Celio Martins Morales, ex-vice-prefeito de Ibitirama, estava foragido. Vanuza Spala de Almeida, esposa de Celio, foi encontrada morta no domingo (16) na residĂȘncia do casal.
A PolĂcia Civil prendeu, manhã desta quarta-feira (19), o ex-vice-prefeito de Ibitirama Celio Martins Morales, de 59 anos, suspeito de matar com um tiro no peito a esposa Vanuza Spala de Almeida, de 41 anos. Ele estava foragido desde terça-feira (11), quando teve a prisão decretada pela Justiça do EspĂrito Santo.
Nesta terça-feira (18), a PolĂcia Civil informou que estava fazendo diligĂȘncias para prender o ex-vice-prefeito.
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O delegado Tiago Dorneles, responsĂĄvel pelo caso, disse Celio se apresentou acompanhado de seu advogado, mas se reservou ao direito de permanecer calado e em aproximadamente 10 dias o inquérito deve ser concluĂdo e remetido ao Ministério PĂșblico.
"A polĂcia sustenta o indiciamento do Celio pelo crime de feminicĂdio com a pena de 12 a 30 anos. O laudo pericial do médico legisla constatou que não houve indicativo de tiro à curta distância. Quando isso acontece existe uma orla de chamuscamento, uma queimadura, que não foi encontrada no ferimento da vĂtima e isso indica que o tiro não foi efetuado à curta distância afastando a princĂpio a tese de suicĂdio", disse o delegado.
Ao g1, Vanessa Spala de Almeida, de 39 anos, Ășnica irmã de Vanuza disse que espera que o ex-vice-prefeito continue preso.
Vanuza Spala de Almeida foi encontrada morta com um tiro no peito no banheiro da casa onde morava em Ibitirama, ES. — Foto: Arquivo pessoal
"[A lesão] não é compatĂvel com um tiro à curta distância. O tiro à curta distância deixa uma zona de queimadura pela própria arma de fogo e isso não foi encontrado no orifĂcio de entrada. Isso leva à suspeita de que o tiro não foi causado pelo suicĂdio e sim a uma distância maior sendo compatĂvel com homicĂdio", contou o delegado.
A morte Vanuza era considerada pela famĂlia uma pessoa carinhosa, sempre próxima da famĂlia. Em entrevista ao g1, sua Ășnica irmã, a dona de casa Vanessa Spala de Almeida, de 39 anos, disse que o sonho de Vanuza era ser mãe, mas o marido não compactuava do mesmo desejo.
"Desde nova ela sonhava em ser mãe. Estava fazendo tratamento, mas ele falou que não queria ter filhos com ela e que os Ășnicos filhos que ele gostava e ia gostar pra toda vida são os filhos com a ex. Ela sofria com isso. O Ășnico sonho que ela tinha era de ser mãe", contou a irmã de Vanuza.
Nilda Spala Barrada de Almeida, de 71 anos, mãe de Vanuza, disse que desde a morte da filha, ela e o marido, ex-servidor pĂșblico, Ilson Gomes de Almeida, de 75 anos, estão vivendo em meio ao sofrimento e a saudade.
"Ela era uma menina muito boa, alegre. Nossa vida agora é chorar a noite inteira e o dia todo. Tem sido muito difĂcil. A cachorrinha dela tĂĄ sofrendo aqui. Ele [o pai de Vanuza] chora muito. Estamos tomando calmante depois de tudo que aconteceu", disse a mãe de Vanuza.
"Ela tentou vĂĄrias vezes vir embora, ele vinha e buscava ela. Ligava pra cĂĄ chorando e gritando que não estava aguentando mais. JĂĄ ligou pro meu pai e pediu pra mandar o caminhão-baĂș. Meu pai corria e ela falava que não precisava mais. Contaram que quando ela queria vir embora, ele a arrastava e a levava pra dentro de casa", contou Vanessa.
"Ela não falava nada, mas a gente suspeitava porque ela chegava com umas manchas meio roxas. Chegava aqui e não falava nada, e ele sempre olhando pra ela", contou a dona de casa.
Em entrevista à TV Gazeta nesta terça-feira (11), Vanessa disse que a irmã também era amedrontada com uma arma pelo cunhado.
"Ficava sempre com arma em cima da mesa pra poder amedrontar ela. Ela limpava a casa com aquela arma no meio da mesa pra ela ter medo. Nunca contava nada. Nunca entrei na casa dela. Quero que ele passe o resto da vida na cadeira. Quero ver ele pagar. Quero justiça", disse Vanessa.
Com a partida de Vanuza, Vanessa agora tem se dividido entre a casa dos pais e a sua.
O g1 não havia obtido contato do ex-vice-prefeito e sua defesa até a publicação desta reportagem.