Operação Naftalina, das Polícias Federal e Rodoviária Federal, desarticulou esquema que misturava nafta ao álcool hidratado e era vendido como gasolina mais barata em postos da Grande Vitória
Uma força-tarefa da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Federal desarticulou uma quadrilha que movimentava um esquema milionário de adulteração de combustíveis. Segundo as investigações da chamada Operação Naftalina, os integrantes da milícia lucravam cerca de R$ 6 milhões.
As investigações começaram no final de 2021. As suspeitas de que algo estava errado surgiram depois da abordagem de um caminhão-tanque na região da Grande Vitória. A carga teria saído de São Paulo com destino a Minas Gerais. Para os policiais, o caminhoneiro não deveria estar trafegando por uma estrada no Espírito Santo.
A partir daí, outros caminhões-tanque passaram a ser abordados. "Em torno de 10 veículos foram abordados para que a gente certificasse que, de fato, estava ocorrendo uma fraude", acrescentou Boni.
O combustível, álcool hidratado, era desviado em caminhões-tanque que saíam do Rio de Janeiro. Ao chegar no Espírito Santo, era encaminhado para a chamada "batedeira", nome que a quadrilha dava ao local onde acontecia a adulteração.
Além de prejuízo à economia e ao veículo de quem abastecesse, a manipulação representava alto risco para a vizinhança desses depósitos e garagens pois havia possibilidade de explosão.
A operação, que aconteceu em abril deste ano, teve nove mandados de prisão preventiva, seis de prisão temporária e oito medidas cautelares de suspensões de atividade econômica.
Também foram cumpridos 27 mandados de busca e apreensão na Grande Vitória, dois em São Paulo e quatro no Rio de Janeiro, além de várias medidas de sequestro de bens dos investigados.
Quatorze pessoas foram presas. Entre elas, Wallace dos Santos Ruiz, conhecido como Padim. Em um vídeo, ele foi flagrado no local onde os caminhões são abastecidos com o combustível adulterado. Na sequência, ele segue para um posto.
Foi possível concluir que a organização criminosa desviou um montante de 1.375.352 litros de nafta solvente e cerca de 371.200 litros de álcool hidratado, perfazendo o litro da "gasolina adulterada" o montante aproximado de R$ 3,15.
Considerando os valores médios atualmente praticados no mercado, em que o litro de gasolina é comprado, em média, por R$ 7, estima-se que os criminosos chegavam a lucrar mais de 100% com o esquema investigado, o que permite projetar um lucro com a atividade ilegal de mais de R$ 6.000.000,00.
Peçanha foi preso em 2020 em Vitória. "Ele havia sido condenado pela Justiça estadual do Rio de Janeiro por furto de petróleo em dutos da Petrobras, gerando um prejuízo em torno de R$ 34 milhões à estatal", relembra o delegado da Polícia Federal, Vinícius Venturini.
A instituição continuará com as investigações mesmo com a prisão de Peçanha. "Pelas análises de documentos e equipamentos apreendidos, faremos tentativa de identificar outras pessoas que estavam participando do esquema criminoso", explica o superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo, delegado Eugênio Ricas.
"O que a gente quer com esse trabalho é retirar o patrimônio das organizações criminosas. Retirar contas bancárias, imóveis, embarcações, veículos. No nosso entender essa é a forma mais efetiva da gente fazer frente ao crime organizado", ressaltou.
Com informações do repórter André Azeredo, da Record TV.