As pragas podem trazer grandes prejuízos ao agricultor, podendo causar desde queda da produtividade até a perda total da plantação. Algumas pragas podem causar sérios prejuízos, se a infestação não for controlada. Para combater esse desafio, a técnica de bioinsumos – que usa vírus, substâncias de insetos e predadores naturais no combate às pragas – tem sido adotada na produção de alimentos, ao mesmo tempo em que reduz a dependência dos defensivos na agricultura convencional. O uso já é realidade no Espírito Santo, como na lavoura de café de Eduardo Bortolini, em Linhares.
Especialistas explicam que a agricultura "on farm", ou seja, que envolve a multiplicação de microrganismos, traz benefícios para os produtores no campo e para a saúde dos trabalhadores.
Conforme Altemir Poleze, sócio da Linhagro, esclarece, a multiplicação dos microrganismos ocorre nas próprias fazendas, em estruturas chamadas de biofábricas.
"Toda a tecnologia da produção "on farm" engloba tanto os equipamentos quanto os produtos, sendo essencial que os produtores sigam o processo rigorosamente, mantendo um ambiente higiênico para minimizar riscos e otimizar o processo. O uso de produtos biológicos já não se limita à aplicação de microrganismos para controlar pragas ou doenças. Os benefícios dos microrganismos são que eles influenciam positivamente na fertilidade do solo e na liberação de nutrientes retidos", explicou.
Eduardo Bortolini, o cafeicultor que adota biodefensivos em sua lavoura de café em Linhares, expandiu essa prática também para a pecuária, devido aos resultados positivos. Inicialmente, a adoção de produtos biológicos foi motivada pela necessidade de controlar os nematóides na fazenda.
"Tivemos que enfrentar sérios problemas com nematoides, e, na época, testamos alguns produtos biológicos, mas o custo elevado nos impediu de utilizá-los em grande escala. Desta forma, surgiu a ideia do "on farm", uma solução com custos mais baixos e maior aplicabilidade".
Para viabilizar essa prática, ele estabeleceu uma parceria com uma empresa credenciada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que forneceu a estrutura do biorreator.
Com a logística simplificada e economia de recursos em mente, cada vez mais produtores estão optando por multiplicar microrganismos nas próprias fazendas, uma abordagem chamada agricultura "on farm" que oferece soluções para a produção de bioinsumos.
O CEO da Agrobiológica, Rafael Netto Moreira Garcia, destaca a crescente demanda por microrganismos na luta contra pragas e doenças.
"A utilização excessiva de produtos comerciais resulta em custos elevados, o que motivou o desenvolvimento dessa tecnologia de produção nas fazendas. Essas ferramentas provaram ser eficazes, sem prejudicar os inimigos naturais e sem deixar resíduos nos alimentos, promovendo uma alimentação mais saudável. As ferramentas biológicas já estão difundidas e a estratégia do manejo inundativo é impulsionado. O "on farm" oferece a flexibilidade de aplicar uma grande quantidade de microrganismos acessíveis.
Os insumos biológicos "on farm" têm como matéria-prima coleções de microrganismos específicos, garantindo a produção das espécies desejadas e um material de alta pureza.
O processo de fabricação começa com a seleção do inóculo, que serve como matéria-prima. A multiplicação e fermentação ocorrem em tanques e devem ser rigorosamente controladas para manter condições ideais de temperatura, área e pH. O foco de todo o processo de fabricação de bioinsumos é garantir a produção de um produto de alta qualidade, aplicável às lavouras e capaz de gerar resultados satisfatórios.