Nesta matéria, narramos um encontro com uma Jararaca em Pedra Azul, ES, durante a sessão fotográfica para o livro
Fotografar na natureza é sempre uma caixinha de surpresas. Cada clique traz uma nova história e é provocado por um encontro cheio de emoção. E isso foi o que aconteceu quando encontrei uma Jararaca em Pedra Azul.
Numa tarde tranquila, a última coisa que esperava encontrar era uma jararaca-da-mata, deslizando pelo caminho como se fosse dona dele.
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Após capturar a beleza da famosa atração turística, durante a produção de meu livro "Últimos Refúgios: Da Pedra Azul ao Forno Grande", lançado em 2021, a jararaca-da-mata (Bothrops jararaca) surgiu.
Já no final da tarde, estávamos pegando a estrada de volta para casa. Foi então que percebi a presença da serpente no meio da estrada, com dificuldades de locomoção, pois parecia que a terra não era firme o suficiente para ela rastejar.
Isso me deu tempo suficiente para sair do carro e fazer os cliques, escolhendo o melhor ângulo para que uma das paisagens mais características do Espírito Santo também aparecesse na foto.
A cobra só queria afastar-se de mim. E em nenhum momento se mostrou agressiva, me deixando tranquilo e respeitando a distância na qual ela me permitia chegar.
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Além do aspecto visual, há uma história mais profunda por trás de cada encontro com a natureza, como a que tive com essa jararaca.
Uma reflexão que fiz ao criar a imagem foi que o contexto no qual os animais são fotografados é o que diferencia uma foto da outra. Seja o cenário, uma característica do animal ou ele realizando uma ação específica, faz com que a foto torne-se interessante.
A beleza dos animais por si só já seria motivo para a captura de uma fotografia, porém, considero sempre importante contar uma história. E a situação a ser discutida sobre essa foto apresentada acima, é a percepção das pessoas em relação à jararaca, rastejando em um dos mais famosos pontos turísticos do Espírito Santo, e a vontade de que elas não estivessem por lá.
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A presença da serpente, embora assuste muitas pessoas, é um lembrete de que esses animais sempre fizeram parte dessa paisagem e que estão perdendo suas casas pelas ações humanas, fazendo com que esse tipo de encontro seja cada vez mais frequente.
Nativas do Brasil, as jararacas-da-mata preferem habitats úmidos, como os riachos que escorrem da Pedra Azul. Durante o dia, costumam se esconder sob folhagens, saindo à noite para caçar ratos e sapos.
Muitos desconhecem o valor ecológico desses répteis. Elas são essenciais para o controle de outras espécies (algumas consideradas "pragas" pelos seres humanos), e consequentemente, para a manutenção do equilíbrio ecológico.
As jararacas também contribuem com os seres humanos em relação à medicina. O veneno delas é fundamental para o desenvolvimento de medicamentos.
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Apesar de sua importância, enfrentam ameaças crescentes devido à perda de habitat e conflitos com humanos. Protegê-las é cuidar de um patrimônio natural e científico.
A motivação em postar essa foto é discutir o grande preconceito que as pessoas têm sobre as serpentes, sem se darem conta de que na realidade, nós somos uma ameaça muito maior para elas do que elas para nós.
Os acidentes ofídicos são sempre uma infelicidade, porém, eles acontecem pelo instinto delas em defenderem-se, pois consideram os seres humanos uma ameaça (e com razão).
Espero que essa matéria ajude a sensibilizar sobre a importância da convivência harmoniosa com a natureza. Ver o mundo através da lente da admiração e do respeito, pode ser o primeiro passo para a conservação.
A fotografia pode ser uma ferramenta poderosa para essa sensibilização das pessoas. E através da imagem que ilustra esta matéria, convido todos a despertarem o interesse em conhecerem mais sobre a jararaca-da-mata e outras maravilhas da natureza.
Por Leonardo Merçon
Fotógrafo e Cinegrafista de natureza, fundador do Instituto Últimos Refúgios, apaixonado pelo meio ambiente!