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Cada clique traz uma nova história , desta vez fotografamos uma jararaca em Pedra Azul

Nesta matéria, narramos um encontro com uma Jararaca em Pedra Azul, ES, durante a sessão fotográfica para o livro

Por Regional ES em 10/01/2024 às 18:40:51

Jararaca-da-mata (Bothrops jararaca) fotografada em Pedra Azul. Foto: Leonardo Merçon /Instituto Últimos Refúgios/2021

Fotografar na natureza é sempre uma caixinha de surpresas. Cada clique traz uma nova história e é provocado por um encontro cheio de emoção. E isso foi o que aconteceu quando encontrei uma Jararaca em Pedra Azul.

Numa tarde tranquila, a última coisa que esperava encontrar era uma jararaca-da-mata, deslizando pelo caminho como se fosse dona dele.

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Após capturar a beleza da famosa atração turística, durante a produção de meu livro "Últimos Refúgios: Da Pedra Azul ao Forno Grande", lançado em 2021, a jararaca-da-mata (Bothrops jararaca) surgiu.

CRICARE

O encontro

Já no final da tarde, estávamos pegando a estrada de volta para casa. Foi então que percebi a presença da serpente no meio da estrada, com dificuldades de locomoção, pois parecia que a terra não era firme o suficiente para ela rastejar.

Isso me deu tempo suficiente para sair do carro e fazer os cliques, escolhendo o melhor ângulo para que uma das paisagens mais características do Espírito Santo também aparecesse na foto.

A cobra só queria afastar-se de mim. E em nenhum momento se mostrou agressiva, me deixando tranquilo e respeitando a distância na qual ela me permitia chegar.

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Além do aspecto visual, há uma história mais profunda por trás de cada encontro com a natureza, como a que tive com essa jararaca.

Contextualizando as fotografias de animais

Uma reflexão que fiz ao criar a imagem foi que o contexto no qual os animais são fotografados é o que diferencia uma foto da outra. Seja o cenário, uma característica do animal ou ele realizando uma ação específica, faz com que a foto torne-se interessante.

A beleza dos animais por si só já seria motivo para a captura de uma fotografia, porém, considero sempre importante contar uma história. E a situação a ser discutida sobre essa foto apresentada acima, é a percepção das pessoas em relação à jararaca, rastejando em um dos mais famosos pontos turísticos do Espírito Santo, e a vontade de que elas não estivessem por lá.

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A presença da serpente, embora assuste muitas pessoas, é um lembrete de que esses animais sempre fizeram parte dessa paisagem e que estão perdendo suas casas pelas ações humanas, fazendo com que esse tipo de encontro seja cada vez mais frequente.

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Habitat e Ecologia da Jararaca-da-Mata

Nativas do Brasil, as jararacas-da-mata preferem habitats úmidos, como os riachos que escorrem da Pedra Azul. Durante o dia, costumam se esconder sob folhagens, saindo à noite para caçar ratos e sapos.

Close de uma jararaca-da-mata fotografada também em Pedra Azul. Foto: Leonardo Merçon /Instituto Últimos Refúgios/ 2014

Encontrar esse indivíduo durante o dia foi inusitado. E encontrá-la nesse lindo cenário, ao contrário do que seria para muitas pessoas, para mim foi um presente.

A importância da conservação

Muitos desconhecem o valor ecológico desses répteis. Elas são essenciais para o controle de outras espécies (algumas consideradas "pragas" pelos seres humanos), e consequentemente, para a manutenção do equilíbrio ecológico.

As jararacas também contribuem com os seres humanos em relação à medicina. O veneno delas é fundamental para o desenvolvimento de medicamentos.

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Apesar de sua importância, enfrentam ameaças crescentes devido à perda de habitat e conflitos com humanos. Protegê-las é cuidar de um patrimônio natural e científico.

Um convite à reflexão

A motivação em postar essa foto é discutir o grande preconceito que as pessoas têm sobre as serpentes, sem se darem conta de que na realidade, nós somos uma ameaça muito maior para elas do que elas para nós.

Os acidentes ofídicos são sempre uma infelicidade, porém, eles acontecem pelo instinto delas em defenderem-se, pois consideram os seres humanos uma ameaça (e com razão).

Fotografia

Espero que essa matéria ajude a sensibilizar sobre a importância da convivência harmoniosa com a natureza. Ver o mundo através da lente da admiração e do respeito, pode ser o primeiro passo para a conservação.

A fotografia pode ser uma ferramenta poderosa para essa sensibilização das pessoas. E através da imagem que ilustra esta matéria, convido todos a despertarem o interesse em conhecerem mais sobre a jararaca-da-mata e outras maravilhas da natureza.

CURIOSIDADES SOBRE AS JARARACAS

  1. Nome e Origem: O nome "jararaca" vem do tupi "yara"raka", que significa algo como "o que se esconde". Esta denominação reflete bem o comportamento da serpente, que frequentemente se camufla entre folhas e vegetação.
  2. Habitat Preferencial: A jararaca-da-mata prefere ambientes úmidos, como margens de rios e córregos. Ela é adaptada para viver em áreas de mata fechada, mas também pode ser encontrada em áreas alteradas pela ação humana.
  3. Importância Ecológica: As jararacas desempenham um papel vital no controle de populações de roedores e outros pequenos animais, contribuindo para o equilíbrio ecológico.
  4. Características Físicas: A jararaca-da-mata pode chegar a medir até 1,6 metros de comprimento. Sua coloração marrom com manchas triangulares escuras proporciona uma excelente camuflagem no ambiente natural.
  5. Comportamento de Defesa: Quando se sente ameaçada, a jararaca-da-mata pode se achatar e vibrar a cauda, produzindo um som que lembra o chocalho de uma cascavel, embora ela não possua um chocalho verdadeiro.
  6. Reprodução: A jararaca-da-mata é ovovivípara, o que significa que os ovos se desenvolvem dentro do corpo da fêmea, e ela dá à luz a filhotes já formados.
  7. Dieta e Alimentação: Embora se alimentem principalmente de pequenos mamíferos como ratos, também podem consumir anfíbios, aves e até mesmo peixes.
  8. Camuflagem: As jararacas são mestres nesse aspecto. Sua coloração e padrões de pele permitem que ela se misture perfeitamente com o chão da floresta, tornando-se quase invisível para predadores e presas.
  9. Sensibilidade Térmica: Essa serpente possui fossetas loreais entre os olhos e as narinas, que são órgãos sensoriais capazes de detectar variações mínimas de temperatura. Isso ajuda a jararaca a identificar presas de sangue quente, mesmo no escuro.
  10. Longevidade: Estas serpentes podem viver vários anos em condições naturais, embora sua expectativa de vida possa ser reduzida devido a fatores como perda de habitat e conflitos com humanos.
  11. Contribuição para a Ciência: Estudos sobre o veneno da Bothrops jararaca continuam a contribuir significativamente para a pesquisa biomédica, com potenciais aplicações em tratamentos para várias doenças. A peçonha da jararaca inclusive, foi crucial para o desenvolvimento de medicamentos anti-hipertensivos. O Captopril, um dos primeiros medicamentos da classe dos inibidores da ECA, foi desenvolvido a partir de um componente encontrado no veneno dessa serpente.

Por Leonardo Merçon

Fotógrafo e Cinegrafista de natureza, fundador do Instituto Últimos Refúgios, apaixonado pelo meio ambiente!

Fonte: Folha Vitória

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