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Ucrânia denuncia na ONU 'lista interminável' de atrocidades cometidas pela Rússia

Por Regional ES

12/05/2022 às 10:38:12 - Atualizado há

Entre os casos estão situações de sequestro, estupro e execuções desde o início do conflito, em 24 de fevereiro. Reunião de Direitos Humanos da ONU em Genebra, Suíça, no dia 12 de maio de 2022

Denis Balibouse/REUTERS

A Ucrânia e seus aliados denunciaram nesta quinta-feira (12) uma "lista interminável" de atrocidades cometidas pela Rússia desde a sua invasão em 24 de fevereiro, em uma sessão extraordinária do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, que foi boicotada por Moscou.

Na reunião convocada a pedido da Ucrânia, os 47 países-membros do Conselho devem se pronunciar sobre um projeto de resolução que pede uma "investigação" pela comissão internacional da ONU sobre as graves violações de direitos humanos atribuídas às tropas durante a ocupação russa.

De acordo com o texto, os abusos foram cometidos nas áreas próximas a Kiev, em Chernihiv, Kharkiv e em Sumy entre o final de fevereiro e março de 2022 e a resolução busca "pedir que os responsáveis sejam responsabilizados".

"Milhares de pessoas do meu país perderam a vida. Os bombardeios e tiros russos fazem parte de nossa vida diária", declarou a primeira vice-ministra das Relações Exteriores da Ucrânia, Emine Dzhaparova, na abertura da sessão, em um discurso por videoconferência.

A expressão de Natalia Rudneva, ferida após bombardeio noturno em Kramatorsk, leste da Ucrânia

Andriy Andriyenko/AP

A representante denunciou atos de tortura, desaparecimentos forçados, violência sexual e de gênero.

"A lista de crimes russos é interminável", denunciou antes de mostrar um desenho feito por uma criança que foi estuprada na frente de sua mãe.

Durante as discussões, muitos diplomatas aliados de Kiev, mas também funcionários da ONU, expressaram sua indignação com o sofrimento dos ucranianos.

"A agressão russa envolve a descoberta de fatos cada vez mais macabros a cada dia", disse o embaixador francês, Jérôme Bonnafont. Seu colega britânico denunciou a "campanha brutal" de Moscou.

Alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, durante reunião da organização

Denis Balibouse/REUTERS

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet indicou que seu gabinete continua verificando as acusações.

"A extensão das execuções ilegais, incluindo os indícios de execuções sumárias nas áreas do norte de Kiev é chocante", declarou, especificando que até agora tem informações sobre 300 casos.

"Horrores inimagináveis" em Mariupol

Bachelet também denunciou que os habitantes de Mariupol sofreram "horrores inimagináveis".

Manifestantes do lado de fora do evento organizado pela ONU, em Genebra (Suíça) protestando pela segurança dos civis em Azovstal, siderúrgica de Mariupol

Denis Balibouse/REUTERS

O projeto de resolução pede um relatório sobre a situação humanitária e dos direitos humanos em Mariupol na 50ª sessão do Conselho, entre 13 de junho e 8 de julho.

Esta é a primeira reunião dedicada à questão desde que a Assembleia Geral da ONU suspendeu a Rússia no início de abril de seu órgão de direitos humanos.

Moscou antecipou a suspensão ao renunciar ao seu status de membro do Conselho de Direitos Humanos, mas, como Estado, mantém o direito de participar como país observador.

Nesta quinta-feira, a Rússia teve o direito de pedir a palavra para responder, mas decidiu deixar a cadeira de seu país vazia.

Cadeira russa vazia durante reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU

Denis Balibouse/REUTERS

Para não deixar o campo totalmente livre para seus adversários, o embaixador russo na ONU, Gennady Gatilov, publicou um comunicado no qual denunciou "a demonização da Rússia pelo 'ocidente coletivo'", e falou de uma investigação que não é independente, com derivas do Conselho que transformaram o fórum numa arena "para desferir golpes políticos".

Em 4 de março, Kiev conseguiu que o Conselho adotasse de forma esmagadora uma resolução para criar urgentemente uma comissão de investigação internacional independente.

A pessoa designada para liderar a investigação, o ex-juiz norueguês Erik Mose, que foi magistrado do Tribunal Europeu de Direitos Humanos e presidiu o Tribunal Penal Internacional para Ruanda, indicou que a comissão iniciou seus trabalhos, mas que ainda não tem um orçamento.

Fonte: G1
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