas, todo feminicĂdio pode ser evitado se a mulher receber proteção do Estado e da sociedade. Mas a ampla maioria das entrevistadas considera que de nada vale a mulher ter uma medida protetiva se o agressor não respeita essa ordem e nem a polĂcia garante segurança.
Pouco mais de 2 em cada 3 mulheres acham que nada acontece com homens que cometem violĂȘncia doméstica. Apenas 20% das entrevistadas acreditam que homens que cometem violĂȘncia são presos.
8 em cada 10 mulheres acreditam que aumentar a pena para o crime de violĂȘncia doméstica contra a mulher pode contribuir para evitar mais casos de feminicĂdio. Ao mesmo tempo, 9 em cada 10 mulheres concordam que evitar o assassinato da mulher é mais importante do que punir o assassino.
A ampla maioria das entrevistadas concorda que se as mulheres ameaçadas de morte contassem com o apoio do Estado se sentiriam mais seguras para denunciar; 75% das mulheres brancas acreditam na importância do apoio do Estado (polĂcia, justiça) x 82% das mulheres pretas (considerando a quantidade de respondentes em cada grupo).
Porém, 8 em cada 10 entrevistadas concordam que a polĂcia não leva a sério uma denĂșncia de ameaça e nem o risco que a mulher corre. Da mesma forma, 8 em cada 10 entrevistadas consideram que a justiça brasileira não dĂĄ a devida importância para a violĂȘncia contra as mulheres.
Em caso de agressão e/ou ameaça, para onde ligar?
6 em cada 10 mulheres (60%) disseram de forma espontânea que, se uma mulher estĂĄ sendo agredida ou ameaçada pelo atual ou ex-parceiro e corre risco de ser morta, o nĂșmero do telefone de emergĂȘncia que deve ser acionado em primeiro lugar é o 190.
De forma espontânea, 7 em cada 10 mulheres (70%) identificam a Delegacia da Mulher como o local ou serviço no qual uma mulher que estĂĄ sendo ameaçada de violĂȘncia pelo atual / ex-parceiro pode buscar ajuda. Na pergunta estimulada, esse percentual salta para 97%.
ES Hoje