Os jornalistas cobriam a manifestação a favor de uma intervenção das Forças Armadas no poder
Uma equipe de reportagem do Grupo Jovem Pan foi hostilizada nesta terça-feira (15), por militantes bolsonaristas e teve que ser escoltada por militares para longe de um protesto de viés antidemocrático em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília. Os jornalistas cobriam a manifestação a favor de uma intervenção das Forças Armadas no poder.
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Os profissionais de imprensa estavam identificados, com crachá da Jovem Pan e acompanhavam de perto a concentração do grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que rejeita a vitória eleitoral e a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Eles pretendem impedir o petista de ser empossado.
Militantes intervencionistas reagiram quando o repórter relatava ao vivo no Jornal da Manhã, da TV Jovem Pan News, que havia um clamor por um golpe militar nas faixas e palavras de ordem do protesto. A emissora de rádio e televisão faz ampla cobertura dos protestos, com entradas dos repórteres, ao longo do dia.
No momento, a Jovem Pan exibia na tela a imagem do repórter e uma tarja sobre os atos: "Brasília recebe manifestações contra resultado do pleito. Manifestantes também criticam a censura e a suposta 'ditadura do judiciário'".
O episódio ocorreu pela manhã, em frente ao QG, perto do acampamento de militantes de direita pró-golpe. O jornalista foi cercado por bolsonaristas, que criticaram o relato do repórter, diziam que ele deveria "falar a verdade" e o filmavam. "Mentiroso", gritou um homem. "Vergonha o repórter da Jovem Pan". Sob vaias, o jornalista não reagiu.
O ataque dos bolsonaristas à imprensa repercutiu entre políticos. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) disse que ações de golpistas devem ser repudiadas e criminalizadas. "A emissora que tanto planta ódio, colhe agora as consequências de alimentar o fascismo. Mas independente disso, ações como essas dos golpistas devem ser repudiadas e criminalizadas", escreveu o parlamentar.
"Quem diria. Até a Jovem Pan foi hostilizada por bolsonaristas na porta do quartel em Brasília. O repórter saiu escoltado pelos soldados do Exército", reagiu a deputada Joice Hasselmann (PSDB-SP).