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Doença do tatu: entenda os riscos da infecção que pode ter matado jovem no Piauí

A suspeita é de que ele tenha contraído a doença, após ter tido contato com solo contaminado quando estava caçando tatu no município rural de Simões

Por Regional ES em 24/08/2022 às 15:55:09

Foto: Richard Truman / USPHS

Conhecida como "doença do tatu", a Paracoccidioidomicose (PCM) é a principal micose sistêmica no Brasil e uma das dez principais causas de morte por doenças infecciosas e parasitárias, crônicas e recorrentes no País, de acordo com o Ministério da Saúde.

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No Piauí, o governo aguarda os resultados de exames clínicos para confirmar a morte de um jovem de 17 anos na sexta-feira (19). Suspeita-se que ele tenha contraído a doença, após ter tido contato com solo contaminado quando estava caçando tatu no município rural de Simões.

Conforme o ministério, a exposição ao fungo está relacionada com o manejo do solo contaminado, como em atividades agrícolas, terraplenagem, preparo da área, práticas de jardinagem e transporte de produtos vegetais. Quando inalado, o fungo pode causar doença pulmonar principalmente em adultos.

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De acordo com o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz (INI/Fiocruz), há evidências de que a Paracoccidioidomicose se prolifere especialmente no solo de tocas de animais e em buracos entre raízes de árvores, onde provavelmente o solo não é varrido pelo vento. As tocas de tatu, por exemplo, constituem um habitat natural para a proliferação deste fungo. Vale reforçar que os animais não adoecem e não transmitem este fungo para o ser humano. Também não é transmitida de pessoa para pessoa.

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Na forma aguda, a progressão das lesões primárias evolui rapidamente, de semanas a meses. Essa situação clínica é considerada grave, devido a elevadas taxas de letalidade em crianças e adolescentes, segundo o Ministério da Saúde.

Com prevalência de 74% a 96%, a forma crônica é responsável pela maioria dos casos , sendo os indivíduos entre 30 e 60 anos de idade e do sexo masculino os mais acometidos. Esse quadro clínico se manifesta de forma mais lenta, com duração da sintomatologia entre quatro a seis meses, inclusive acima de um ano.

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Por fim, as sequelas se manifestam clinicamente com alterações anatômicas e funcionais causadas pelas cicatrizes que se seguem ao tratamento.

Questionado, o Ministério da Saúde não informou quantos são os casos atualmente de pessoas afetadas pela doença rural no País.

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Sintomas

Forma aguda: Os sinais podem se manifestar como hipertrofia do sistema retículo endotelial (que reveste internamente os vasos sanguíneos) e acometimento generalizado de linfonodos, que geralmente se rompem. O fungo pode se disseminar para outros órgãos ou sistemas como pele, ossos e sistema gastrintestinal, além do fígado, baço e medula óssea.

Forma residual (sequelas): As sequelas podem ser observadas em vários órgãos, com maior frequência nos pulmões, pele, laringe, traqueia, glândulas adrenais, mucosa das vias aerodigestivas superiores, sistema nervoso central e sistema linfático.

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Diagnóstico

O diagnóstico é clínico e laboratorial e a confirmação é feita pelo achado do fungo em materiais clínicos (secreções e tecidos). A sorologia e a histopatologia (exames de tecidos) também podem ser feitas para ajudar na confirmação do diagnóstico, assim como a realização de hemograma, provas bioquímicas e exames de imagens.

Tratamento

O paciente deve ser tratado o quanto antes para impedir a evolução da doença e suas complicações.

Ainda não existem vacinas para a prevenção da PCM.

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Prevenção

Tanto no ambiente rural como no periurbano, recomenda-se que a população evite a exposição à poeira originada de escavação do solo, de terraplanagem e de manipulação de vegetais.

Os cuidados devem ser redobrados com crianças e indivíduos imunodeprimidos que vivem em zonas rurais.

Em 2020, o Ministério da Saúde iniciou um plano estratégico para a estruturação do sistema de vigilância e controle das micoses sistêmicas, incluída a Paracoccidioidomicose.

O objetivo é acompanhar a tendência temporal da doença e conhecer seu perfil epidemiológico.

Fonte: Folha Vitória

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