Caramujos africanos estão subindo pelas paredes. Essa é a realidade de áreas no bairro Bento Ferreira, em Vitória, invadidas pelos moluscos. Um terreno baldio pode ser o foco da infestação. O local contém uma árvore e as folhas no chão servem de alimento para os bichos.
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O contador Erley Valentin denunciou a situação da infestação dos caramujos. Segundo ele, o foco é em um terreno baldio ao lado de sua empresa, que também acabou sendo invadida pelos moluscos.
"A invasão dos caramujos está atrapalhando a nossa vida. Há cerca de dois meses, começou a infestação no terreno ao lado. Já ligamos para a prefeitura notificar o dono do terreno do lado, pois isso é caso de saúde pública. Pedimos ações para ter um controle efetivo para eliminação desta praga, evitando a proliferação e evitando as doenças causadas pelo caramujo", destacou.
Indignado, um psicólogo, de 75 anos, que não quis se identificar, também teve a casa invadida pelos caramujos, vindos do terreno baldio. Para eliminar os bichos, o morador adotou algumas iniciativas.
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"Já comprei cinco quilos de sal. Sal grosso. Porque quando ele ingere o sal, ele desidrata e morre. Com a chuva, acabou dissolvendo o sal, mas acabei eliminando um pouco", contou.
O "caramujo gigante africano" é um molusco da família Achatinidae que foi introduzido de forma ilegal no Brasil na década de 80 como opção ao escargot, mas não obteve sucesso, então os criadouros foram abandonados e os animais foram descartados de forma equivocada na natureza.
"Eles transmitem doenças após se infectarem com fezes de ratos, já que comem de tudo, até plástico. Entre as doenças estão a angiostrongilíase abdominal, que tem a capacidade de infectar os humanos a partir de um verme que pode ser deixado nas fezes desses caracóis; e a angiostrongilíase meningoencefálica, um tipo de meningite", alertou o mestrando em Biologia Animal pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o biólogo Daniel Motta.
Procurada, a Prefeitura de Vitória informou que vai mandar uma equipe ao local para solucionar o problema. Disse ainda que os cidadãos podem ligar para o telefone 156 para avisar sobre situações como essa. "Orienta que o cidadão não toque no caramujo e que, ao encontrar infestação, entre em contato com a prefeitura por meio do Fala Vitória, de forma on-line ou pelo telefone 156", diz a nota.
A infectologista Martina Zanotti explicou que o caramujo pode transmitir dois tipos de doenças. "O caramujo africano pode causar a meningite eosinofílica, que é causada pelo verme Angiostrongylus cantonensis; e a angiostrongilíase abdominal, que é causada pelo verme Angiostrongylus costaricensis. O contágio pode causar o comprometimento mental e a perda da visão", esclareceu.
Para evitar o contágio, a infectologista aconselha ao morador a ter cuidado ao recolher o caramujo dos terrenos.
"Devemos recolher os caramujos dos terrenos (quintais, jardins, etc) sempre com luvas descartáveis ou sacos plásticos. Para matá-los, deve-se queimá-los dentro de latas ou tonéis. Depois quebrar as conchas e enterrá-las", afirmou.
Descarte
A infectologista reforça que os moradores devem adotar cuidados no momento em que estiverem manuseando os caramujos e faz alertas para a população.
"Não devemos colocar os caramujos no lixo, pois poderão estar transferindo a infestação para outros locais. Não devemos deixar nos terrenos telhas, tijolos, sobras de construções ou excesso de plantas até porque servem de criadouros para mosquitos da dengue."