Pela primeira vez, em mais de 20 anos, uma superdroga foi apreendida no Estado e está preocupando não somente a polícia capixaba, mas também o Departamento Antidrogas dos Estados Unidos. Mais de 30 frascos de fentanil, uma droga capaz de matar com apenas dois miligramas, foram encontrados em Cariacica, na primeira quinzena de fevereiro.
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A apreensão da Polícia Civil é ainda mais preocupante, uma vez que foi feita na zona rural de Cariacica, em uma espécie de laboratório do tráfico.
De acordo com o titular do Departamento Especializado de Narcóticos (Denarc), delegado Tarcísio Otoni, no último dia 19 de janeiro, a polícia chegou a encontrar um depósito de drogas, na zona rural de Xuri, em Vila Velha. Mas, ao chegar ao local, a polícia identificou que os criminosos tiraram os entorpecentes do local minutos antes.
Já no último dia 10 de fevereiro, os policiais tiveram sucesso em realizar duas operações ao mesmo tempo.
Uma parte da operação aconteceu em uma casa alugada em Ataíde, Vila Velha, onde 10 quilos de maconha foram apreendidos. Já a outra parte ocorreu na zona rural de Cariacica, no último dia 11, onde foram apreendidos 130 quilos de maconha, 2.500 pinos de cocaína e 31 frascos de fentanil.
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"A gente precisa entender se estavam misturando fentanil na cocaína, que é extremamente perigoso, porque a cocaína é estimulante e o fentanil é depressivo. Há relatos também de morte por uso da cocaína batizada com fentanil", disse o delegado Tarcísio Otoni.
A denúncia anônima foi crucial para a apreensão da superdroga pela primeira vez no Estado. Os criminosos, segundo o delegado, agem em zonas rurais, com baixa movimentação de pessoas, e em casas alugadas por terceiros para não levantar suspeitas.
"Qualquer movimentação fora do comum pode ser denunciada pelo Disque-Denúncia 181, e o anonimato é garantido. Até o momento, ninguém foi preso, mas os autores já foram identificados", diz o delegado.
Após a apreensão de 31 frascos de fentanil no Estado, a notícia circulou pelo mundo e chegou até o Departamento Antidrogas dos Estados Unidos, que fez uma visita de cortesia, demonstrando preocupação com a circulação de uma substância letal no Espírito Santo.
Em 2022, os EUA apreenderam fentanil suficiente para matar todos os 330 milhões de habitantes. Foram cerca de 400 milhões de doses potencialmente fatais apreendidas, o dobro do total de 2021.
O DEA (Drug Enforcement Administration), órgão federal responsável pela repressão e pelo controle de narcóticos nos Estados Unidos, afirmou aos policiais capixabas que o fentanil pode estar sendo utilizado misturado com outras drogas.
Durante a visita ao Estado, o DEA também compartilhou com a polícia capixaba conhecimentos sobre a investigação da produção em massa de fentanil em fábricas clandestinas no México pelos cartéis de drogas de Sinaloa e Jalisco, que usam produtos químicos provenientes da China.
A overdose mata cada vez mais adolescentes, com 100 mil vítimas por ano nos Estados Unidos. O órgão federal classificou a substância como altamente viciante.
Cinquenta vezes mais poderosa do que a heroína, é hoje a ameaça de droga mais mortal que os EUA enfrentam.
O Departamento Especializado de Narcóticos (Denarc) está apurando a introdução da droga fentanil de forma clandestina no País. Até o momento, a investigação aponta que há laboratórios clandestinos no México, que importam matéria-prima da China e vendem para os Estados Unidos, com preço abaixo do mercado.
De acordo com o titular do Denarc, delegado Tarcísio Otoni, poucas apreensões foram feitas no Brasil. Quando realizadas, foram encontradas pequenas quantidades de fentanil nas mãos de criminosos. A maior apreensão identificada até o momento seria a realizada no Espírito Santo.
Ainda de acordo com o delegado, uma das linhas de investigação aponta o possível desvio da droga de hospitais capixabas, uma vez que é um medicamento até 100 vezes mais potente que a morfina para uso do tratamento da dor crônica ou para a anestesia.
O médico doutor em anestesiologia, Pablo Braga Gusman, explicou que dentro do ambiente hospitalar, com orientação adequada, a droga é poderosa como opioide. Mas, nas mãos de criminosos, fazendo uso inadequado, pode ter efeitos como náuseas, vômitos, constipação, sonolência, confusão mental, depressão respiratória e até a morte.
Já o hematologista Douglas Covre Stocco explicou que pequenas doses já são suficientes para causar grandes efeitos colaterais.
"Paralisia muscular, depressão respiratória e depressão das funções do sistema nervoso são alguns dos efeitos. Quando bem usado, tem o seu benefício na medicina, mas pode levar a muitas consequências, inclusive ao óbito", disse o hematologista.
O fentanil é um opioide utilizado como medicação para a dor e também pode ser usado com outros medicamentos para a anestesia.
Conhecido como superdroga, o fentanil é 50 vezes mais potente que a heroína e pode matar no primeiro consumo, com só dois miligramas.
A superdroga que circula nos EUA é fabricada em laboratórios clandestinos dos cartéis mexicanos com produtos químicos enviados da China.
Primeiro registro no País
Ao contrário dos EUA, o Brasil não tem muitos relatos do uso de fentanil nas mãos de criminosos.
A polícia já identificou outras apreensões no País, mas acredita que a maior tenha sido a do Estado, no último dia 11, sendo 31 frascos encontrados na zona rural de Cariacica.
No Estado, é a primeira vez, em mais de 20 anos, que a polícia descobre um laboratório com fentanil. A apreensão preocupou autoridades internacionais.
A polícia acredita que a droga apreendida no Estado seria destinada a hospitais.
A investigação agora quer saber se o desvio aconteceu por parte das distribuidoras da indústria farmacêutica ou até mesmo dos próprios hospitais
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