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Indígena morta na BA: crime aconteceu após 200 fazendeiros se mobilizarem no WhatsApp, diz ministério

Fazendeiros e comerciantes se juntaram para recuperar por meios próprios, sem decisão judicial, a posse da Fazenda Inhuma, no último sábado, ocupada pelo povo Pataxó Hã Hã Hãe

Por Regional ES

22/01/2024 às 11:58:10 - Atualizado há
Ataque de fazendeiros contra indígenas do povo Pataxó Hã Hã Hãe deixou uma vítima fatal - Foto: Reprodução

O Ministério dos Povos Indígenas informou que cerca de 200 fazendeiros da região de Potiraguá, no sul da Bahia, se mobilizaram por mensagens no WhatsApp para invadir a Terra Indígena Caramuru-Catarina Paraguassu, ocupada pelo povo Pataxó Hã Hã Hãe. Os ruralistas e comerciantes locais se juntaram para recuperar por meios próprios, sem decisão judicial, a posse da Fazenda Inhuma, no último sábado. A invasão armada deixou o cacique Nailton Muniz ferido e matou sua irmã Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó.

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Em nota divulgada nas redes sociais, os Pataxó afirmaram que fazendeiros do grupo autointitulado "Invasão Zero", com ajuda da polícia, cercaram a área com dezenas de caminhonetes e realizaram os disparos. O ataque aconteceu em resposta uma ação dos indígenas que reivindicam a área cuja posse, segundo os Pataxó, já foi garantida pela Justiça, mas ainda não teve iniciado o procedimento demarcatório pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

O GLOBO obteve acesso a um dos posts encaminhados via WhatsApp pelo grupo de fazendeiros. Nele, o Movimento Invasão Zero convocou a reintegração para a manhã de domingo, na ponte do Rio Pardo. "Na Bahia, invasão de propriedade não se cria", escreveram os ruralistas.

Post que circulava no WhatsApp dos fazendeiros que invadiram a Terra Indígena Caramuru-Catarina Paraguassu — Foto: Reprodução
Post que circulava no WhatsApp dos fazendeiros que invadiram a Terra Indígena Caramuru-Catarina Paraguassu — Foto: Reprodução

Segundo a ministra Sonia Guajajara, entre os feridos também estão uma mulher que teve o braço quebrado e outros indígenas que foram hospitalizados, mas não correm risco de morte.

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— É inaceitável o ataque contra o povo Pataxó Hã Hã Hãe que aconteceu neste domingo, na Terra Indígena Caramuru-Catarina Paraguassu, no sul da Bahia (...) A área é reivindicada pelos Pataxó Hã Hã Hãe como de ocupação tradicional, e foi ocupada pelos indígenas no último sábado. Os fazendeiros armados cercaram a área com dezenas de caminhonetes e atacaram os indígenas — escreveu a ministra no "X", antigo Twitter.

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Dois fazendeiros presos

Dois ruralistas foram detidos, incluindo o autor dos disparos que vitimaram Nega Pataxó, além de um indígena que portava uma arma artesanal. Segundo a Polícia Militar, um fazendeiro foi ferido com uma flechada no braço, mas está estável. O cacique Nailton Muniz foi atingido no rim e passou por cirurgia no Hospital Cristo Redentor, em Itapetinga. Seu estado de saúde não foi divulgado.

Uma comitiva do MPI, liderada pela ministra Sonia Guajajara, embarca para a região nesta segunda-feira (22). Em nota, o ministério informou que "através do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas, acompanha o caso desde que recebeu as primeiras informações e está fazendo interlocuções com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, incluindo diretamente a Polícia Federal, com o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e a Secretaria de Segurança da Bahia".

Fonte: O Globo
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