O governador Renato Casagrande (PSB) saiu em defesa, mais uma vez, do engenheiro, amigo e correligionário Luiz Cesar Maretto que, por decisão judicial, vai continuar afastado do cargo de diretor-executivo do Departamento de Edificações e de Rodovias do Estado (DER-ES).
Conforme a coluna De Olho no Poder noticiou ontem (27) em primeira mão, a 3ª Vara da Fazenda Pública Estadual e Municipal prorrogou por mais 90 dias o afastamento de Maretto, por descumprimento à primeira decisão que o proibia de ter contato com testemunhas e de se aproximar da sede e de obras tocadas pelo DER.
"Mantenho minha confiança nele", disse Casagrande à coluna ao ser questionado sobre a nova decisão judicial. O governador mantém a mesma posição do dia 2 de maio, quando, em entrevista, avaliou que Maretto não havia cometido "nenhuma irregularidade".
"Na nossa avaliação, não tem irregularidade. Vamos buscar esclarecer na Justiça que as decisões que o Maretto tomou foram decisões importantes para levar tranquilidade às comunidades que sofreram muito com as chuvas de 2020. E eu tenho certeza que a gente vai conseguir, que o Maretto vai conseguir esclarecer isso, porque da nossa parte não tem irregularidade", disse Casagrande à época.
O engenheiro foi afastado do cargo no final de abril, por suspeita de improbidade administrativa, após a Justiça atender a pedido do Ministério Público do Estado (MPES), que alegou ter encontrado irregularidades em contratos emergenciais (sem licitação) do DER.
Os contratos foram firmados no início de 2020, durante o período de calamidade pública decretado em decorrência das fortes chuvas que atingiram, principalmente, o Sul do Estado. Nessa época, Maretto era diretor-presidente do DER.
No requerimento, o MPES justificou que o afastamento de Maretto do cargo seria necessário para não prejudicar as investigações e não incorrer em supostos novos ilícitos, uma vez que no cargo de diretor-executivo, ele continuava gerindo contratos. Na decisão de abril, ele foi proibido de entrar ou se aproximar da sede e das obras tocadas pelo DER e também de manter contato com testemunhas.
Porém, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPES produziu um relatório, que foi levado à Justiça, mostrando que Maretto estaria descumprindo a decisão judicial. O Gaeco chegou a anexar uma postagem do engenheiro numa rede social visitando uma obra de pavimentação em Vila Velha tocada pelo DER, conforme noticiou a coluna.
O relatório motivou a decisão pela prorrogação do afastamento, que pegou a cúpula do Palácio Anchieta de surpresa. "Minha expectativa era de que ele pudesse retomar as tarefas no DER", disse Casagrande, ontem, à coluna.
Se o afastamento não tivesse sido prorrogado, Maretto voltaria às atividades nessa semana ou na próxima, quando findaria o prazo de afastamento (90 dias) da primeira decisão.
CONTINUA NA GESTÃO?
Questionado, ontem, se iria manter Maretto na gestão ou se iria exonerá-lo – por conta da prorrogação do afastamento –, Casagrande respondeu que o engenheiro permanece no cargo de confiança. "Ele continua sim". Pela decisão judicial, mesmo afastado, Maretto continua recebendo salário.
No final da manhã de ontem, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) foi notificada da prorrogação do afastamento e oficiou o DER para cumprir a decisão. Desde o afastamento de Maretto, quem está respondendo interinamente pela Diretoria-Executiva do DER é o diretor de Projetos e Ações, Neomar Antônio Pezzin Júnior.
Maretto é engenheiro civil e servidor de carreira do DER desde 1987. Ele é filiado ao PSB desde a década de 1980 também. Atuou no primeiro mandato de Casagrande e também no do ex-governador Paulo Hartung. Tem a assinatura em diversas entregas, como o complexo de presídios do Estado, o hospital Jayme Santos Neves – que sempre afirmou ser seu maior orgulho –, e o estádio Kleber Andrade.
Numa entrevista que deu à coluna em abril do ano passado, afirmou que tinha por essência de vida ser engenheiro: "Tenho como essência da minha vida ser engenheiro, vivo isso 24 horas por dia. Quando viajo de carro com minha família vou passando nos lugares para ver as obras. Não sei viver sem a engenharia mais."
Folha Vitória