A medida, segundo a Sesa, vai ao encontro do cenário atual da pandemia, de aumento de novos casos nas últimas semanas e também em virtude da sazonalidade das doenças de transmissão respiratória.
Mãe das pequenas Júlia, de 6 anos, e Nina, 4, a nutricionista Lara Storch Baumann Maia, 35, tem buscado informações para decidir se as filhas vão para a escola segunda-feira com ou sem máscara.
Ela recebeu, na quinta-feira (09), o comunicado com o reforço da recomendação. "Isso tem nos deixado com dúvida. Não sou contra o uso das máscaras e, se necessário, vamos usar. Mas também não acho que a escola seja o grande problema para a covid".
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A nutricionista questionou por que outros locais, como festas e shows, não tiveram recomendações específicas na nota técnica, assim como as escolas. "Tomamos cuidado. Quando as crianças têm sintomas, não vão para a escola. Além disso, Júlia está vacinada. Não sei o que fazer".
O presidente da Associação de Pais de Alunos do Estado (Assopaes), Janilton José da Silva, entende que o governo não deveria ter liberado as máscaras em ambientes com aglomeração, sobretudo em escolas.
"Eu acho que é preciso uma decisão em conjunto, pois tem escola que está exigindo o uso de máscaras e outras só recomendando. Os alunos, principalmente as crianças, ficam sem saber se devem ou não usar e alguns ficam com vergonha de colocar, já que os coleguinhas não estão usando. Além disso, tem pais que defendem o uso e outros, não", observa.
Para Janilton, além do inverno, que aumenta as doenças respiratórias, nessa época há festas juninas o que, no seu entendimento, justifica o uso de máscara para evitar ainda mais o avanço da doença.
Ethel Maciel, doutora em epidemiologia, defende que a máscara seja usada em todos os ambientes fechados. "A pandemia continua, o vírus está circulando e temos o problema da covid longa".
Entre as instituições que estão exigindo que alunos usem, a partir desta segunda-feira, está o Colégio Renovação, em Vitória. A maioria, no entanto, ainda recomenda, a exemplo do Colégio Salesiano Jardim Camburi.
O diretor executivo da instituição, Ilton Chaves, revelou que antes mesmo da divulgação da nota técnica da Sesa, já havia enviado circular para os pais reforçando a recomendação. "Desde então, tem aumentado o uso da máscara entre alunos e funcionários".
"As crianças podem e devem frequentar a escola", afirma a médica pediatra, Ana Escobar
Não é só a covid-19 que está preocupando os pais, mas também outras doenças respiratórias. Em entrevista à Agência Folha, a médica pediatra Ana Escobar, que é coordenadora da disciplina de Pediatria Preventiva e Social do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da USP, alertou sobre a importância do uso de máscara.
Como proteger as crianças contra a covid?
Ana Escobar: Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, crianças acima de dois anos devem usar máscara, manter o distanciamento social e lavar as mãos.
Na sua opinião, a volta do uso de máscara deveria ser obrigação ou recomendação ?
Ana Escobar:A pandemia não acabou e estamos sujeitos a novas variantes e subvariantes. Haverá momentos com mais e outros com menos casos. Quando diminuir, pode relaxar o uso de máscara. Agora tem que recomendar fortemente o uso de máscara em ambientes fechados, inclusive escolas.
Recomendar ou obrigar?
Ana Escobar:No Brasil, o correto seria usar a expressão fortemente recomendado, mas para o espírito do brasileiro significaria "não vou usar". "Obrigado" não é a melhor palavra, mas pode ser a mais eficiente.
Então, é um recomendado obrigatório?
Ana Escobar:É isso.
A imunidade vacinal das crianças é igual à do adulto?
Ana Escobar:É mais ou menos a mesma coisa. A imunidade induzida pela doença ou pela vacina tende a durar em torno de quatro meses – talvez pela doença menos ainda.
Considera seguro frequentar a escola neste momento?
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A pandemia terá momentos piores e melhores. Nos de piora teremos que ser responsáveis o suficiente para colocar máscara nas crianças acima de dois anos e mandar para a escola. A responsabilidade de cada um é gigante. Seu filho está doente? Tem algum sintoma gripal? Não mande para a escola.
OPINIÕES
"É importante que o assunto seja conversado novamente com as crianças por conta dos riscos trazidos pelo aumento dos casos. É uma forma de cuidado com elas e com a família", Marina Miranda, psicóloga clínica
"A orientação é falar a verdade com crianças sobre o aumento dos casos de covid. E a forma que a criança irá reagir depende da maneira que os pais irão comunicar", Paula Santos, psicóloga e psicanalista infantojuvenil