Em um aguardado discurso marcado para esta quarta-feira, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva deve dizer que segurança alimentar e segurança climática estão conectadas. Ao receber a palavra durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP27), no Egito, o petista vai afirmar que é preciso enfrentar a crise do clima de modo a combater a pobreza e a fome.
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O líder político também vai cobrar liderança, ambição e solidariedade real por parte dos países mais responsáveis pela emergência climática com relação aos mais vulneráveis e sem recursos.
De acordo com interlocutores do petista ouvidos pelo jornal "Valor", Lula pode citar sua própria experiência de vida, de ter passado fome e vivido impactado pela seca. "São elementos que o identificam com muita gente no mundo", disse uma fonte.
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Lula falará sobre os temas em discussão na COP27. Mencionará estudos da ONU divulgados recentemente mostrando que o mundo não está no caminho de garantir os compromissos do Acordo de Paris e que é preciso liberar financiamento para os mais vulneráveis.
Deve dizer que o debate de perdas e danos não pode mais ser adiado. O tópico é um dos mais importantes da COP africana, continente que emite apenas 4% das emissões globais e sofre severamente com os impactos da crise climática.
Espera-se que Lula reafirme compromissos já expressos no discurso em que celebrou sua vitória nas eleições presidenciais, como o combate às ilegalidades, o objetivo de zerar o desmatamento e a recuperação de áreas degradadas. Em sua meta climática divulgada em 2015, o Brasil indicou o objetivo de restaurar 12 milhões de hectares de florestas.
Ele também deve mencionar que abrirá espaço para a fala — e irá escutar — de povos indígenas, cientistas, empresários, jovens — sob as lentes da justiça climática e de combate ao racismo ambiental.
Lula deve repetir em Sharm el-Sheikh o que falou na Avenida Paulista, em 31 de outubro — que quer tirar o Brasil do mapa da fome. Na COP27, ele dirá que fará isso colocando o país e a economia no trilho do baixo carbono.
*A jornalista viajou à COP27 a convite do Instituto Clima e Sociedade e do Instituto Arapyaú