Uma ação planejada em detalhes para evitar a resposta da Polícia Militar e que possibilitasse tempo para saquear as agências bancárias. Assim foi o ataque da quadrilha do novo cangaço em Santa Leopoldina, na madrugada desta sexta-feira (30).
De acordo com o secretário estadual da Segurança Pública, coronel Márcio Celante, e com o prefeito da cidade, Romero Luiz Endringer, o plano dos criminosos envolveu o bloqueio de uma rodovia para evitar a chegada de reforços policiais e também o ataque a tiros ao Destacamento da Polícia Militar (DPM) para impedir que os agentes de segurança saíssem do local.
A ação dos criminosos aconteceu por volta de 1h30. O bando rendeu um caminhoneiro em Barra do Mangaraí, cerca de 12 quilômetros de Santa Leopoldina, que acabou virando refém dos bandidos. A quadrilha derrubou uma árvore e bloqueou a rodovia de acesso ao município.
O caminhoneiro foi colocado dentro de um carro pelos criminosos e levado até a sede de Santa Leopoldina, onde foi abandonado pelo bando, que seguiu com destino as agências bancárias.
"Foi uma ação planejada, organizada e o início da ação foi o bloqueio da rodovia, a fim de evitar a chegada ou o apoio da Polícia Militar e da Polícia Civil. Então, a partir do momento que eles bloquearam a via e cessaram a passagem de veículos, iniciaram a segunda ação deles que foi a ação nas três agências bancárias, com a explosão através do uso de dinamite de pedreiras para que pudessem arrombar o cofre e conseguissem êxito na ação deles", afirmou o secretário estadual de Segurança Pública.
Além de bloquear o acesso a cidade para que reforço policial não chegasse ao município, os criminosos também foram até o DPM, que fica perto do local onde estão as agências bancárias. Ali, mais uma parte do plano foi executada: evitar que os policiais militares reagissem ao assalto.
"Eles impediram que polícia saíssem do DPM, que tem uma porta única e ela dá acesso para o Centro da cidade. Eles metralharam os pneus de duas viaturas e ainda efetuaram disparos na porta do DPM para impedir que os policiais saíssem", explicou o prefeito de Santa Leopoldina.
Os policiais se abrigaram dentro do DPM e solicitam o apoio do Batalhão de Missões Especiais (BME), da PM.
"É um cangaço, porque a forma do crime aqui a gente acredita que foram entre 10 a 12 assaltantes. Foram vários tiros de diversos calibres de armas pesadas em vários locais do Centro, como próximo ao DPM, na entrada da cidade e na saída da cidade", afirmou Endringer.
Depois de saquear as agências, os bandidos fugiram em direção a Santa Maria de Jetibá. Em Viana, a polícia localizou dois carros queimados. O secretário de Segurança Pública informou que a perícia, da Polícia Civil, trabalha para identificar se os veículos são os mesmos usados pelo bando na ação.
Até o momento, a polícia não tem informações se os criminosos conseguiram levar dinheiro das agências.
Investigação
O secretário estadual de Segurança Pública, coronel Márcio Celante, explica que o tipo de ação criminosa do novo cangaço ocorre no sertão nordestino, no interior de Minas Gerais e no interior da Bahia. No Espírito Santo, ele destaca que há poucos registros e recorda que o último deles foi em 2018.
"A nossa investigação tem várias linhas, uma delas é buscar informações junto a Secretaria de Segurança Pública desses dois estados, Minas e Bahia, a fim de identificar e confirmar a possibilidade da participação desses criminosos vindo desses dois estados. Mas é uma investigação que está apenas iniciando".
Tribuna Capixaba