Saúde

Médico alerta sobre os males causados pelo cigarro eletrônico, o 'vape'

Estudos científicos mostram que o uso do dispositivo está ligado ao surgimento de doenças respiratórias, orais e gastrointestinais, entre outras, além de causar dependência

Por Regional ES

29/05/2023 às 06:45:13 - Atualizado há
O uso do cigarro eletrônico se difundiu, principalmente, entre os mais jovens Jefferson - Foto: Coppola/20.11.2019

Aspecto moderno, cores vivas e sabores artificiais para conquistar consumidores. Esta é a proposta dos "vapes", os cigarros eletrônicos. Visto inicialmente como uma alternativa menos maléfica do que o cigarro tradicional, hoje já se sabe que esses dispositivos — que ganham cada vez mais adeptos, principalmente entre os jovens — representam um grande risco para saúde.

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou relatório que mantém a proibição de venda dos dispositivos eletrônicos fumáveis (DEFs) no Brasil. Para o médico Gleison Guimarães, membro da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, a importância de se manter a proibição se baseia também no fato de que os cigarros eletrônicos não podem reverter décadas de esforços da política de controle ao tabaco em nosso país.

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Proibição na Austrália

Apesar de o vape ser utilizado em outros países como alternativa para o abandono do cigarro convencional, muitos jovens que nunca fumaram passaram a usá-lo e estabeleceram dependência química, física e emocional do produto. Alguns governos, como o da Austrália, já estão enxergando os riscos na prática. No início do mês, o país baniu a importação e venda de todos os cigarros eletrônicos, independentemente de serem rotulados como contendo nicotina ou não. A determinação também proíbe todos os vapes descartáveis de uso único e impõe restrições aos sabores, mudança para embalagens simples e redução na concentração e volume de nicotina permitidos nos dispositivos.

— Isso aconteceu principalmente porque começaram a usar o sal de nicotina no vape, que induz muito mais a dependência, ao invés da nicotina livre. Outro ponto foram os dispositivos com alta carga de nicotina, que conquistam cada vez mais usuários. Alguns chegam a ter o equivalente a 100 cigarros. E reconhecemos que quanto maior a dose, maior é a dependência. O uso de sabores adocicados e o marketing em redes sociais aumentam o apelo para adolescentes.

O médico relata o caso de um paciente adolescente que o impactou negativamente.

— Ele tem 16 anos e veio com a mãe para o nosso encontro terapêutico. Vinha fumando DEF há pouco mais de cinco meses e durante a nossa conversa apresentava um tremor de mãos, as unhas roídas e seguia levando os dedos à boca. Tinha pensamento acelerado e era extremamente ansioso. Ele chegou a usar uma média de 40mg de nicotina por dia, o que podemos comparar com a carga de 40 cigarros tradicionais. Iniciamos uma medicação oral de controle, nicotina em goma e em adesivo sobre a pele. Até a última vez que nos falamos, no mês passado, já estava sem medicação há mais de três meses — conta Guimarães, que chama atenção para o grande número de usuários dependentes de vapes. — Impressiona o vulto e a gravidade da dependência que tenho visto. Teremos sérios problemas de saúde, muitos casos de Evali (lesão pulmonar induzida pelo uso de cigarro eletrônico) e doença pulmonar bilateral.

Fonte: Extra Notícias
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