Esse foi o primeiro anúncio de paralisação entre caminhoneiros do Brasil depois que a Petrobras anunciou um novo reajuste de 8,87% no preço do diesel nas refinarias
Caminhoneiros autônomos do Espírito Santo devem iniciar uma paralisação a partir das 0h01 desta quarta-feira (11), em protesto contra contra o reajuste do preço do diesel, anunciado pela Petrobras na segunda-feira (9).
Em comunicado divulgado neste terça-feira (10), o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Espírito Santo (Sindicam-ES) anunciou o início da greve e afirmou que "a situação dos autônomos ficou insustentável" com o reajuste no valor do combustível.
"O Sindicam/ES, ACA e a Coopercolog, juntamente com os representantes dos caçambeiros, apoiam esse movimento. Entendemos que a situação dos autônomos ficou insustentável depois de tantos reajustes, seja no preço do diesel ou dos insumos que compõem o dia a dia do caminhoneiro", diz um trecho do comunicado, assinado pelo presidente do Sindicam-ES, Álvaro Ferreira.
De acordo com a empresa, o preço do litro do combustível no atacado passa de R$ 4,51 para R$ 4,91, um aumento de R$ 0,40, a partir desta terça-feira (10). O preço final nas bombas, no entanto, ainda é incerto.
O anúncio aconteceu quase dois meses após a estatal alterar o preço do diesel pela última vez. Esse também foi o primeiro aumento da gestão de José Mauro Coelho à frente da Petrobras — ele assumiu a empresa no último dia 14.
Com o reajuste, o combustível acumula alta de 52,53% em 12 meses, conforme o IPCA-15. Já os preços de gasolina e do GLP permanecem inalterados, segundo a estatal.
O secretário estadual da Fazenda do Espírito Santo, Marcelo Altoé, já confirmou presença no encontro. A expectativa é que o ministro da Economia, Paulo Guedes, que acumula o cargo de presidente do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), também participe da reunião.
Uma lei aprovada pelo Congresso Nacional obrigou a definição de um valor único do ICMS em todo país, mas os Estados conseguiram contornar a norma, definindo um valor único elevado e dando autonomia para cada unidade da federação definir descontos.
A Petrobras justificou o aumento do preço do diesel, ressaltando que o último reajuste ocorreu há dois meses, em 11 de março, quando "refletia apenas parte da elevação observada nos preços de mercado".
As refinarias da petroleira operavam com utilização de 93% da capacidade instalada no início de maio, "considerando as condições adequadas de segurança e de rentabilidade", ou seja, perto do nível máximo, mas ainda aquém da demanda doméstica.
"Dessa forma, cerca de 30% do consumo brasileiro de diesel é atendido por outros refinadores ou importadores. Isso significa que o equilíbrio de preços com o mercado é condição necessária para o adequado suprimento de toda a demanda, de forma natural, por muitos fornecedores que asseguram o abastecimento adequado", argumentou a Petrobras.
A empresa citou como exemplo variações apenas circunstanciais nos preços do petróleo e na taxa de câmbio. O comunicado lembra ainda que a política de reajustes "está em conformidade com os parâmetros legais e o ambiente de livre competição que vigora no Brasil há mais de vinte anos, de acordo com a Lei 9478/97 Lei do Petróleo".