Uma servidora pública, que não quis se identificar, foi a uma agência da Caixa Econômica Federal há duas semanas em Vitória para realizar o saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), já que havia feito a solicitação, e descobriu ter sido vítima de golpistas.
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Ao tentar fazer o saque, ela observou uma falta no valor que deveria estar disponível. Segundo o marido da vítima, que também não se identificou, teriam sido feito dois saques indevidos.
Na agência, funcionários do banco disseram que iriam averiguar o caso, mas informaram que ao menos um dos saques teria sido realmente indevido. "Na agência pediram nosso contato e disseram que iriam entrar em contato, mas não deram prazo. Fizemos um boletim de ocorrência", contou.
São várias ocorrências semelhantes envolvendo o saque-aniversário. Golpistas acessam o aplicativo do FGTS da vítima e selecionam a opção pelo saque-aniversário. Mesmo que as vítimas não tenham cadastro no aplicativo, os golpistas conseguem fazer isso utilizando outro e-mail e outro número de celular e fazem saques.
O modo como os criminosos aplicam o golpe é parecido com outros que têm como objetivo o saldo do FGTS. Geralmente, o trabalhador só fica sabendo que foi vítima quando tenta acessar algum dos serviços oferecidos pela Caixa Econômica Federal e vê que o CPF já está cadastrado e vinculado a um e-mail desconhecido.
Além de sacar a quantia disponível, eles também contratam empréstimos. Com isso, além do prejuízo financeiro, a vítima também fica impossibilitada de efetuar o saque-rescisão em caso de demissão sem justa causa.
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A migração para o saque-aniversário é opcional e deve ser informada à Caixa. Ao escolher a modalidade, o trabalhador pode retirar uma parte do saldo das suas contas do FGTS.
Instituído em 2019, o saque-aniversário do FGTS permite ao trabalhador sacar parte do saldo das contas ativas e inativas, anualmente, no mês de seu aniversário.
Além disso, aqueles que optarem pelo saque-aniversário do FGTS podem contratar empréstimo com as instituições financeiras habilitadas, utilizando o valor como garantia.
Na última semana, porém, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, prometeu que suspenderá novas adesões à modalidade a partir de março e disse que as retiradas atrapalham investimentos do Fundo.
A Polícia Civil, que tem feito levantamentos e investigado os estelionatários, orienta os clientes a prestarem mais atenção a falsos anúncios e funcionários de banco, por exemplo. Essas são algumas das táticas utilizada pelos criminosos para roubar dados pessoais das vítimas e aplicar os golpes.
Titular da Delegacia de Crimes de Defraudações e Falsificações, o delegado Douglas Vieira afirma que há casos nos quais, tendo os dados das vítimas, os golpistas se passam por advogados. Entre as situações, estão falsas vagas de emprego na internet. As vítimas, precisando de trabalho, acabam informando vários dados.
Outra situação envolve falsos funcionários de bancos que ligam e pedem dados pessoais das vítimas, para fazer o cadastro na plataforma do FGTS. "É importante reforçar que as pessoas nunca depositem valores ou passem dados. E em qualquer contato que seja suspeito, a população deve registrar o boletim de ocorrência", orienta.
De acordo com o delegado, há casos no Estado, mas não há números específicos, já que as ocorrências são unicamente registradas como estelionato.
A Caixa Econômica Federal informa que, em caso de movimentação não reconhecida pelo cliente, é possível realizar pedido de contestação em uma das agências do banco, portando CPF e documento de identificação.
Se o trabalhador observar um saque de sua conta que não reconhece, segundo a Caixa, o prazo para conclusão da análise da apuração é de até 60 dias corridos, contados a partir da data de formalização do registro da solicitação.
O prazo é definido em razão da necessidade de se obter informações também do banco para onde os recursos foram encaminhados.
Caso a contestação seja procedente, os valores são restituídos e os dados cadastrais atualizados, após a devida checagem, com o cancelamento da opção pelo saque-aniversário. A instituição também esclarece que todas as informações relacionadas a suspeitas de fraudes são consideradas sigilosas e repassadas à Polícia Federal, para análise e investigação.
"O banco aperfeiçoa, continuamente, os critérios de segurança de acesso aos seus aplicativos e movimentações financeiras, acompanhando as melhores práticas de mercado e as evoluções necessárias ao observar a maneira de operar de fraudadores e golpistas."
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) destaca, em nota, que é necessário ter atenção com senhas, cartões, dados pessoais, operações bancárias, aplicativos de bancos, entre outras situações.
"O banco nunca envia e-mails ou mensagens por SMS ou WhatsApp informando que sua conta foi invadida e pede para enviar os seus dados pessoais", informa.
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