O Estado é responsável por 75% de toda a produção nacional. As lavouras de café estão em quase todos municípios, faltando somente na capital Vitória
Começar o dia tomando um café quentinho faz parte da rotina de diversos capixabas. O café, sendo a segunda bebida mais consumida no país, tem uma importância significativa na economia do Espírito Santo. Em Marilândia, no Noroeste do Estado, funciona a principal base de Pesquisa e Transferência de Tecnologia em Café Conilon Brasil. Neste centro, é onde começa todo processo do café.
Iniciando com a escolha da muda, que precisa ser de boa procedência e qualidade até o plantio que necessita ser feito durante o período de chuvas.
Segundo os especialistas, este período do ano é considerado propício para colheita. A florada que ocorreu na primavera, entre os meses de setembro e novembro, favorece para a origem do fruto. O início da colheita do café varia de acordo com a região, mas em média, é feita sete meses após a floração.
Qualidade que o capixaba conhece bem, já que o Espírito Santo é o maior produtor de Café Conilon do Brasil, sendo responsável por 75% de toda a produção nacional.
"A cafeicultura do Espírito Santo é importante porque ela atinge os pequenos produtores, os médios e os grandes. Isso, a renda fica na família, a renda fica no município, a renda fica no Estado", disse Paulo Volpi, pesquisador do Incaper.
O cultivo é feito em sua maioria por produtores de base familiar, como o cafeicultor João Suela, que faz parte da terceira geração de cafeicultores do sítio São José.
Desde pequeno, João foi criado em propriedade de café. Atualmente, a produção dele está entre 700 e 800 sacas de Conilon por ano. Aos 63 anos, ele disse que está longe de querer sair da vida diária do campo.
"Desde que me entendo por gente, quando eu era menininho puxava café da roça com meu pai e até hoje, espero passar para minha filha também", contou o cafeicultor.
"Encontrar plantas que produzem com menor recurso, com menos quantidade de água, que consigam produzir mesmo numa época de estresse índico, de muita seca, consiga produzir com menos aplicação de defensivos, produzir plantas mais resistentes, tolerantes a várias doenças", disse Marcone Comério, chefe da Fazenda Experimental do Incaper de Marilândia.
O Incaper é uma autarquia ligada ao Governo do Estado, criado para auxiliar os produtores e com uma unidade em todos os municípios capixabas. No campo são realizados pesquisas como os cruzamentos entre as melhores plantas, com o objetivo de produzir pés de café com uma genética melhor.
As pesquisas são de longo prazo, segundo Marcone, demoraram seis colheitas para chegar o material genético na fazenda. "Dessas seis colheitas nos campos de competição, clonal, quantifica, vê a produção e as características. A gente identifica em cada experimento quais são os melhores clones", disse Marcone.
Essa prática tem auxiliado os produtores rurais no combate à erosão e facilitado a entrada de máquinas nos cafezais.
O terraceamento é bastante utilizado por vários cafeicultores que têm plantações em área de morro, sendo uma alternativa para aumentar a competitividade e reduzir os custos com a colheita manual.
Para disponibilizá-las aos cafeicultores capixabas foi necessário criar uma técnica para a multiplicação rápida das cultivares melhoradas, ou seja, das melhores plantas.
"Na época do meu pai começou com o Café Bourbon, que a gente falava aqui, que tinha que derrubar no chão, depois juntava, jogava dentro da água, lavava, peneirava e secava. Hoje não, você põe todos os clones separados um dos outros, por causa das pesquisas que a gente tem hoje", disse o cafeicultor.
João é um exemplo de como a ciência mudou a história da cafeicultura capixaba. O café é renda, amor e tradição.