Dívidas do Grupo João Santos eram cobradas há mais de 10 anos. Acordo com a Fazenda Nacional envolve 41 empresas do grupo empresarial de Pernambuco
O Grupo João Santos, dono da Rede Tribuna e da Cimento Nassau, fechou um acordo com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para a regularização de dívidas de aproximadamente R$ 11 bilhões.
Com descontos sobre os juros, multas e encargos, a dívida ativa com a União será reduzida para cerca de R$ 4 bilhões. O acordo pode ser desfeito caso termos previstos não sejam cumpridos. (Veja os critérios abaixo).
Segundo a PGFN, parte do valor da dívida, cerca de R$ 270 milhões, são referentes a créditos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de trabalhadores, que eram cobrados judicialmente há mais de 10 anos.
No auge da operação, o Grupo chegou a ter mais de 10 mil funcionários. Com a regularização da dívida, o grupo empresarial poderá manter as operações em condições de normalidade, inclusive retomando algumas ações que estavam paralisadas, preservando empregos e a atividade econômica.
"A liquidação de todo o passivo fiscal e, principalmente, das obrigações tributárias correntes, potencializado pela retomada de suas atividades operacionais, também garantem a manutenção e geração de empregos, tão importante sob o prisma social", avaliou o procurador-regional da Fazenda Nacional na 5ª Região, Alexandre de Andrade Freire.
Ao jornal Valor Econômico, os diretores executivos do Grupo João Santos, Paulo Narcélio Amaral e Guilherme Rocha, avaliaram o acordo como positivo e destacaram a importância para a reestruturação da empresa.
A celebração do acordo, segundo os diretores, abrem novas perspectivas para o negócio.
Meses após a negociação e definições sobre o grau de recuperabilidade da dívida, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e o Grupo João Santos definiram:
— pagamento de entrada, no prazo de 60 dias, prorrogáveis por mais 45 dias, de R$ 230 milhões em dinheiro, sob pena de indeferimento (o acordo será desfeito), priorizando-se pagamento do FGTS;
— descontos sobre juros, multas e encargos, reduzindo a dívida ativa com a União, em termos aproximados, de R$ 10 bilhões para R$ 4 bilhões;
— descontos sobre juros, multas e encargos, reduzindo a dívida ativa com o FGTS de aproximadamente R$ 270 milhões para R$ 180 milhões. Neste caso, os descontos não atingem parcelas devidas aos trabalhadores, nem se admite pagamento com créditos de PF/BCN;
— renúncia pela empresa a todas as discussões administrativas e judiciais envolvendo dívidas negociadas, inclusive a relativa ao reconhecimento do Grupo Econômico, com corresponsabilização mútua de todas as 41 empresas, podendo encerrar mais de 2 mil processos judiciais;
— autorização para alienação de ativos, como imóveis, fábricas, usinas e jazidas minerais, previamente elencados e avaliados, a fim de dar cumprimento ao plano de pagamento, com autorização de venda dos bens dados em garantia à União pela plataforma COMPREI, caso não liquidada a transação no prazo de 36 meses.