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O abraço que salvou uma vida: o relato da bombeira sobre resgate na Terceira Ponte

Após mais de 3 horas de negociação, na quarta-feira (16), a vítima surpreendeu a todos ao pedir um abraço da soldado dos Bombeiros Priscila Rocha

Por Regional ES

19/08/2023 às 07:29:54 - Atualizado há
Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

Os bombeiros são conhecidos por atuarem nos limites dos seres humanos. Combatem incêndios, fazem resgates aquáticos, participam de operações em deslizamentos, enchentes, salvamentos em acidentes, catástrofes. O corpo é colocado à prova a cada ocorrência.

Nesta semana, no entanto, um fator humano não tão lembrado pelas pessoas em geral foi decisivo na atuação da soldado dos Bombeiros Priscila Rocha no resgate que salvou uma vida: empatia. E tudo isso resumido em um único gesto: um abraço.

O abraço foi dado na última quarta-feira (16) pela soldado Priscila em uma mulher até então desconhecida, ao final de mais de 3 horas de negociação de resgate no alto da Terceira Ponte, que ficou com trânsito interrompido durante todo esse período nos dois sentidos.

Foi um abraço de vida, um gesto surpreendente, registrado através de uma foto compartilhada pelo Corpo de Bombeiros nas redes sociais um dia após a ocorrência. A primeira frase da postagem resumia todo o trabalho que envolve muito além de preparo técnico: "O abraço que salva".

"Fiquei lá todos os momentos, auxiliando no convencimento de que ela não desistisse. Ao final da operação, ela pediu para me chamar e me pediu um abraço. Eu abracei e falei que ela não estava sozinha. Disse a ela: 'parabéns, você venceu a batalha de hoje'", descreveu emocionada a soldado, em entrevista exclusiva ao Folha Vitória.

Na operação de resgate atuaram de perto equipes do Corpo de Bombeiros e negociadores do Batalhão de Missões Especiais (BME) da Polícia Militar.

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"Desejamos, com a imagem, divulgar como foi a luta pela vida e que essa luta, mesmo que extensa, deu certo. Foram mais de três horas de ponte fechada, mas sabemos que, graças a Deus, foi uma vida salva", descreve a militar.

A soldado narra ainda que, durante as negociações, o principal objetivo da corporação é fazer com que a pessoa desista da ideia de tirar a própria vida.

"O nosso intuito é sempre entender os principais motivos pelos quais levaram a pessoa até aquela situação. É sempre muito delicado porque sabemos que, nesse momento, para a pessoa, aparentemente mais nada importa", afirma.

Veja a postagem do Corpo de Bombeiros:

Na quarta-feira, prevaleceu muito mais a empatia, além de fazer todo o possível para mostrar que a vida vale a pena, mesmo com as dificuldades.


"Eu me coloquei no lugar dela"

"Tive que ter muita empatia. Eu me coloquei no lugar da moça e quis mostrar que, a cada dia, temos uma batalha a ser enfrentada", declarou a soldado Priscila.

Durante as negociações, também realizadas pelo BME, Priscila narra que a própria vítima solicitou que ela se aproximasse e, surpreendendo a todos, pediu para dar um abraço na soldado.

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória
Priscila observa pintura "Posso te dar um abraço?" na sede de batalhão dos Bombeiros

"Somos instruídos e treinados para atuar nessas situações. No caso de quarta-feira, fui convocada para a mediação por ser a única mulher presente na equipe, por isso entenderia melhor a situação, já que se tratava de uma mulher também", ressalta.


Priscila também compartilhou a foto em suas redes sociais e, na postagem, se emocionou: "Eu tenho a feliz missão aqui na Terra de servir e ajudar o próximo através do meu trabalho. Esse é meu propósito de vida!!! Essa chama que arde no meu coração só aumenta cada vez que faço o bem a alguém".

Taxa de suicídio é zerada na Terceira Ponte

Os dados foram divulgados pela Rodosol, concessionária que administra a via, e coincidem com o período de início da instalação das grades de proteção com a construção da Ciclovia da Vida, que será inaugurada no próximo dia 27.

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória
"O protocolo continua o mesmo porque a gente negocia com a vítima no intuito dela desistir da ideia de tirar a própria vida. Esse método é utilizado no local desde o ano de 2018 e obtém muitos resultados positivos", narra a capitã Andresa.

Em quatro anos, de 2020 ao final de 2022, 28 pessoas tiraram a vida no local. Segundo os dados, foram registradas 9 ocorrências em 2020, 13 no ano de 2021 e seis no ano de 2022. Já em 2023, não foram registradas mortes no local.

Abraço virou arte na parede de batalhão dos Bombeiros


Em determinado momento, uma cabo dos Bombeiros, que participava da ocorrência, se aproximou da mulher e estendeu as mãos. Na mesma hora, ela olhou para a militar e disse: "Você pode me dar um abraço?". Imediatamente, foi abraçada e salva.

A cena de 2021 foi tão marcante que ganhou uma pintura intitulada "Posso te dar um abraço?" na sede do 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros.

A arte, que tem cinco metros de largura por três metros de altura, feita por dois bombeiros militares, pode ser vista por quem passa pela Terceira Ponte no sentido Vila Velha - Vitória.

Fonte: Folha Vitória
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