Segundo informações de amigos, após ser diagnosticada com a doença, Jeanne optou por ficar em sua casa com familiares, devido ao estágio avançado da enfermidade.
Jeanne marcou a história do jornalismo capixaba, atuando em diversos veículos de comunicação do Espírito Santo, inclusive, na TV Vitória, ondeocupou o cargo de editora chefe e de apresentadora da emissora entre o final da década de 1980 ao início dos anos 2000. Fernando Machado, que atuou como diretor-geral da Rede Vitória de Comunicação, disse que a morte de Jeanne é uma grande perda para o jornalismo.
"Ela foi uma jornalista muito competente e talentosa. Uma das pessoas mais eruditas que conheci e que tinha a capacidade de traduzir isso para linguagem comum. Ela lia dois ou três livros por dia e emprestava, com a linguagem popular, o seu conhecimento. É uma grande perda para o jornalismo e para os amigos", lamentou.Machado destacou que o contato entre dois era constante. "Sempre que eu via algo mais rebuscado, com mais profundidade, eu sempre compartilhava com ela e tinha umfeedback mais positivo. Última vez que tive contato com ela foi em dezembro do ano passado", contou.
O velório de Jeanne Bilich está previsto para ocorrer das 14 às 16 horas deste domingo, no Cemitério Parque da Paz, na Ponta da Fruta, em Vila Velha. O sepultamento será em seguida.
Em 2014, por ocasião do aniversário de 30 anos da TV Vitória, Jeanne Bilich escreveu um artigo para o Folha Vitória, em que fez um resgate histórico a partir de sua experiência profissional e ressalta importantes conquistas da TV Vitória.
Com uma escrita sempre culta, mas mantendo a linguagem popular, Jeanne contou a história que vivenciou durante os anos de atuação na emissora.
"Atesto-o eu - e se preciso for até em juízo - a plena e absoluta veracidade de haver experimentado, por muitos e muitos anos, certo e peculiar modo de "existir" em comum, tempo amalgamado pelo estreito e diário convívio profissional"
Jeanne destacou que, mesmo após anos longe da tela da TV Vitória, ela ainda era abordada nas ruas, no trânsito, nos estabelecimentos comerciais por telespectadores que questionavam se ela não voltaria a aparecer na TV.
"E como me sinto?... Bem, confesso-lhe, sagaz leitor, embasada na franqueza & sinceridade que bem me caracterizam - seja na tela, seja na vida privada - que me sinto recorrentemente surpresa, feliz e lisonjeada, pois, o questionamento do público cimenta em mim a convicção que a revista jornalística Espaço Local - que estreou naquele distante junho de 1989, tendo permanecido por 10 anos consecutivos no ar, apresentado, diariamente ao meio dia, por mim - marcou, sim, o imaginário dos telespectadores, cristalizando-se na memória dos capixabas. E convencida estou que prêmio maior e mais valioso não poderia ser almejado, tanto da parte da TV Vitória, quanto da parte desta jornalista, uma eterna apaixonada pela Comunicação. Reafirmo: trajetórias entrelaçadas! Casamento profissional sólido e duradouro, pois não?... União embasada na ética, confiança, liberdade de expressão e, sobretudo, no respeito e amor correspondidos entre, digamos, os "cônjuges": TV Vitória & Jeanne Bilich",escreveu.
Ela também relembrou o trabalho realizado a frente de um dos programas que apresentou.
Pela "sala de visita" do Espaço Local passaram candidatos à presidência da República, ao governo estadual, ministros da área federal, secretários de Estado, senadores, deputados, magistrados, lideranças empresariais, sindicalistas, intelectuais de renome nacional - lembro-me da viva emoção ao entrevistar o Mestre dos Mestres, Darcy Ribeiro - bem como uma constelação de artistas que brilharam no cenário cultural do país - Walmor Chagas, Tônia Carrero, Arthur Moreira Lima, este último ainda a brilhar -, enfim, um colossal mosaico ou vitral luminoso composto por uma plêiade de políticos, atores, escritores e formadores de opinião da mídia local e nacional. Asseguro-lhe, sagaz leitor, embasada em sólida certeza que ficaram, sim, após tantos anos idos, os "perfumes" emanados dessa época, ou seja, da década 90 do século findo. Inaudito, do ponto de vista pessoal, realço uma vez mais, é a lembrança do Espaço Local ainda pulsar tão vívida na teia da memória do capixaba.
Com ampla experiência como apresentadora. Jeanne foi convidada a assumir um novo desafio: se tornar chefe de redação da TV Vitória.
"Já no correr do ano de 2001 - após ter estreado, tempos antes, como âncora do Jornal da TV Vitória, em parceria com o brilhante jornalista Boris Casoy, então, no comando do Jornal da Record, em São Paulo -, o diretor e amigo Fernando Machado, a quem carinhosamente (ainda) chamo de "eterno chefe", convidou-me e num assomo de coragem aceitei assumir a função de Chefe de Redação da TV Vitória. Experiência árdua que, confesso, requereu de mim novíssimo aprendizado no manejo da área administrativa da Redação, desafio para esta comunicadora que sou e sempre fui, desde a minha estreia na imprensa, em 1974. Do "eterno chefe" aprendi preciosas e inesquecíveis lições. Quais? Teorias e exercício prático da arte de bem administrar uma equipe de jornalistas",relembrou Jeanne.
Para ela, o trabalho realizado na TV Vitória por vários anos e em diversas funções foi um "casamento profissional".
"Exercendo funções jornalísticas diversas, que se distribuíram por períodos diferentes, mas todos, sem exceção, vividos prazerosamente por mim, anos e anos acabaram por somar mais de década que, pouco a pouco, foi se escoando na Ampulheta do Tempo Vivido Em Comum, consolidando o casamento profissional: TV Vitória & Jeanne Bilich"."Do passado e do presente. Para mim, foi um real privilégio haver participado da construção desta emissora de televisão, ainda que, lúcida e conscientemente, sabendo ter sido apenas mero ou nano fragmento de uma das páginas - ou seria nota de rodapé?... - do livro-memória da História da TV Vitória, hoje integrante da Rede Vitória de Comunicação. Um marco também na História do Espírito Santo!"Jeanne Bilich, maio de 2014
Fonte: (G1)