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Vizinhos compram casa para que idosa não seja despejada em bairro nos EUA

Aos 70 anos, Linda Taylor viu a comunidade de Powderhorn Park conseguir arrecadar US$ 275 mil para que a residência pudesse ser sua

Por Regional ES

16/06/2022 às 08:39:04 - Atualizado há
Mobilização dos vizinhos em frente à casa de Linda Taylor Reprodução / Facebook

Depois de perder o emprego ao longo da pandemia, uma idosa passou a ter dificuldades no pagamento do aluguel da casa em que mora, no bairro Powerhorn Park, em Mineápolis, EUA. Linda Taylor, de 70 anos, vive nela há 18 anos e, inicialmente, foi dona da propriedade. Após cair em um golpe, ela passou a ser de outro dono, que permitiu que a idosa continuasse por lá, só que como inquilina.

Mas nos últimos meses, ela passou por problemas financeiros e, assim, seria despejada, a não ser que comprasse o imóvel. Mas como? Os vizinhos se juntaram e conseguiram garantir que Linda continuasse no bairro, arrecadando o valor necessário para comprar residência.

O aluguel de US$ 1.400 dólares não estava mais dentro das possibilidades de Linda. Reajustado duas vezes durante a pandemia, a situação ia de encontro com sua realidade financeira. Funcionária de uma associação sem fins lucrativos, ela perdeu o emprego, ficou sem salário e a renda passou a depender de um auxílio dado pelo governo local. Assim, passou a atrasar o aluguel. Foi quando o atual proprietário, Greg Berendt, disse que a despejaria.

— Parecia que o mundo tinha sido puxado debaixo de mim. Minha casa significa tudo para mim — disse Linda Taylor ao jornal The Washington Post.

Como moradora que, além de serviços comunitários, também mantém uma biblioteca gratuita no jardim da residência, a notícia não foi bem recebida pelos vizinhos, que decidiram se juntar para conseguir garantir que Linda continuasse morando ali.

Segundo uma vizinha, a comunidade já tinha uma mobilização pré-organizada devido aos protestos contra a morte de George Floyd, homem negro morto por asfixia após um policial branco ficar de joelhos sobre seu pescoço por quase 9 minutos.

— Temos um grupo de bairro local ativo porque estamos a dois quarteirões da George Floyd Square. A infraestrutura estava lá, a linha de comunicação estava lá, as relações de vizinhança estavam lá — disse Andrew Fahlstrom, que mora na mesma rua que Linda.

Residindo no mesmo endereço desde 2004, Linda já tinha sido proprietária da casa no passado. Mas — sentindo-se enganada, inclusive — ela perdeu a casa para o antigo proprietário que a deixou morar no local, como inquilina. Em 2006, a casa passou a ser de Greg Berendt, que foi justamente quem ameaçou despejar a idosa.

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A arrecadação

Inicialmente, os moradores do bairro fizeram um apelo a Berendt para evitar o despejo: conseguiram garantir que ela continuasse morando na casa, contando com a possibilidade de compra até o dia 30 deste mês.

Para isso, o senhorio abaixou o valor da venda e a residência poderia ser arrematada por US$ 250 mil, ainda fora do alcance de Linda.

Nessa hora, os esforços se voltaram para uma angariação de fundos. Para que a quantia total fosse arrecadada, moradores organizaram campanhas nas redes sociais, festa no quarteirão e uma feiras de arte (inclusive com obras pintadas pela própria Linda) e, desta maneira, foram somando os valores.

Boa parte da quantia veio da doação de uma igreja, que bancou US$ 200 mil. O restante da comunidade foi além do necessário e conseguiu chegar aos US$ 275 mil, suficientes não só para a compra, como também para fazer reparos na residência.

— Quando isso aconteceu, minha fé ficou maior que uma montanha. Eu sabia que meus vizinhos me amavam, mas não sabia o quanto — declarou Linda. Considerada a "prefeita" do lugar pelos vizinhos, diz ainda como pretende retribuir a todo o esforço de sua comunidade:

— Estou aqui para ajudar a próxima pessoa e a próxima pessoa e a próxima pessoa.


Fonte: O Globo
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